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Oswaldo Petrin, Iapar
09/01/2014
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O Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) - que há 25 anos vem estudando a bubalinocultura convencional como opção para os criadores do Estado - pretende agora disponibilizar conhecimentos para que produtores se beneficiem de um novo nicho de mercado, o de consumidores de alimentos de origem animal orgânicos.
Segundo o pesquisador José Lino Martinez, em grandes centros consumidores, como Curitiba e outras capitais do Sul e Sudeste, há crescente interesse por derivados fabricados a partir de leite de bubalinos. Entre outros itens, ele cita mozarela, iogurte e ricotas, mas informa que apesar do aumento do consumo desses itens ainda há falta de informações sobre o processo produtivo.
O projeto é conduzido na Estação Experimental da Lapa e ocupa 25 hectares de uma propriedade com cerca de 138 hectares, mantida em parceria com o município. As atividades estão voltadas para adaptação, desenvolvimento e integração de tecnologias para búfalos, seguindo a conceituação estabelecida como agricultura agroecológica, em que se contemplam fatores ligados ao solo, plantas e animais, além dos aspectos socioeconômicos. Toda a atividade é certificada pelo Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), órgão credenciado pelo Ministério da Agricultura para monitorar produtos orgânicos.
Leite
Sobre o leite de búfalas, o pesquisador afirma ser diferente do leite de vaca, apresentando variações consideráveis nos teores de proteína, gordura e lactose, que afetam características de corpo, sabor e textura. O rendimento queijeiro é maior devido ao elevado teor proteico (3,5 a 5%) e de gordura (5 a 8,5%). Desta forma, a destinação que deve ser dada a esta matéria-prima é a produção de derivados. O leite de búfala possui sabor mais adocicado evidenciado pelo maior teor de lactose. É mais rico em cálcio e fósforo e possui menor teor de colesterol, sódio e potássio.
Uma das comprovações mais favoráveis do leite de búfala, em relação ao leite da vaca, é a indicação do dobro da quantidade de ácido linoléico conjugado, uma substância anticancerígena que atua também sobre os efeitos secundários da obesidade, da arteriosclerose e da diabetes.
Segundo a Associação Brasileira de Criadores de Búfalos “há um mercado potencial que não é explorado, gerando inclusive a adulteração do produto com leite de bovino para atender à demanda do mercado por derivados produzidos com leite de búfalas”. O leite de vaca é vendido como sendo de búfala, prática fraudulenta de adulteração gerada pela ausência do leite bubalino. No momento, a produção de leite de búfala é vista com bom potencial de mercado e, possivelmente, a matéria-prima produzida de forma agroecológica apresentará uma grande demanda, afirma Martinez.
Paraná
Atualmente, o número de produtores (de leite de bubalino produzido de forma convencional) no Paraná é pequeno e, consequentemente, a escala de produção é baixa. Desta forma os produtores recebem um valor pouco superior ao leite de bovinos. “O sucesso do empreendimento dependerá da organização dos produtores para a comercialização, por exemplo, em cooperativas, para que obtenham o preço justo por um produto diferenciado que será transformado em laticínios (derivados) de alta qualidade”, explica o pesquisador do Iapar. Ele lembra que na Itália os produtores de leite búfala, mesmo o leite convencional, chegam a receber três vezes o preço praticado para leite de bovino.
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