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Quem trabalha na lavoura de algodão já sabe a importância do uso de reguladores de crescimento, utilizados principalmente para adequar a lavoura à colheita mecanizada do ponto de vista de espaçamento e altura de planta. "A relação custo/benefício é muito positiva", garante o pesquisador do Instituto Mato-grossense do Algodão (IMAmt), Fábio Echer. Mas quando aplicar o regulador, quanto aplicar e como fazer o manejo do regulador vegetal sobretudo num período de muita chuva?
Estas questões estão presentes no dia a dia dos cotonicultores mato-grossenses e de seus colaboradores e ajudar a respondê-las é um dos objetivos da pesquisa realizada por Echer, em parceria com os pesquisadores Júlio César Bogiani da Embrapa Algodão e Ciro Rosolem da Universidade Estadual Paulista (Unesp - campus Botucatu). As principais conclusões desse trabalho estão à disposição dos associados da Ampa (Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão) na Circular Técnica, recém publicada .
Segundo Fábio Echer, a publicação traz informações que vão facilitar o manejo das lavouras de algodão de Mato Grosso e, ao mesmo tempo, aumentar a eficiência dos reguladores. "Desenvolvemos uma tabela de fácil utilização pelo produtor como resultado de diversos experimentos, que levam em consideração três variáveis: a condição ambiental favorável ao crescimento das plantas (solo com boa umidade e temperatura do ar propícia ao crescimento vegetativo), a cultivar utilizada e, finalmente, a altura da planta", explica o pesquisador do IMAmt.
Com base nessas tabelas, que utilizam equações relativamente simples, e nas informações trazidas do campo pelos técnicos sobre a altura das plantas de algodoeiro, ficará mais fácil e seguro tomar a decisão quanto ao melhor momento para usar o regulador de crescimento, a dose certa da aplicação e até quanto à necessidade de fazer uma reaplicação no caso de chuva.
Geralmente, os reguladores de crescimento começam a ser aplicados aos 30 a 35 dias após a emergência e sua utilização é praticamente indispensável em lavouras de primeira safra, cujo plantio em Mato Grosso é iniciado em 1º de dezembro. "O algodoeiro semeado em dezembro tem muita água disponível, além da alta nebulosidade nesse período causar o abortamento de estrutura frutíferas, por isso, tende a ter um crescimento vegetativo excessivo, pois a carga produtiva funciona como um regulador natural que controla o crescimento e, se ela é perdida, é preciso recorrer aos reguladores para reduzir o crescimento da planta", explica Echer.
No caso do algodão de segunda safra, plantado em sucessão à lavoura de soja (a partir de meados de janeiro), a demanda pelo uso de reguladores geralmente é menor porque a disponibilidade hídrica também é menor e, portanto, o crescimento é naturalmente reduzido. As temperaturas mais baixas nesse período também contribuem para diminuir a taxa de crescimento das plantas.
Benefícios
O algodoeiro é uma planta complexa do ponto de vista fisiológico, cujo crescimento e desenvolvimento são governados por fatores endógenos (hormônios) e exógenos (luminosidade, temperatura e água, principalmente). A essa lista se soma também outra variável fundamental: a escolha da variedade. "Cultivares mais vigorosas demandam maior quantidade de reguladores", diz o pesquisador do IMAmt. Segundo os pesquisadores, a diversidade de cultivares atualmente em uso no Brasil faz com que a previsibilidade do resultado da aplicação desses produtos seja reduzida, já que há entre elas diferenças de sensibilidade ao regulador aplicado.
Com a aplicação dos reguladores de crescimento na hora e na medida certa, é possível ter plantas com altura e arquitetura adequadas. "Benefícios secundários advém da uniformização do dossel, diminuindo a competição entre plantas por recursos (principalmente luz), melhorando o manejo de pragas e doenças pela penetração uniforme dos defensivos na cultura e, possivelmente, algum incremento em produtividade, devido ao aumento da retenção e do peso dos frutos, e na qualidade da fibra", afirmam os pesquisadores na Circular Técnica.
Segundo Echer, nem sempre o uso de reguladores aumenta a produtividade da lavoura, pois existem interações complexas com outras variáveis, como as condições climáticas e a nutrição da planta. Porém, o manejo inadequado do ponto de vista de dose e da época da aplicação pode reduzir a produtividade e a qualidade da fibra. "Se o produtor optar por não aplicar o regulador de crescimento e a planta ficar muito alta, a máquina terá mais dificuldade para colher a fibra e certamente haverá mais impurezas, aumentando o custo de limpeza da pluma", alerta o pesquisador.
Ele chama atenção para o risco do uso dos reguladores em doses excessivas, o que pode provocar fitotoxicidade. "Por isso é muito importante que a equipe técnica da fazenda faça o monitoramento constante e rigoroso do crescimento das plantas, principalmente do início da emissão dos botões florais até o início da formação das primeiras maçãs, pois nesta fase a planta apresenta crescimento linear", afirma. Graças a esse acompanhamento e às tabelas desenvolvidas e recomendadas pela pesquisa, os produtores de algodão mato-grossense terão mais chances de garantir uma safra em 2014 com a produtividade e a qualidade da pluma desejadas.
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