As geotecnologias apresentam conceituação multidisciplinar e aplicação global e incluem o sistema de informação geográfica (SIG), o sistema global de posicionamento e navegação via satélite (GPS - GNSS), o sistema de sensoriamento remoto (satélites e sensores) e o sistema de cartografia automatizada ou digital.
O emprego das geotecnologias na agricultura, mais especificamente, na agricultura de precisão, apresenta-se como um novo modelo de manejo das propriedades rurais, sendo fundamental no controle e na organização das atividades de campo, na economicidade e sustentabilidade do sistema, sempre procurando atender às demandas mundiais: maior produtividade e manutenção dos recursos naturais por meio de seu uso racional.
No Brasil, as geotecnologias já são imprescindíveis em um pequeno número de grandes propriedades rurais, onde considerável soma de capital é investida na otimização da produção animal ou vegetal. Os produtos possuem valor agregado voltado a um mercado consumidor competitivo, que exige adequação ambiental e social. Nas pequenas e médias propriedades, as geotecnologias tornam-se cada vez mais aplicáveis e acessíveis, por exemplo o uso de geotecnologias gratuitas para delimitar áreas e elaborar mapas de pequenas propriedades rurais visando o planejamento do uso das terras, conservação ou recuperação de áreas degradadas – vide o CAR, Sistema de Cadastro Ambiental Rural dos imóveis rurais, regulamentado pelo Decreto 7.830/2012.
Outras aplicações das geotecnologias na agricultura vêm da agrometeorologia e previsão de eventos climáticos (precipitações, estiagem curta e prolongada, monitoramento de secas e temporais) muito importantes para as plantações, balanço do fluxo de energia, estimativa da produção das culturas e estoque de carbono florestal por meio de índices de vegetação, e outras aplicações em desenvolvimento.
O estudo da dinâmica de uso e cobertura das terras a partir da aplicação de imagens de satélite ou fotos aéreas subsidia avaliações da dinâmica agropecuária regional e de seus impactos ambientais e socioeconômicos visando ações de planejamento e gestão territorial da região a ser estudada de forma sustentável.
Nesse contexto, a Embrapa Monitoramento por Satélite desenvolve o projeto Sustentabilidade, competitividade e valoração de serviços ecossistêmicos da heveicultura em São Paulo com uso de geotecnologias, que utiliza técnicas de análise espacial, por intermédio de geoprocessamento, para identificar padrões de dados espacializados abióticos e bióticos do ambiente da heveicultura, além de dados socioeconômicos da área de estudo inserida no noroeste do Estado de São Paulo. Para tanto, faz-se uso de dados georreferenciados e imagens de satélites para o mapeamento das informações, correlação entre as variáveis de estudo, dinâmica dos seringais, estimativa de biomassa dos seringais, balanço do fluxo de energia e análise de dependência espacial. Os resultados do projeto serão fundamentais para a caracterização e avaliação do desempenho de indicadores socioeconômicos, para o estudo da sustentabilidade e competitividade da heveicultura paulista, além de ser objeto de transferência de tecnologia para a sociedade.
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