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Vera Scholze Borges, Embrapa Produtos e Mercado
16/09/2016
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Sorvete de morango, abacaxi, uva e limão todo brasileiro conhece, entretanto, quando falamos de frutas nativas como araçá, pitanga, cagaita, cambuci ou perinha-do-cerrado, você vai ter que pensar um pouco para afirmar se conhece, não é mesmo? Pode ser que não esteja familiarizado com algumas delas na sua região.
Começamos a falar de sorvete e frutas nativas por ser um dos assuntos que serão apresentados durante o "Workshop Nichos de Mercado para o Setor Agroindustrial", nos dias 21 e 22 de setembro de 2016, que este ano traz o tema biodiversidade brasileira e vai tratar sobre conhecimentos, tecnologias e negócios dentro de dois blocos: "Alimentos dos biomas do Brasil" e "Cosméticos e fragrâncias".
O "Workshop Nichos de Mercado para o Setor Agroindustrial" é um modelo de evento criado pela Embrapa Produtos e Mercado para aproximar públicos de interesses comuns e abrir espaço de articulação e negociação com empresas interessadas em ampliar ou mesmo iniciar um negócio com base em ciência, tecnologia e a troca de conhecimentos existentes no setor. Este ano, o foco do workshop é a utilização de matérias-primas da biodiversidade.
Dentro do setor de alimentos existem alguns segmentos de mercado que buscam inovações que agreguem valor ao produto e ampliem o seu consumo, um deles é a indústria de sorvetes.
Atualmente, o Brasil conta com oito mil empresas ligadas à produção e comercialização de sorvete. O setor gera 75 mil empregos diretos, 200 mil indiretos e tem faturamento anual acima de R$ 12 bi.
Segundo Eduardo Weisberg, presidente da Associação Brasileira das Indústrias e do Setor de Sorvetes (ABIS), o consumo do produto em 2015 foi de 1,1 bilhão de litros. O executivo, que também é proprietário de uma indústria de produção de sorvetes, é um entusiasta da inovação e se preocupa em ampliar e diversificar as matérias-primas usadas no setor.
"O mercado brasileiro ainda utiliza muito pouco de suas riquezas, constata o presidente da Associação, sendo fundamental impulsionar o intercâmbio de alimentos nas diversas regiões do país, trazendo novas opções de sabores e funcionalidades ao produto. Desta forma, aproveitaremos um de nossos grandes diferenciais, que é a biodiversidade, com frutas ricas em sabor e em propriedades nutricionais que trazem benefícios ao organismo".
Weisberg acredita que esta é uma cadeia produtiva que tem tudo para atingir o objetivo de maior aproveitamento de nossa biodiversidade. "É preciso desenvolver a agricultura familiar, com foco na produção de frutos nativos, para que possamos contar com a produção dentro dos pilares necessários para a indústria, que são volume, regularidade e qualidade em frutos e castanhas, mas, acho que estamos caminhando para isso", afirma.
Para o presidente da ABIS, com um bom planejamento de marketing, a indústria do setor não só conseguirá ampliar o consumo nacional, como também exportar sorvetes com foco na biodiversidade brasileira.
"O workshop é uma boa oportunidade de avançar na organização deste tema no setor e acredito que a Embrapa seja o parceiro certo para desenvolvermos fornecedores para a indústria", finaliza Eduardo Weisberg.
Sobre o objetivo e programação do evento
Rafael Vivian, gerente adjunto de mercado da Embrapa Produtos e Mercado, lembra que "além da diversidade de espécies nativas, existe a diversidade cultural encontrada nos biomas brasileiros, com infinitas possibilidades para novos produtos e novas oportunidades de agregação de valor às cadeias produtivas".
Os programas de melhoramento genético são fundamentais nesse processo e muitas espécies nativas já estão contempladas nas pesquisas da Embrapa, a exemplo do umbu, cajuí (caju nativo do bioma cerrado), abricó-do-pará, sapotá, cajá e bacuri. Além do sabor diferenciado, estas e outras espécies brasileiras possuem propriedades nutracêuticas e funcionais, algumas ainda desconhecidas.
Vivian acredita que o incentivo ao consumo de produtos da biodiversidade e a articulação com empresas interessadas nesse segmento são essenciais para ampliar o mercado de nicho do setor no país e também o mercado internacional, por isso organizamos este workshop, conclui.
"A indústria de alimentos é um elo crítico e estratégico de várias cadeias produtivas, inclusive de nichos de mercado, e sua participação no processo é relevante para alavancar ações com espécies nativas, ressalta Fernando Matsuura, pesquisador da Embrapa Produtos e Mercado na área de alimentos e um dos coordenadores do workshop. "O uso de frutas da biodiversidade brasileira mostra-se como uma possibilidade para o setor de sorvetes", conclui o pesquisador.
O estudo de caso "Panorama e perspectivas do Setor de Sorvetes no Brasil - Desenvolvimento de sorvetes com frutas e castanhas nativas" será apresentado e debatido no dia 21 de setembro, com a presença do presidente da ABIS.
Além deste tema, o workshop tem na programação representantes dos ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente, falando sobre "Políticas públicas para o aproveitamento racional e sustentável dos produtos da biodiversidade do Brasil" e "Biodiversidade para alimentação e nutrição", e pesquisador da Embrapa, sobre "Agroextrativismo: potencial sócio-econômico e conservação da biodiversidade".
A programação segue com a palestra "Alimentos de espécies nativas do Brasil: atualidades e tendências", um painel "Pesquisa, conhecimento e tecnologias da Embrapa em recursos genéticos e biotecnologia de espécies nativas do Brasil" e outro sobre "Pesquisa, conhecimento e tecnologias da Embrapa em frutas nativas brasileiras", e mais dois estudos de caso "Liotécnica e os ingredientes alimentícios com produtos da biodiversidade do Brasil", e "Brasil a Gosto: uma experiência gastronômica com ingredientes brasileiros" com Ana Luiza Trajano, chef e pesquisadora do tema.
No fechamento deste primeiro dia acontece uma aula show com degustação sobre gastronomia regional dos biomas do sul com Marcos Livi, chef dos bares Quintana e Veríssimo. Veja a programação completa e informações sobre as inscrições no site: embrapa.br/workshopnichos2016
Propriedades nutracêuticas - Os alimentos funcionais situam-se no limite dos alimentos comuns e dos fármacos tradicionais, sendo definidos como alimentos que promovem algum efeito benéfico no organismo, retardando ou impedindo o aparecimento de doenças crônicas e, principalmente o envelhecimento (Fonte: Embrapa).
Serviço
Evento: Workshop Nichos de Mercado para o Setor Agroindustrial.
Tema: "Espécies nativas do Brasil: conhecimentos, tecnologias e negócios"
Data: 21 e 22 de setembro de 2016.
Horário: 8h00 às 18h00.
Local: Auditório 5 FCM/Unicamp
Endereço: Rua Albert Sabin. s/nº – Cidade Universitária "Zeferino Vaz"
Distrito de Barão Geraldo - Campinas, SP
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