A denominação “cristalino paulista” se refere à parte do planalto que margeia as divisas do estado de São Paulo com o estado de Minas Gerais e grande parte do Vale do Paraíba. Um área total com cerca de 53.400 km², estendendo-se pela Região Metropolitana de São Paulo e por cidades como Jundiaí, Itu, Tapiraí e Iporanga. Faz parte também do Cristalino um conjunto de cristas montanhosas formadas por quartzitos, que são rochas muito duras de cristais de quartzos metarmorfisados; mas que por um capricho da natureza são recobertas com uma mata de altitude de uma biodiversidade sem igual; com destaque para as áreas da Reserva Biológica da Serra do Japi em Jundiaí-SP. Nas áreas mais baixas, o Cristalino abriga a transição do cerrado paulista com a mata atlântica, contando com fauna e flora ricas e diversificadas, levando sempre em destaque as belíssimas várzeas e inúmeras áreas com alagamento natural.
Os efeitos negativos da ocupação intensa das terras em função da urbanização inadequada, associada ainda à pressão imobiliária sobre as áreas rurais, torna o do Cristalino Paulista uma região cuja qualidade de vida a cada dia passa ser mais complicada. O crescimento urbano desenfreado e a industrialização intensa ocupam e poluem áreas de recarga do aquífero, e o abastecimento de reservatórios fica comprometido pela alta deposição de sedimentos e águas pluviais oriundas de chuvas ácidas.
Nos últimos anos nota-se um intenso assoreamento dos lagos, barragens e leitos dos rios, resultado da erosão do solo provocada principalmente pela construção civil na ocupação das áreas agrícolas. Com o parcelamento do solo em loteamentos e condomínios, as obras viárias e aterramento de várzeas fragilizam a superfície dos terrenos, favorecendo a erosão e poluição nos reservatórios, nascentes e calhas dos rios.
As urbanizações de periferia com grandes redutos de submoradias e os imensos e predatórios distritos industriais desfiguram a beleza cênica natural do Cristalino, criando paisagens degradantes e tristes. A falta de maior governança para disciplinar adequadamente a ocupação e uso do solo compromete o desenvolvimento regional rumo a um futuro mais claro e sustentável. O Cristalino Paulista, região dita mais desenvolvida do país, infelizmente caminha sinalizando para um estágio de degradação ambiental sem precedentes.
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