Variações positivas no preço do café têm despertado o interesse e incentivado o cultivo deste grão em Rondônia. O levantamento dos custos de produção do café realizado pela Embrapa Rondônia, em parceria com a Emater-RO e produtores de café no interior do estado, aponta que, em uma propriedade de cinco hectares – módulo padrão das lavouras de café em Rondônia –, o lucro líquido anual médio é de quase R$ 6 mil por mês, aproximadamente seis salários mínimos (Tabela 1). Esta remuneração foi calculada com base nos anos de produção da lavoura, do 3º ao 11º anos após o plantio.
Esse valor foi obtido por meio de levantamentos de dados com produtores e coleta de preços junto ao comércio local, em que foi possível obter o custo de produção de café canéfora (conilon e robusta), considerando o nível tecnológico que busca a produtividade média de 80 sacas de 60kg do grão beneficiado por hectare, o que perfaz um custo de R$ 180,15/sc. Esse custo leva em consideração todas as despesas com insumos e mão de obra, além também das despesas com beneficiamento da produção. Foram considerados também os custos fixos de produção, tais como: depreciação, remuneração do capital e custo da terra.
Composição do custo de produção de 80 sacas de 60kg de café beneficiado em Rondônia.
As despesas com mão de obra na condução da lavoura e na colheita respondem por 40% dos custos totais. Já o dispêndio com fertilizantes é o segundo mais impactante na composição dos custos (19%), seguido dos de beneficiamento da produção (17%).
Vale ressaltar que mudanças na produtividade, valores dos insumos, mão de obra e outros fatores produtivos dimensionados para esta pesquisa podem alterar o custo de produção. O importante é que o cafeicultor conheça os seus custos. Por isso, ele precisa ter tudo na ponta do lápis, para saber onde pode minimizar perdas, ou seja, produzir mais com menos, já que os preços de mercado do café não dependem diretamente dele.
Desafios e soluções para a cafeicultura em Rondônia
O café está entre as cinco principais commodities agrícolas do país, segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa, 2016). Em nível internacional, o Brasil é o principal produtor e exportador (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos USDA, 2016). A expectativa para o estado de Rondônia é que mantenha, nesta safra, o posto de quinto maior produtor nacional de café, com participação de 4%, atrás apenas de Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo e Bahia, responsáveis por 57,2%, 17,3%, 9,92% e 6,71% do total produzido no país, respectivamente.
Apesar do desempenho econômico positivo da cafeicultura rondoniense, alguns fatores relacionados à produção de café precisam ser aprimorados. A atividade em Rondônia ainda é dependente em grande escala da mão de obra, principalmente na colheita. Com o êxodo rural, a escassez deste fator produtivo tem se tornado, cada vez mais, um gargalo maior para a produção de café no estado. Além disso, crises hídricas recentes demonstram que a racionalização do uso da água para irrigação deve ser prioridade para as propriedades produtoras de café, já que a maioria dos plantios irrigados não possui o manejo adequado para este fim, o que onera o sistema e diminui a sustentabilidade ambiental da propriedade.
Diante desse cenário, é preciso que políticas públicas incentivem o cultivo de café com alta tecnologia, em substituição aos sistemas tradicionais. A adoção de tecnologia na cafeicultura é interessante para a economia do estado, pois pode contribuir para o aumento da renda do agricultor, tornando atrativa a sua permanência no campo e, consequentemente, possibilitar a redução do êxodo rural.
Outro fator importante é o investimento em pesquisas que busquem aprimorar o sistema de produção de café, como a mecanização parcial ou total da colheita e a eficiência no uso da água pelas plantas, visando à irrigação. Estudos recentes da Embrapa Rondônia demonstraram que a colheita semimecanizada do café canéfora pode reduzir os custos deste processo produtivo em até 60%. Neste contexto, a Embrapa também vem contribuindo por meio do programa de melhoramento genético do café e pesquisas relacionadas à melhoria da produção.
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