Em outubro, a Conab disponibilizou o primeiro levantamento da safra brasileira de grãos 2017/18, e os números não fogem ao que já era esperado. A grande disponibilidade de milho, decorrente da supersafra 2016/17, rebaixou os preços do grão, que por sua vez deve influenciar a decisão de reduzir a área plantada de milho na próxima safra verão que se inicia. O que de certa forma dá prosseguimento à tendência de redução da primeira safra de milho observada nos últimos anos.
No âmbito especulativo de cenários mais ou menos positivos, a Conab projeta uma diminuição da área plantada do milho no verão entre 6,1% e 10,1%. Se considerarmos apenas a região Centro-Sul, a faixa de queda projetada é ainda maior, entre 9,5% e 15,0%.
Adicionalmente à queda na área plantada, a Conab ainda projeta uma redução da produtividade, por motivos como o desinvestimento (redução do nível tecnológico) pelos altos custos de produção e cotações baixas. Outra razão levantada é a elevada infestação de lagartas em algumas regiões. Assim, segundo as projeções, a queda de produtividade no País pode chegar a 8,1%.
Caso as projeções de queda da área plantada de milho somada à redução da produtividade pela Conab se confirmem, a produção da primeira safra deve sofrer um impacto negativo considerável. Segundo essas previsões, a redução da produção nacional deve ficar entre 13,8% e 17,2%, o que seria um decréscimo de 4 a 5,5 milhões de toneladas de milho.
Além do aumento considerável da oferta de milho decorrente da grande safra, o arrefecimento das exportações a partir de maio de 2016 potencializou o crescimento da disponibilidade doméstica do grão. Segundo o levantamento do Agrolink, a cotação nacional média da saca do cereal na primeira quinzena de outubro de 2017 foi 40% menor (queda de R$ 38,64 para R$ 23,32) do que o observado no respectivo mês de 2016. É uma redução de preço natural frente a grande oferta de milho, mas sem um aumento proporcional na demanda, ocorrendo na verdade uma diminuição dela com a queda das exportações.
A forte retomada das exportações a partir de julho, proporcionando três meses de recordes sucessivos, teve o mérito de reverter a queda acentuada das cotações, passando a aumentar desde então. No trimestre de julho-agosto-setembro foram exportados 13,5 milhões de toneladas de milho, acréscimo de quase 6 milhões de toneladas ao melhor resultado já visto para o mesmo trimestre, em 2012. Se as vendas externas permanecerem nesse patamar até o final do ano - provavelmente o melhor resultado já obtido - os 28,9 milhões de toneladas em 2015 serão superados.
O desempenho recente das exportações foi tardio para impactar favoravelmente a área de milho na safra verão que se inicia. Entretanto, a reversão da queda-livre das cotações somadas à provável diminuição da oferta de milho na primeira safra pode afetar positivamente a segunda safra em 2018. Infelizmente, teremos que esperar o avanço da safra para traçarmos um cenário para 2018 com maior precisão, mas sempre prestando atenção aos principais elementos norteadores, como o comportamento climático e o desempenho das exportações.
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