A seringueira, árvore nativa da Bacia Amazônica, tem sido plantada por muitos produtores brasileiros e de outros países na América Latina devido as suas qualidades como planta fornecedora de borracha para diversos produtos utilizados diariamente em toda a humanidade. Dentre os mais interessantes está um curativo que acelera a vascularização e a cicatrização de feridas. A Agenda Estratégica da Borracha 2010–2015, lançada em Brasília pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, é um claro exemplo de que o esforço conjunto das pessoas e das instituições resulta em uma mudança significativa para melhor em um setor estratégico para o Brasil. Segundo Agnaldo José de Lima, da Coordenação Geral de Apoio às Câmaras Setoriais e Temáticas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a cadeia da borracha está entre as cinco com maiores oportunidades de crescimento e negócios.
A seringueira permanece viva por décadas no sistema de produção, contribui para refrescar o ambiente sob sua copa e para manter a água fresca, em quantidade adequada na propriedade. As árvores interceptam e amortecem a força de queda da chuva sobre o solo e reduzem o escoamento rápido de água e solo para o leito dos rios, o que evita o assoreamento e o transbordamento. Essa planta pode ser inserida nos projetos de reflorestamento para atender a legislação quanto à reconstituição da área de reserva legal após o Cadastro Ambiental Rural (CAR), de acordo com o zoneamento agroclimático nos projetos técnicos.
Outra vantagem de cultivar a seringueira é a viabilização econômica do uso da terra, pela venda de látex, borracha natural, sementes, mudas, óleo de sementes, mel, madeira e títulos conhecidos como créditos de carbono nos casos de florestas certificadas para essa finalidade. Com a seringueira é possível ter renda semanal na propriedade, dando um bom fluxo de recursos para custeio das despesas familiares e da própria fazenda. Soma-se a esse fato a possibilidade do aproveitamento de madeira da árvore para móveis e energia ao final do ciclo de produção de borracha, o que contribui positivamente na mudança do paradigma de que a seringueira sirva apenas para produzir borracha.
Desse modo, o novo ciclo de desenvolvimento da heveicultura nos estados brasileiros é mais abrangente e os sistemas de produção da seringueira tendem a destacar-se em sustentabilidade à semelhança de florestas plantadas e certificadas de outras espécies.
A existência de instituições produtoras de conhecimento e tecnologias para o cultivo da seringueira, das empresas de produção de mudas de acordo com padrões técnicos normatizados, das instituições de crédito financeiro, dos profissionais de assistência técnica ao produtor, de produtores interessados em cultivar, da mão de obra qualificada e de política de garantia de preços explica, em parte, o sucesso da retomada das florestas plantadas com seringueira no Brasil. Com essas perspectivas, a heveicultura vem ganhando terreno em várias regiões, mesmo em locais com alto custo da terra em que há forte competição com outras culturas para a produção de alimentos. Um componente fundamental do sistema de produção de seringueira é o fator tecnológico, representado pelos clones com características silviculturais apropriadas localmente, uma vez que o plantio de mudas apenas por sementes não constitui uma prática recomendada para fins econômicos até o momento.
Mas não existe um superclone, ao ponto de serem dispensáveis todas as outras tecnologias de suporte, que também são primordiais e devem estar acessíveis aos produtores. A maior ou menor adoção de tecnologias de suporte vai determinar o maior ou menor ciclo de imaturidade das florestas para que entrem em produção e a ausência de ações de controle de plantas daninhas pode inviabilizar economicamente o projeto devido ao baixo estande final de árvores por hectare.
Dentre as tecnologias de suporte à heveicultura estão aquelas para o controle de plantas daninhas baseadas em métodos físicos e químicos, as tecnologias de correção de acidez e fertilização da terra, as tecnologias de produção de mudas, as tecnologias de irrigação e aquelas destinadas ao controle de doenças e pragas que são inerentes aos sistemas de produção. Para viabilizar os adubos a preços mais baixos no Acre, faz-se necessária uma indústria misturadora que importe os insumos em grande escala relativa para preparar os produtos finais embalados conforme a formulação adequada a cada cultura. As demais tecnologias e serviços podem ter custo reduzido se forem adquiridas em grandes lotes, requerendo associativismo por parte dos interessados.
Portanto, a pesquisa científica, as inovações em métodos e produtos tecnológicos, as atividades de extensão rural, as empresas de base tecnológica para o campo e as estratégias globais de comercialização são alguns pontos relevantes para um bom projeto político público ou privado de garantia de sustentabilidade dos empreendimentos florestais neste mundo de economia globalizada.
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