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Censo nacional de variedades de cana realizado pelo IAC reforça redução da concentração varietal
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Carla Gomes, IAC
13/12/2018

A terceira edição do maior censo de variedades de cana-de-açúcar do Brasil, realizado pelo Instituto Agronômico (IAC), mostrou a redução da adoção da variedade mais plantada no país, a RB867515. A área instalada nesta safra é bem menor que o total da área cultivada, que reúne toda a cana, em todos os estágios de corte. O levantamento também mostrou que a variedade CTC4 apresentou o maior crescimento em relação à safra passada, juntamente com a RB966928. Os dados também mostram uma redução de 77,1% para 66,1% na concentração varietal. As variedades IAC representaram 4,5% em todo o censo e 5,1% das intenções de plantio para a próxima safra.

O censo 2018 alcançou 216 unidades recenseadas, totalizando 5.957.393 hectares. Iniciado em maio de 2018 e concluído em novembro, o objetivo do censo varietal é levantar informações sobre as áreas de variedades cultivadas em todo o país.

A incidência da concentração de variedades indica a relutância dos canavicultores em lançar mão de novos materiais, mesmo tendo conhecimento sobre os riscos biológicos existentes na falta de diversidade varietal. O Programa Cana IAC recomenda que em uma área de produção, uma única variedade de cana-de-açúcar não represente mais do que 15% do total, de acordo com o pesquisador Marcos Guimarães de Andrade Landell. “A diversidade varietal é estratégica para garantir a segurança biológica e evitar que, em caso do ataque de praga ou doença severa, grande parte do canavial seja atingida”, explica Landell.

A RB867515 é uma variedade antiga, com restrições em sua adaptação aos sistemas mecanizados. “Por isso ela está saindo do mercado de São Paulo; essa variedade está na quarta posição nas intenções de plantio para a próxima safra”, explica o consultor do Programa Cana IAC, Rubens Leite do Canto Braga Junior.

O censo também mostrou que as variedades IAC permanecem em crescimento na maioria das regiões produtoras de cana-de-açúcar, com maior representatividade nos Estados de Goiás e Mato Grosso e na região de Ribeirão Preto, no interior paulista, onde essas variedades foram responsáveis por 16,8%, 10,3% e 11,2% das áreas de plantio, respectivamente. As variedades IAC, sobretudo a IACSP95-5094, aparecem com proporções maiores no levantamento de intenções de plantio para a próxima safra.

Assim como ocorreu na segunda edição do censo, o levantamento mostrou que a cana-de-açúcar nos campos brasileiros está velha. “Há menos cana do que deveria ter nos primeiros estágios de corte e mais do que deveria ter nos estágios mais avançados”, afirma Braga Junior. Esse envelhecimento do canavial reflete diretamente na produtividade, que cai ao longo dos cortes.
Nas últimas dez safras, houve uma queda de 27 toneladas, por hectare, quando se compara a média dos dois primeiros cortes com a média dos demais estágios de corte. O desempenho variou de 110 para 62 toneladas. Segundo Braga Junior, a idade da cana colhida na próxima safra será ainda mais velha do que a colhida na safra atual.

A renovação dos canaviais está baixa porque este é um dos processos mais onerosos da canavicultura. Como o setor tem vivido períodos de baixo rendimento, os produtores procuram economizar, adiando a renovação. Entretanto, o prejuízo é previsto, considerando que as variedades modernas são adaptadas ao plantio mecanizado, apresentam menor quantidade de falhas, têm alta produtividade e resistência às doenças e ao acamamento.

Os estados do Espírito Santo e do Mato Grosso têm o maior índice de concentração varietal por região. Nos canaviais capixabas, em 68% da área cultivada predomina a RB867515, que também está em 47% das lavouras mato-grossenses e é a mais cultivada em todos os estados brasileiros.
São Paulo tem se mostrado mais eficiente na modernização varietal, conforme constatado nesta e nas edições anteriores do censo. Ribeirão Preto, no interior paulista, apresenta a menor concentração varietal. Sede do Centro de Cana do IAC, o município tem variedades IAC tanto nas áreas cultivadas como nas plantadas recentemente. Também está nesta região a maior intenção de plantar materiais IAC na próxima safra, com 5,5% para a IACSP95-5094, que ocupa o quinto lugar nas manifestações de interesse. A primeira é a CTC4, com 13,1%. Em Piracicaba, com 39 mil hectares amostrados, 2,2% pretendem plantar a IACSP95-5000.

De acordo com o censo, as variedades IAC tem boa representatividade em todos os estados, exceto Espírito Santo, Mato Grosso do Sul e Paraná. No Estado de Minas Gerais, o levantamento sobre intenção de plantio mostrou que a IACSP95-5094 tem 3,0% das intenções de plantio e a IAC91-1099, 2,5% em 72 mil hectares amostrados.

