Juventude foi uma das marcas da onda de manifestações que tomou conta do país e, até o momento em que escrevo esta coluna, já havia deixado sua voz em perto de 200 cidades do Brasil, em várias delas repetidas vezes. Gente jovem da classe média principalmente – e aí se fez presente a hegemônica da classe C e, também, estratos das classes B e A.
Jovens que daqui a 10 ou 15 anos vão estar no comando das operações, ditando modas, rumos e tendências. Gente que fez um pouco de história agora, provou o gosto da cobrança cidadã e, provavelmente, não vai abrir mão desse sentimento livre. Em outras épocas, é bom lembrar, foi assim também e cada geração brasileira recente já teve a sua prova das ruas – com o movimento estudantil de 68, as “Diretas Já” e os “Caras Pintadas”.
Óbvio que não vão continuar a fazer passeata o resto da vida, até porque as conquistas de fato ou de conscientização vão acontecendo. Mas essa voz das ruas é a mesma que colocou o agricultor como uma das atividades mais essenciais para suas vidas, na recente pesquisa de opinião realizada pela Associação Brasileira de Agronegócio (ABAG), nas 12 maiores capitais brasileiras.
Na pesquisa os agricultores receberam 83% de reconhecimento da população (todas as classes, todas as idades) – em empate técnico com policiais (83%) e atrás somente de Bombeiros 97%, médicos (97%) e professores (95%). Ou seja, nas cidades o agricultor é visto como vital e a juventude urbana reconhece e valoriza isso também.
Mas pode ter pode ser certeza de que essa mesma voz das ruas não hesitará em cobrar do seu herói agricultor posições, atitudes e compromissos com relação a sustentabilidade, segurança alimentar e responsabilidade social, quando assim achar necessário. Esse é o século XXI.
A voz das ruas já é uma amostra do mercado futuro. Um ambiente social em que a vigilância vai ser muito maior sobre alimentos seguros, sua qualidade, preço, desmatamento, conservação de recursos etc. Ainda mais agora quando a tecnologia da informação e dos sensores deu saltos e permite rastrear ou virar do avesso um produto, nos mínimos detalhes.
Preparem-se, o nosso mercado vai vigiar cada vez mais, vai gritar cada vez mais. Aliás, se eu fosse uma organização do agronegócio – do antes, dentro ou depois da porteira – começava urgente a planejar uma pesquisa entre jovens, para ver como anda minha imagem de marca e conceito institucional. E isso junto à faixa jovem de produtores, herdeiros, técnicos, professores e consumidores.
A juventude que ganhou voz em 2013 estará formando opinião em 2023 e seus valores terão que fazer parte, então, da carta de navegação e planos de marketing das empresas e instituições. Como reza o bom e velho marketing, que coloca o cliente como centro das atenções. Só que hoje esse cliente teima em mudar, teima em evoluir, teima em querer mais.
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