A natureza é exuberante. Basta olhar rapidamente um fragmento de floresta ou um jardim para perceber a presença de diferentes tipos de plantas. Existe uma gama de variações entre as espécies e entre indivíduos de uma mesma espécie, envolvendo diferentes formas, cores e tamanhos de caules, folhas, flores e frutos. Isso se chama diversidade ou riqueza natural. Essa plasticidade visual é resultado da expressão genética juntamente com fatores ambientais, ou seja, o meio em que o ser vivo cresceu. A diversidade vegetal é um recurso que deve ser conservado, uma vez que a existência de variação genética é um pré-requisito para o melhoramento de plantas.
Uma das estratégias para garantir a conservação da diversidade genética de espécies são os bancos de germoplasma. Tais mecanismos, comumente utilizados por instituições de pesquisa e ensino, viabilizam a manutenção de um grande número de diferentes indivíduos de uma mesma espécie ou de espécies parentes. No caso das plantas, as espécies podem ser conservadas em seu próprio hábitat natural (conservação in situ) ou por processo externo à natureza, mediante a sua manutenção em jardins, casas de vegetação, câmaras frias e em tubos de ensaio nos laboratórios (conservação ex situ).
Estudos de avaliação genética podem identificar plantas repetidas nos bancos de germoplasma e avaliar os níveis de distinção entre indivíduos, facilitando o uso e intercâmbio de material. A avaliação da diversidade genética é uma tarefa complexa que envolve a coleta de dados em campo e em laboratório, além do auxílio de métodos estatísticos. A análise dos dados possibilita classificar e agrupar as plantas quanto à origem, grau de parentesco e semelhança visual. Esse tipo de trabalho é lento e criterioso, porém, os resultados gerados ampliam o conhecimento sobre as espécies. Uma vez publicados, os dados são de domínio público e podem ser acessados pela sociedade em geral.
As maiores coleções genéticas envolvem espécies agrícolas de grande interesse econômico como soja, arroz, cevada, milho e citros. É uma tendência que espécies com potencial de uso na agricultura estejam associadas à conservação da diversidade em grandes bancos de germoplasma pelo mundo. Isso pode ser explicado pela relação crescente entre diversidade de recursos genéticos e desenvolvimento da agricultura.
O trabalho de conservação de plantas demanda mão de obra especializada, espaço físico adequado e investimentos, mas pode ser extremamente compensador para a ciência, a agricultura e a sociedade em geral. Uma planta com potencial genético pode se tornar uma nova variedade no mercado agrícola ou servir como doadora de material genético em processos de cruzamento com outros indivíduos da mesma espécie, podendo resultar em plantas com maior capacidade de adaptação ambiental, mais produtivas e resistentes a doenças. Esse esforço de pesquisa também pode contribuir para diversificar a produção.
A chamada “Revolução Verde”, fenômeno que marcou o desenvolvimento da agricultura no mundo, a partir da década de 1940, teve entre seus pilares o melhoramento genético de sementes para introdução de novas espécies no campo, fator que permitiu aumentar a produção de alimentos e a oferta para os mercados internos e externos. Nesse processo, novas variedades de milho, soja e trigo, de alta produtividade e ampla adaptação às condições de clima e solo de diferentes regiões contribuíram para tornar a agricultura mais competitiva em diversos países.
Isso mostra que investir na ampliação e manutenção da diversidade genética pode resultar em ganhos reais para a sociedade. No caso do Brasil, País que possui a maior diversidade genética vegetal do mundo e tem a agricultura como importante base econômica, conservar a diversidade de plantas é um investimento necessário para instituições de pesquisa e uma estratégia eficiente para o atendimento de novas demandas do setor agrícola.
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