A preocupação com as questões ambientais tem crescido, sobretudo a partir da década de 60, quando se iniciou a “revolução ambiental” nos Estados Unidos. Na verdade, trata-se de um tema de grande relevância, visto que, independente da classe social ou condição econômica, atinge a todos. Dentre os momentos de maior preocupação com o meio ambiente, tanto no âmbito internacional quanto nacional, destacam-se: A reunião de Estocolmo, em 1972; a criação da Comissão de Brundtland, em 1983; o lançamento do relatório “Nosso Futuro Comum”, em 1987 e a Conferência das nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento – CNUMAD – Rio 92 (CAVALCANTI, 1995). Os conceitos de agroecologia e agricultura sustentável consolidaram-se nesta Conferência, quando foram lançadas as bases para o desenvolvimento sustentável do planeta.
A Agroecologia deve ser entendida como ciência ou um conjunto de conhecimentos e métodos, que permite estudar, analisar e avaliar agroecossistemas dentro de princípios da sustentabilidade (CAPORAL E COSTABEBER, 2002). Busca, portanto, uma agricultura sustentável alicerçada em itens, como:
- manutenção a longo prazo dos recursos naturais e da produtividade agrícola;
- o mínimo de impacto adverso ao meio ambiente;
- melhor compatibilização entre as atividades produtivas com o potencial dos agroecossistemas;
- redução no uso de insumos externos e não renováveis, com potencial danoso à saúde ambiental e humana;
- satisfação das necessidades humanas de alimentos e renda;
- atendimento das necessidades sociais das famílias e das comunidades rurais.
Quanto ao Sistema de Capacidade de Uso das Terras, por sua vez, este refere-se a uma metodologia de classificação de terras em capacidade de uso para atender a planejamento agrícola e, em especial, às práticas de conservação do solo. Trata-se de uma classificação técnica, ou interpretativa, onde as terras são reunidas em categorias hierarquizadas, estabelecidas com base nos tipos de intensidade de uso (grupos), no grau de limitação (classes), na natureza de limitação (subclasse) e nas condições específicas que afetam o uso ou manejo da terra (unidades de capacidade de uso), conforme Lepsch et al., 2015.
A partir de uma análise comparativa entre os dois sistemas, ou métodos, de uso das terras, verifica-se a relação estreita entre a Agroecologia e a Capacidade de Uso das Terras, como norteadores para o desenvolvimento da agricultura sustentável.
Sob a ótica agroecológica, a classificação das terras no sistema de capacidade de uso se reveste de grande importância, visto que historicamente a ocupação das terras tem ocasionado problemas ambientais, decorrentes não só do uso indevido de áreas frágeis, mas também da sobreutilização de terras (uso do solo acima de sua capacidade produtiva). Sabe-se que em muitos casos, o uso de uma área não é conduzido de forma compatível com o potencial dos agroecossitemas (capacidade de uso), resultando em problemas de degradação dos solos e a consequente perda de competitividade do setor agrícola, além da deterioração da qualidade de vida da população.
Fontes
CAVALCANTI, C. (Org.). Desenvolvimento e natureza: estudos para uma sociedade sustentável. São Paulo: Cortez; Recife, PE: Fundação Joaquim Nabuco, 1995.
CAPORAL, F. R.; COSTABEBER, J. A. Agroecologia: enfoque científico e estratégico para apoiar o desenvolvimento rural sustentável. Porto Alegre: EMATER/RS, 2002.
LEPSCH, I. G.; ESPÍNDOLA, C. R.;
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