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Manejo da Lavoura    
Decisão de manejo do arroz irrigado disponível na palma da mão
Desenvolvimento foi motivado pela necessidade dos produtores de uma ferramenta que estimasse os principais estádios da planta de arroz
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Francisco Lima, Embrapa Clima Temperado
31/08/2016

Um aplicativo para dispositivos móveis, desenvolvido pelo Laboratório de Agrometeorologia (Agromet) da Embrapa Clima Temperado (RS), irá auxiliar rizicultores gaúchos a tomar decisões no manejo do cultivo de arroz irrigado. O GD Arroz utiliza o método Graus Dia para indicar a data estimada dos seis principais estádios das lavouras no Rio Grande do Sul, apresentando orientações com relação às práticas de manejo para cada período. Estádios são etapas do desenvolvimento vegetal nem sempre facilmente perceptíveis, mas que têm relação direta com o desenvolvimento e a produtividade da cultura. O aplicativo, disponível para dispositivos Android , foi lançado no dia 28 de agosto, durante a 39ª edição da Expointer, em Esteio (RS).

O serviço foi disponibilizado primeiramente em sua versão para acesso via web, em agosto de 2015, durante a realização do Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado, em Pelotas (RS). Seu desenvolvimento foi motivado pela necessidade dos produtores de uma ferramenta que estimasse os principais estádios da planta de arroz.

Segundo o pesquisador responsável pela tecnologia, Silvio Steinmetz, informações como as disponibilizadas pelo GD arroz eram fortemente demandadas pelos produtores do estado, hoje, estimados em torno de 18 mil, entre pequenos, médios e grandes. Só na safra passada, a versão web contou com mais de nove mil acessos, entre agosto de 2015 e abril de 2016. "Todos os produtores precisam desse tipo de informação para aprimorar o manejo da sua lavoura, fazendo a prática certa no momento mais apropriado", afirma.
 
Os estádios
O ponto de partida é a data de emergência do arroz, quando cerca de 50% das plantas já estão fora do solo. A partir daí começa a contagem de dias, utilizando-se o método de Graus-dia, para cada um dos chamados estádios, que são as diferentes fases de desenvolvimento da planta e altamente influenciados pela temperatura do ar. Quanto maior a temperatura, mais rápido a planta se desenvolve, antecipando os estádios. Caso contrário, em temperaturas mais baixas, as plantas demoram mais tempo para se desenvolver.

Essas determinações são importantes porque cada etapa do desenvolvimento da planta está associada a uma prática de manejo correspondente. Dos diferentes estádios existentes para a cultura, apenas seis são considerados como principais e estão associados aos manejos mais importantes: planta com quatro folhas (V4), diferenciação da panícula (R1), emborrachamento (R2), início da floração (R4), início da maturação (R8) e maturação completa (R9).

Desses, Steinmetz explica que a diferenciação da panícula (DP ou R1) é o mais importante, quando o cacho de arroz ainda está no interior do colmo principal, com aproximadamente 1mm, pode ser visto a olho nu. Neste estádio, a recomendação é a aplicação de adubação nitrogenada por cobertura (ANC), pois é o período quando a planta absorve melhor esses nutrientes e, assim, apresenta resultados melhores em desenvolvimento e produtividade. "Na realidade, pelas recomendações da Sociedade Sul-Brasileira de Arroz Irrigado (SOSBAI), o mais apropriado é aplicar a ANC de modo que o nitrogênio esteja disponível para as plantas no estádio de iniciação da panícula (IP ou R0), que ocorre cerca de quatro dias antes da DP. Como o estádio de IP é de difícil visualização na planta, recomenda-se utilizar a data da DP estimada pelo GD Arroz como referência para aplicar a ANC de modo que o nitrogênio esteja disponível para as plantas no estádio de IP".

O pesquisador explica que, pelas recomendações da Sociedade Sul-Brasileira de Arroz Irrigado (Sosbai), o mais apropriado é aplicar a ANC de modo que o nitrogênio esteja disponível para as plantas no estádio de iniciação da panícula (IP ou R0), que ocorre cerca de quatro dias antes da DP. "Como o estádio de IP é de difícil visualização na planta, recomenda-se utilizar a data da DP estimada pelo aplicativo GD Arroz como referência para aplicar a ANC de modo que o nitrogênio esteja disponível para as plantas no estádio de IP", recomenda.

