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Carla Gomes e Mônica Galdino, IAC
14/02/2019
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O Instituto Agronômico (IAC) realizou, no final de janeiro, o II Dia de Campo Amendoim na Palha, no município paulista de Iacri, com o objetivo apresentar o plantio do amendoim na palhada da cana-de-açúcar, que proporciona maior produtividade, economia na produção e benefícios ao ambiente. Durante o evento, com 95 participantes, foram apresentados os dados das últimas quatro safras sobre a produção de amendoim nos diferentes tipos de manejos conservacionistas de solo. O público também visitou experimentos em áreas de reformas de canavial.
O dia de campo foi realizado na região conhecida como Alta Paulista, responsável por 50% da produção nacional do grão, sendo que 70% são cultivados em áreas de reformas de canavial. O Estado de São Paulo é responsável por 90% da produção nacional de amendoim. A safra 2017/2018 foi de 511 mil toneladas, considerando as duas épocas de cultivo.
De acordo com o Denizart Bolonhezi, pesquisador do IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, os solos dessa região são mais suscetíveis à erosão. Em virtude da época de cultivo coincidir com períodos de maior chuva, somado ao fato de o espaçamento de 90 centímetros ser maior que o de outras culturas e o sistema de terraceamento empregado nos talhões de cana não ser compatível com culturas anuais, os riscos de ocorrência de erosão hídrica são muito grandes. “Devido a essa vulnerabilidade, a adoção de semeadura direta é a melhor estratégia para viabilizar a parceria amendoim e cana, sem riscos de erosão”, diz Bolonhezi.
Segundo o pesquisador, o plantio direto já é adotado em grandes culturas como soja, milho e algodão, mas ainda não é realidade no sistema de produção canavieiro, principalmente quando o amendoim é a principal cultura utilizada na reforma. “Ao realizar um dia de campo possibilitamos que o agricultor veja que a técnica é factível. Às vezes, os produtores acreditam que algo feito em experimentos está longe de sua realidade e o dia de campo desmistifica isso”, afirma.
O plantio direto na palha beneficia o solo e também acarreta uma economia de 15% a 20% dos custos de produção, sobretudo com gastos com combustível para preparar a terra antes da semeadura. “Além desse benefício, a semeadura sobre a palhada de cana crua pode ser um seguro contra a seca, considerando que a palhada reduz expressivamente as perdas de água por evaporação”, explica.
Resultados de pesquisas geradas pelo IAC demonstram que a palhada confere aumentos de 25% no conteúdo de água no solo, em períodos de veranicos. Segundo o pesquisador, quando isso acontece, a produtividade pode ser em média 10% superior em comparação com plantio sobre solo preparado. “Se a seca acontecer no período de pré-colheita, os níveis de aflatoxina podem prejudicar a comercialização e a exportação, fenômeno que pode ocorrer em menor incidência no plantio direto”, explica.
De acordo com o pesquisador do IAC, 80% da produção de amendoim do estado de São Paulo são realizadas em áreas arrendadas de cana-de-açúcar. “Em vista dessa estreita relação com o setor canavieiro, os produtores de amendoim necessitam entender que a cana não é mais queimada e, portanto, precisam conviver com a palhada, pois assim conseguirão reduzir os custos, os riscos de erosão, aumentar a rentabilidade e assegurar competitividade com a soja nas áreas de reforma”, resume.
Há vinte anos, o IAC vem pesquisando os benefícios e desafios do plantio direto no amendoim. Desde 2015, desenvolve pesquisas em parceria com agricultores com experimentos nas regiões de Pitangueira, Assis, Novo Horizonte, Planalto e Tupã, com apoio da Fundação Agrisus e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
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