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J.B. Matiello e A.W. R. Garcia*, Rede Social do Café
16/01/2014
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A adubação é uma prática importante na lavoura cafeeira, por influenciar diretamente a produtividade. Ela é significativa, também, sobre o custo de produção, pois representa cerca de 20% das despesas anuais com custeio da lavoura. Por isso, na condição atual, de preços baixos do café, é necessário, ainda mais, racionalizar o uso dos adubos.
As perdas dos adubos estão relacionadas a 4 tipos de fatores: a erosão, que arrasta superficialmente e leva os adubos para fora do alcance das raízes, ou para fora da área, problema maior nas lavouras novas e nas áreas amorradas; a lixiviação, que promove a perda, junto com a água, de nutrientes em profundidade, mais significativa para o nitrogênio, o enxofre e o boro; a volatilização, pela qual ocorre a perda pelo ar, comum em adubos como a uréia; e a fixação ou indisponibilização, como ocorre com os adubos fosfatados (ligados a óxidos de alumínio e Mn) e com os micro-nutrientes (Zn, B , Fe ,Cu e Mn) que se tornam menos disponíveis em condições de pHs altos.
Com relação ao Nitrogênio, alem da influência da erosão, da lixiviação e da volatilização (em algumas fontes) 3 processos podem, também, interferir na sua disponibilidade: A mineralização (da matéria orgânica), a imobilização (pelos microorganismos) e a perda, também, por dinitrificação.
A uréia tem sido a fonte de N mais usada na lavoura cafeeira, pelo seu relativo menor custo da unidade de N, em comparação com outras fontes nitrogenadas. Por outro lado, é a fonte que tem sido mais problemática em relação às perdas. Aplicada na superfície, em condições de solo seco ou em solo bem úmido, a perda da uréia ou fórmulas que a contem é menor.
Com pouca umidade, sob a saia do cafeeiro, a uréia sofre a ação da urease, enzima produzida por micro-organismos do solo, mais ativos onde existe matéria orgânica. Por isso, sobre solo limpo a perda sempre é menor. A urease quebra a molécula de uréia, transformando-a em amônia (que se perde para a atmosfera), CO2 e água. São relatadas na literatura perdas acima de 30% do N, chegando até 70%. Sabe-se que parte dessa amônia volatilizada, a partir da uréia aplicada, pode ser absorvida pelas folhas do cafeeiro, especialmente nas lavouras adultas e adensadas.
Em função das perdas de N da uréia existem alguns adubos especiais no mercado, de liberação lenta e controlada, com diferentes modos de ação, baseados na inibição de urease, na proteção com partículas de cobre e boro, nametilação ou proteção física da ureia etc.
Não existem definições precisas sobre os níveis de aproveitamento dos adubos. Em termos gerais, pode-se considerar que, em média, os adubos nitrogenados têm 50-70% de aproveitamento, os fosfatados 30-50% e os potássicos 80-90%, estes inclusive sendo bem armazenados em profundidade.
O maior aproveitamento dos adubos aplicados, objetivo que deve ser alcançado pelo cafeicultor, depende do manejo correto de alguns fatores, aí se destacando: a fonte de adubo, o modo e a época de aplicação, o tipo e correção do solo, a condição climática, a situação da lavoura (idade, espaçamento, declividade, etc), e as práticas de manejo na lavoura, como o controle do mato, a irrigação, as operações mecanizadas que não destruam as raízes, etc.
Especificamente, quanto à fonte de adubo e sua correlação com o tipo/correção do solo, constata-se que existem problemas com os adubos nitrogenados e com os fosfatados. Os primeiros por perdas e os segundos por fixação no solo. Os solos bem corrigidos resultam menores perdas e fixação e os solos mais arenosos trazem menores problemas de imobilização de adubos fosfatados solúveis.
Em função (mais provável) das perdas do N de adubos como a uréia, ensaios onde são comparadas fontes de nitrogênio na adubação do cafeeiro, como o aqui apresentado (quadro), mostram as fontes Nitrato e Sulfato de Amônia resultando em maior produtividade do cafeeiro, no médio prazo.
Produção, na média de 3 safras úteis, em cafeeiros sob diferentes fontes de adubo nitrogenado. Martins Soares, MG, 2002 (Fonte: Matiello et alli, Anais 28 CBPC, Mapa/Procafe, 2002, p. 77)
*Engenheiros Agrônomos do Mapa e da Fundação Procafé
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