Já faz alguns anos que dois acontecimentos são freqüente na agricultura brasileira. O primeiro é o deslumbramento tecnológico em função das novidades e inovações. O segundo é o amargo sabor das perdas de patrimônio e saída repentina do mercado por um enorme contingente de agricultores.
A tecnologia, sem dúvida, traz prosperidade e moderniza sistemas de produção agrícola, o poder transformador da tecnologia faz com que avançamos sobre diferentes ecossistemas e amplia a capacidade humana de produzir alimentos em diferentes ambientes. As empresas, principalmente as multinacionais, garantem que a magia tecnológica vai naturalmente chegar em todos os cantos do pais atingindo desde os sistemas familiares mais simplificados até os grandes sistemas caracterizados pelo agronegócio de exportação.
A "quebra financeira" de agricultores é uma constante. Qual é a pessoa ou a cidade que não viu esse drama? O agricultor começa a capitalizar, para de poupar, passa a investir mais, amplia suas terras, aumenta e moderniza a frota de máquinas, embeleza a propriedade com enormes barracões e residências deslumbrantes, pouco tempo depois vem a notícia: o fulano "quebrou". Esses agricultores sofrem de um mal que os economistas chamam de "síndrome do castelinho de areia". O alto nível de investimento e o crescimento rápido abalam as estruturas, fragilizam a gestão imatura levando a empresa ao caos.
Parece que grande parte dos agricultores e técnicos acreditam que o primeiro acontecimento não tem nada a ver com o segundo, discutem ou fazem opção por uma determinada tecnologia acreditando ter a segurança de que a gestão está a altura da adoção. Assim observamos que boa parte das propriedades agrícolas que atingem altas produtividades tem a rentabilidade diminuída. É comum no Brasil o aumento de produção comprometer a rentabilidade da lavoura. Em um mercado cruel como o de commodities é comprometer a competitividade do negócio, uma oscilação de mercado deixa a empresa mais vulnerável e coloca o agricultor no precipício.
Para alguns estúpidos não há escolha: "usar tecnologia de ponta ou morrer". Não é bem assim, o agricultor brasileiro pode se livrar dos extremos, precisa experimentar novas táticas de sobrevivência. Priorizar a rentabilidade é uma velha regra que pode ser transformada em um seguro e moderno "modelo de gestão".
|