Os brasileiros, no geral, não conhecem a fome. Fome que em épocas de guerra devastou populações na Europa e na Ásia e assombrou inumeráveis famílias nos Estados Unidos, principalmente durante o período da depressão americana, agravado pela quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, em 1929.
Pavor que nunca experimentamos, mas que constantemente assola vastas populações no continente africano, em países como o Haiti e ainda contingentes de sul-americanos. Espectro esse que a humanidade necessita, de forma ética, democrática e cooperativa, prevenir e remediar.
Prevenir e remediar a fome significa produzir alimentos para uma população mundial crescente e em um quadro de demanda per capta também crescente, principalmente em proteína animal (carnes, lácteos e ovos), sem se esquecer da demanda por fibras e bicombustíveis. Esse é um dos grandes desafios do século XXI, cenário onde o Brasil se apresenta como um dos mais relevantes atores.
Para tanto, governo e sociedade devem atuar de forma cooperativa para colocar em prática políticas que permitam que a agropecuária aplique os estoques tecnológicos já existentes, ao mesmo tempo que possibilite a rápida ampliação dos conhecimentos científicos que sustentem as novas demandas sociais e preservem a qualidade ambiental.
A agropecuária, como qualquer atividade humana, não pode ser concebida dissociada do meio ambiente. A agropecuária, que alimenta o planeta, sustenta também diversos serviços ambientais por meio dos conhecidos agroecossistemas. É importante ressaltar que no Brasil, tem-se ainda cerca de 60% de nossos biomas preservados.
É importante ressaltar que cabe a agropecuária, produzir mais e mais alimentos. Alimentos para nós brasileiros e alimentos para um mundo faminto. De acordo com a ONU, seremos, até o ano 2050, cerca de 9 bilhões de pessoas vivendo neste planeta. Produzir alimentos de qualidade e com sustentabilidade, como exige o mercado.
Temos no Brasil grandes extensões de terras agricultáveis, temos água e chuva em abundância, temos luz, tecnologias e empreendedores agrícolas nas pequenas, médias ou grandes propriedades, sem distinção, prontos para enfrentarem mais esse desafio.
Em face dessa realidade, e com vistas a dar mais um passo em direção à sustentabilidade no processo de produção agropecuária, o governo federal aperfeiçoou no Plano Agrícola 2013/2014, instrumentos para viabilizar a expansão da chamada Agricultura de Baixa Emissão de Carbono.
Tal política vem ao encontro das demandas da sociedade quando, em sua essência, busca aliar a produção de alimentos à sustentabilidade de uso dos recursos naturais. Instrumentos que viabilizam, de forma econômica, a recuperação de áreas de pastagens degradadas, a expansão e melhoria do Sistema Plantio Direto, a integração de atividades como a pecuária, a agricultura e as florestas, em uma mesma área, ampliar áreas irrigadas e outras tecnologias que protegem os nossos solos, as nossas águas e ao mesmo tempo, produz riqueza e garante segurança alimentar.
Entretanto, para que esta semente gere frutos duradouros, precisa de melhoramentos contínuo ao longo dos anos e, mais importante ainda, o apoio direto e indireto de toda a sociedade na construção de um futuro saudável e de paz, e não dessa visão dicotomizada dos que procuram inculcar na população, um antagonismo entre produção agropecuária e preservação ambiental.
A agricultura é capaz de cumprir ambas as funções. Para tanto, é necessário contar com regras claras e compatíveis com a realidade do campo e de cada propriedade em particular. Regras definidas em bases agronômicas, científicas. Não regras ditadas por burocratas iluminados de Brasília ou de ambientalistas que desconhecem o labor do campo, a arte e a ciência envolvidas na produção agropecuária e o valor do pão nosso de cada dia.
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