Só que estimar a data em que determinada lavoura estará no estádio de DP exige muita atenção e qualquer variação de temperatura pode comprometer esse manejo, que é considerado o mais crítico, principalmente se o produtor se basear em um número fixo de dias entre a emergência e a DP. "Se atrasa, o mal é menor. Mas se antecipa, em função de dias mais quentes, o produtor poderá estar jogando dinheiro fora. Já não consegue atender as recomendações da pesquisa", explica Steinmetz. Isso porque, segundo o pesquisador, a aplicação da ANC, principalmente em grandes lavouras, demanda planejamento e uso de aviões. "Dessa forma, aquele produtore que consegue prever a data estimada em que irá necessitar do avião para realizar a ANC, usando o GD Arroz, certamente terá vantagem sobre aqueles que não o utilizam", afirma.

O aplicativo, portanto, dá suporte a esse planejamento e à tomada de decisão, indicando os manejos adequados nos momentos mais apropriados. O que tem incidência direta tanto nos custos de produção, como no retorno das lavouras na época de colheita. Além disso, o aplicativo para tablets ou celulares, além de proporcionar mobilidade, pode ajudar o produtor a racionalizar as idas à lavoura. "Hoje, o custo da lavoura de arroz está muito alto. Por isso, tudo o que o produtor puder fazer para otimizar os gastos contribui", completa Steinmetz.
 
Como o GD Arroz funciona?
Para utilizar o aplicativo, o produtor precisa escolher dados como o município onde a lavoura está situada, selecionar um dos sete subgrupos no qual está inserida a cultivar semeada, a cultivar, o estádio desejado e inserir a data de emergência das plantas. A partir dessas informações, o aplicativo indica qual a data estimada do estádio desejado e, ainda, apresenta algumas orientações de manejo recomendadas pela Sosbai.

No aplicativo, é possível verificar, portanto, a estimativa das datas com base nas temperaturas médias diárias de 30 anos e nas temperaturas da safra atual, estabelecendo o desvio, em dias, entre ambas. Informações que, segundo Steinmetz, ajudam no planejamento estratégico e na tomada de decisão tática, respectivamente. Além disso, um mapa indica o período estimado que a cultivar selecionada leva para atingir determinado estádio nas diferentes regiões do estado.

Longo processo de desenvolvimento
Ao todo, foram 12 anos para o desenvolvimento do método Graus-dia para o estado, processo que teve início na safra 2004/2005. Steinmetz teve o primeiro contato com a metodologia nos Estados Unidos, quando realizou sua dissertação de mestrado. A inspiração vem do DD50 (Degree-Day), desenvolvido pela Universidade de Arkansas, na década de 1970, para ajudar os produtores na aplicação de ureia em cobertura nas lavouras de arroz.

Mas, antes de começar a adaptar o método ao estado, a equipe de pesquisa precisou concluir algumas etapas para subsidiar os dados que seriam utilizados na ferramenta. Primeiro, determinou as exigências térmicas de cada uma das 36 cultivares utilizadas pelos produtores. Em uma segunda etapa, estimou a ocorrência dos seis estádios em 17 localidades situadas nas principais regiões orizícolas do Rio Grande do Sul – bastante diferenciadas em temperatura, segundo Steinmetz. A terceira etapa consistiu em validar essas informações, em condições de lavoura, nas distintas regiões produtoras. O trabalho durou quase dez anos e foi descrito em diferentes publicações que, hoje, servem como base teórica para o aplicativo.
 
Parcerias
A Embrapa também contou com a parceria de outras instituições para abastecer e validar a ferramenta. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet/8º Disme) disponibilizou os dados diários da série histórica de 30 anos (1976-2005) de temperatura referentes ao ano da safra, que permitem estimar a data de ocorrência de cada um dos seis estádios para a safra em questão. A Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro) também contribuiu com os dados da série histórica de temperatura do ar para algumas localidades. E o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) teve uma participação muito importante na validação, em condições de lavoura, em duas safras, das informações geradas pelo programa. Ao todo, cerca de 40 pessoas se envolveram no desenvolvimento do GD Arroz.

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