Uma das mais versáteis e mais usadas energias na agricultura é a elétrica. A origem do termo eletricidade vem dos gregos, especificamente do filósofo Tales de Mileto que percebeu o fenômeno da atração eletrostática entre a pele de um animal e o âmbar (um tipo de resina vegetal fóssil), a palavra âmbar em grego é elektron, então Tales chamou esta “energia” atrativa de eletricidade.
A natureza elétrica da matéria se refere diretamente a estrutura dos elementos da natureza e de maneira bem simplista a origem da eletricidade se dá através do elétrons que são partícula carregadas negativamente que “orbitam” o núcleo do átomo (atualmente sabe-se que este modelo não é real, pois na verdade o elétron é uma nuvem de probabilidade que “orbita” uma região com densidade de probabilidade em torno de outra nuvem de probabilidade referente aos prótons e nêutrons).
Mas no contexto agrícola pode-se considerar que estes elétrons podem ser retirados destas órbitas, transformando-se em cargas livres. Se houver um caminho formado por átomos (condutor) que sofra uma mudança de configuração quântica entre as extremidades deste condutor, estas cargas livres entraram em movimento, perfazendo a famosa Corrente Elétrica (I), esta mudança de configuração quântica tem o nome de Diferença De Potencial Elétrico (DDP) e envolve um campo vetorial chamado campo elétrico.
A combinação entre a diferença de potencial elétrico (vulgarmente chamada de voltagem) e a corrente elétrica (vulgarmente chamada de amperagem) gera a Potência Elétrica (P) que é proveniente da Força Eletromotriz (EMF), ou seja a EMF é a relação entre a quantidade cargas elétricas em ação (energia elétrica) e a quantidade de trabalho (energia útil) que um dispositivo pode produzir.
Percebe-se que estes conceitos são amplamente utilizados na agricultura, pois a EMF é que faz com que motores elétricos atuem. É são a voltagem e amperagem que possibilitam que os sistemas de iluminação, controle e automação utilizados no mundo agrícola sejam operacionais e por fim é a energia elétrica (não importa se proveniente da rede de transmissão, de um sistema isolado de geração ou de uma bateria) que operacionaliza e possibilita a informática e assim todas suas benesses.
Segundo o IBGE (2006) 69,5% de todas as propriedades agrícolas brasileiras utilizam energia elétrica e 100% das agroindústrias empresariais tem acesso a esta fonte energética. Destes estabelecimentos agrícolas 68,02% tem fornecimento externo, proveniente de empresas distribuidoras. São geradores de sua própria energia elétrica 1,48% destes estabelecimentos e deste montante 0,62% produz energia elétrica através de fonte solar; 0,01% através de energia eólica; 0,14% através de energia hidráulica; 0,59% através da queima de combustíveis e 0,12% através de outras formas.
Um dado contraditório no panorama da eletrificação rural brasileira é que, embora aproximadamente 70% das propriedades rurais utilizem energia elétrica, a rede de distribuição de energia elétrica no Brasil segundo o Programa Luz para Todos (BRASIL, 2014) atingiu 99% das propriedades (com exceção da Região Amazônica).
Ou seja, há uma clara distorção no acesso a energia elétrica no meio rural. E uma hipótese para explicar isto é de que, estas 30,5% de propriedades rurais que não usam a energia elétrica, não o fazem por não terem como pagar a tarifa, pois sua capacidade de produção não gera recursos para arcar com a despesa da energia elétrica. Esta suposição remete a um ciclo negativo: não usa energia elétrica > porque não tem dinheiro > então não produz com eficiência/não tem dinheiro > porque não produz eficientemente > então não usa energia elétrica. Este ciclo tem que ser quebrado... a questão é... como?
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