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Marley Marico Utumi e Valácia Lemes da Silva-Lobo
21/03/2014
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Nas safras agrícolas de 2011/12 e 2012/13 os sintomas do falso-carvão despertou a atenção de alguns produtores de arroz no Sul de Rondônia, que ficaram preocupados porque os relatos da doença nas lavouras do Estado são da década de 80. O falso-carvão, conhecido também como carvão-verde, é uma doença que ocorre no arroz, não é frequente nas lavouras e afeta poucos cachos.
A doença é causada por um fungo, Ustilaginoidea virens, que sobrevive nos restos das plantas de arroz, pode ser transportado pelo vento e pela água e também pelas sementes contaminadas. A alta umidade, chuvas contínuas durante a emissão das panículas, altas temperaturas e adubação nitrogenada em excesso favorecem a incidência do falso-carvão.
O fungo contamina o caule, a folha e o cacho, e o principal sintoma ocorre em alguns grãos. O sintoma mais visível e comum é o grão parecer um caroço arredondado com até um centímetro de diâmetro, de cor verde oliva, recoberto por um pó muito fino. Isso ocorre na época de “grão leitoso”, quando o cacho ainda está verde e o grão ainda não secou. Após alguns dias o pó verde fica amarelo forte e depois preto, e a bolinha pode murchar, ficando novamente despercebida.
Mas a doença pode também ocorrer como uma massa de tamanho reduzido contida na casca do grão, ficando escondida, se o fungo se desenvolver no cacho quase maduro, ou se as condições de desenvolvimento da doença não forem muito propícias.
O aparecimento da doença depende do ano, do ambiente e da genética da planta. Os relatos da doença geralmente são nos anos com mais chuva e umidade com temperaturas altas, solo fértil, solos de cerrado recém abertos, adubação nitrogenada em excesso e ocorre tanto em variedades irrigadas quanto de terras altas.
No Campo Experimental da Embrapa Rondônia, no município de Vilhena (12º45’ de latitude Sul, 60º08’ de longitude Oeste, a 600 metros de altitude), quase todos os anos, desde 1999, foram registradas ocorrências do falso-carvão em algum dos ensaios do projeto nacional de melhoramento de arroz, em menor ou maior grau.
Além da localização, os tipos de ensaios permitem o maior aparecimento de algumas doenças, pois existem materiais sensíveis e não plenamente adaptados, excesso de nitrogênio, e semeio em várias épocas, entre outros fatores.
Pode-se dizer que a maior ocorrência do falso-carvão é devido à facilidade de ser percebido na lavoura, especialmente nas variedades que mantem por mais tempo a cor verde, onde um caroço grande e amarelo fica mais visível. Na área dos experimentos em Vilhena, uma variedade que costuma exibir sintomas de falso-carvão é a BRS Bonança. Esta variedade é indicada para situações em que as condições de colheita, transporte, secagem e armazenamento são difíceis. A planta e o cacho permanecem verdes mesmo quando o grão está maduro, e os carocinhos amarelos ficam bem visíveis.
Para o controle da doença, nas lavouras destinadas à produção de sementes recomenda-se a catação dos cachos doentes e a destruição deles. Já nas lavouras para produção de grãos, devido a pouca importância da doença para a cultura, apresentada até o momento, não se recomenda o controle químico.
Marley Marico Utumi é engenheira agrônoma, doutora em Fitotecnia, pesquisadora da Embrapa Rondônia. Valácia Lemes da Silva-Lobo é engenheira agrônoma, doutora em Fitopatologia, pesquisadora da Embrapa Arroz e Feijão.
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