|
|
Giovani Capra, Embrapa Uva e Vinho
12/08/2014
|
Carregando...
Em 2008, chegava ao Brasil a tecnologia TPC (do inglês Thermal Pest Control), para controle térmico de pragas e doenças da videira. Ela – que consiste em um processo de tratamento à base de ar quente, lançado nas plantas por um implemento rebocado por trator – difundiu-se rapidamente: em 2011, o método foi usado em cerca de mil hectares de vinhedos em todo o país. Diante de tamanha disseminação, surgiu expressiva demanda por informações e orientações técnicas sobre o uso da tecnologia.
Essa busca por dados deu origem a um projeto de pesquisa cujos primeiros resultados foram apresentados em seminário realizado na tarde de quarta-feira passada, dia 6, no auditório da Embrapa Uva e Vinho, em Bento Gonçalves (RS). São duas as conclusões mais significativas do trabalho – e também do debate que se deu durante o evento. De uma parte, os estudos feitos até o momento apontam que o fluxo de ar quente, nas condições em que foi testado, não inativa nem mata os esporângios (‘sementes’ do fungo causador) de míldio, uma das mais danosas doenças da videira no mundo, assim como pode ensejar aumento na atividade de lançamento das sementes de fungo ativas. De outro lado, o TPC, suplementando um esquema de controle químico, promove redução de lesões de míldio nos cachos, a partir de aplicações na fase de floração da videira. Isso indica que a tecnologia pode ser útil como um dos métodos do manejo integrado de doenças da videira – sendo o mecanismo biológico dessa redução um dos aspectos que permanece a ser investigado.
Em um vinhedo, aparato por meio do qual se faz o tratamento à base de ar quente
O seminário de quarta-feira contemplou a caracterização detalhada do fluxo de ar quente e seus efeitos sobre a planta, sobre a ocorrência de doenças (tendo como modelo o míldio) e sobre os mecanismos de resistência da videira a doenças. Também estiveram em pauta relatos sobre o manejo de pragas e a elaboração de vinhos a partir das uvas colhidas nas áreas experimentais do projeto. As exposições foram feitas por pesquisadores da Embrapa e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) – Campus Bento Gonçalves, com grande interação do público.
O chefe adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Uva e Vinho, Alexandre Hoffmann, salienta que o seminário foi importante não só por sistematizar e apresentar o conhecimento gerado até o momento em decorrência do projeto. Para ele, o encontro foi “uma oportunidade para identificar novos pontos de convergência com a demanda do setor vitivinícola e dos parceiros no trabalho, que desejam ter uma visão técnica e com bom embasamento científico para orientar investimentos dos produtores no TPC”. Em tal sentido, Hoffmann observa que os próprios participantes da reunião reportaram outros estudos sobre a tecnologia já feitos no Brasil, assim como produtores apresentaram relatos de novos resultados positivos obtidos com o método a campo, o que ajudará a nortear os pesquisadores na continuidade dos estudos sobre o TPC.
O trabalho sobre a tecnologia foi desenvolvido em uma parceria entre Embrapa, IFRS – Campus Bento Gonçalves, Vinícola Cave Geisse, Supergasbras e Vinícola Miolo. Cerca de 70 pessoas participaram do evento de apresentação dos primeiros resultados da pesquisa, iniciada em 2012.
|