Em Goiás, a IAC91-1099 ocupa 7% da área cultivada de 640.171 hectares recenseados e a IACSP95-5000 está em 4%. Na área plantada, a IAC91-1099 é a terceira, com 9,3%; a IACSP95-5000 tem 2,9%; a IAC87-3396, 1,9%, e a IACSP95-5094, 1,6%. No Mato Grosso, a IAC91-1099 está na terceira posição, com 8,4% da área plantada de 17.808 hectares recenseados.

Em São Paulo, região de Araçatuba mostra uma renovação mais lenta – apesar de não haver variedade IAC na área cultivada, na área plantada recentemente aparece a variedade IAC91-2195, com 1,2%.
 
Novo recorde de levantamento de intenção de plantio no Brasil

O Instituto Agronômico (IAC) bateu novo recorde de levantamento de intenção de plantio de variedades de cana-de-açúcar no Brasil para a próxima safra, quando deverão ser plantados cerca de um milhão de hectares. Para a safra 2018/2019 foram amostradas 165 empresas, totalizando 791.053 mil hectares. Em 2017/2018 participaram 149 empresas, com 720 mil hectares, e em 2016/2017, foram 127 empresas, somando 520 mil hectares. Iniciado em setembro de 2018, o objetivo do levantamento é obter informações sobre a intenção de plantio de variedades no período de abril de 2018 a março de 2019.

Em São Paulo, com 433 mil hectares amostrados, a RB966928 tem 13,7% das intenções. A IACSP95-5094 tem 1,7% das intenções de plantio.

Em Goiás, com 89 mil hectares amostrados, a IACSP91-1099 é a quarta nas intenções de plantio, com 7%, e a IACSP95-5094, com 2,7%. A RB867515 tem 15,8% e a CTC4 tem 15,6% das intenções.

Nos estados da Bahia, Mato Grosso e Tocantins, a IAC91-1099 ocupa a segunda posição nas intenções de plantio, com 12,2%, dos 15 mil hectares amostrados. A IACSP97-4039 tem 3,9% das intenções, a IACSP95-5094, 3,3%, e a IACSP95-5000, 3,0%. Dentre os quinze materiais com intenção de plantio, quatro são do IAC. A liderança é da CTC4, com 27,4%.

No Mato Grosso do Sul, com 76 mil hectares levantados, a intenção é a menor com relação aos materiais IAC – a IACSP95-5094 tem 0,9% das intenções, onde a RB867515 tem 20,5% e a RB966928 tem 19,1%.

O Paraná, com 101 mil hectares amostrados, é o único estado onde as variedades IAC não aparecem de forma significativa nas intenções de plantio. Lá, a RB867515 tem 34,6% das intenções de plantio.

Na região Centro-Sul, foram levantados 791 mil hectares — IACSP95-5094 e a IAC91-1099 aparecem, cada uma, com 1,6% das intenções de plantio. A RB867515 tem 15,2% das intenções.

A divulgação desses dados foi feita em 20 de novembro de 2018, durante a reunião do Grupo Fitotécnico da Cana. No evento, também foi entregue o Prêmio Excelência no uso de variedades de cana-de-açúcar, que destaca as unidades produtoras com menor índice de concentração varietal e com melhor índice de atualização varietal. Criado em 2016 em nível nacional, o Prêmio foi entregue também em nível regional e estadual a partir de 2017. As empresas ganhadoras na safra 2018/19 são de Goiás, Minas Gerais e São Paulo.

“O Prêmio Excelência é concedido às unidades produtoras que mais se destacaram no uso de variedades mais modernas, ou seja, com expectativa de maiores produtividades e maior retorno econômico e, também que, concomitantemente, possuam grande diversidade no seu plantel varietal, garantindo a segurança biológica dos canaviais contra novas enfermidades que possam entrar no país”, explica. Para chegar aos agraciados, são considerados o Índice de Concentração Varietal Ajustado (ICVA) e o Índice de Atualização Varietal (IAV), que aponta se o plantel varietal é mais ou menos moderno.

Nos estados do Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraná não houve premiação, pois nenhuma empresa atingiu os valores mínimos para o IAV e ICVA.

Para fazer a pesquisa, o Programa Cana IAC assume um termo de compromisso assegurando que as informações não são usadas para fins comerciais, por exemplo, para a cobrança de royalties. A realização deste trabalho contou com apoio da Bayer, Basf, Euroforte, Syngenta e Ubyfol.

De acordo com Braga Junior, o levantamento traz um leque de informações superior ao elaborado nas edições anteriores. “Foram mencionadas 509 variedades no censo, com participação de várias novas empresas, que não haviam participado do censo anterior.”

Todas as informações referentes ao Censo Varietal IAC deverão ser publicadas em um Boletim Técnico do IAC, Série Tecnologia APTA.

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