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Felipe Rosa, Embrapa Amazônia Ocidental
06/05/2014
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Até que a banana chegue à mesa do consumidor são necessárias dezenas de atividades, desde a escolha da área de plantio até a disposição dos frutos nas gôndolas. Para uma destas etapas – o desperfilhamento da bananeira – um grupo de pesquisadores da Embrapa Amazônia Ocidental, Unidade descentralizada da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária localizada em Manaus (AM), desenvolveu um equipamento que vai facilitar a vida do agricultor.
O desperfilhador por roto-compressão, a ser lançado na 3ª Mostra de Máquinas e Inventos para Agricultura Familiar, que acontece de 8 a 10 de maio, em Pelotas (RS), apresenta maior eficiência na eliminação dos perfilhos da bananeira do que os equipamentos existentes atualmente, proporcionando redução de mão de obra e maior praticidade de uso.
Comparado à ferramenta “Lurdinha”, utilizada em todo o Brasil pelos agricultores, o desperfilhador por roto-compressão tem eficiência 20,35% maior na eliminação total dos perfilhos. Em testes realizados em área de produtores de banana em Presidente Figueiredo (AM), apenas 0,73% de uma mostra de mil (1000) perfilhos removidos com o novo equipamento voltaram a brotar. O percentual de rebrotamento com a “Lurdinha” chegou aos 22,52%.
Mas a eficiência não se dá apenas na remoção dos perfilhos. O desperfilhador por roto-compressão também agiliza o trabalho do agricultor. Nos testes, para eliminar mil (1000) perfilhos com a “Lurdinha” foram necessárias 4h44min. Com o novo equipamento a economia de tempo foi de quase uma hora: 3h45min.
Além da “Lurdinha”, o desbaste também pode ser feito com facão. Neste caso, cortando-se a parte aérea do perfilho, é necessário repetir a operação a cada 30 dias. A “Lurdinha” também possui outras desvantagens, como maior esforço do operador, além da dificuldade de a gema de crescimento sair da janela do equipamento.
Desperfilhamento
A bananeira produz grande número de perfilhos (brotos), o que proporciona uma quantidade elevada de plantas por touceira. A competição entre elas reduz a produção do bananal e a qualidade dos frutos. Para que a produção seja mantida, é imprescindível efetuar o desbaste, conduzindo a touceira com uma mãe, um filho e um neto. A técnica consiste em selecionar um dos perfilhos na touceira, optando-se por um perfilho vigoroso. O desperfilhamento das touceiras, apesar de simples, é crucial para o sucesso do plantio, uma vez que plantios não desperfilhados não respondem a qualquer outra tecnologia adotada, além de reduzir a vida útil dos bananais.
Funcionamento do desperfilhador
O desperfilhador por roto-compressão funciona apenas com a força do operador, não sendo necessária qualquer energia complementar, como baterias ou eletricidade. Para começar o trabalho, o operador deve segurar o guiador do equipamento com as duas mãos e colocar a extremidade inferior no perfilho já cortado, onde fica a gema apical. Esta extremidade inferior do desperfilhador é formada por uma broca, semelhante a uma pua com rosca sem fim. Com a aplicação da força do operador para baixo, uma mola do desperfilhador é comprimida, fazendo a broca girar e penetrar o perfilho, destruindo a sua gema apical. Com a utilização do desperfilhador, acontece o dilaceramento dos tecidos da gema apical, que corresponde à etapa final do ciclo de trabalho.
Grupo de Pesquisa
O grupo da Embrapa Amazônia Ocidental que desenvolveu o equipamento é formado pelos pesquisadores Luadir Gasparotto, José Clério Rezende Pereira e Adauto Maurício Tavares, e pelo técnico de laboratório Ricardo Pessoa Rebello. Para o chefe-geral da Embrapa Amazônia Ocidental, Luiz Marcelo Brum Rossi, o lançamento do desperfilhador por roto-compressão tem grande importância para a Unidade. “Mas mais importante ainda é a contribuição ao sistema produtivo da banana, baseado na agricultura familiar. Esta inovação trará, sobretudo, aumento de produtividade da mão de obra, maior eficiência no processo de desperfilhamento e também melhoria nas condições de trabalho, por ser uma ferramenta mais ergonômica e de menor esforço operativo”, destacou.
Cultura da Bananeira
A cultura da bananeira (Musa spp.) ocupa o segundo lugar em volume de frutas produzidas e a terceira posição em área colhida no Brasil. É considerada uma cultura de subsistência, produzida em pequenas áreas rurais. A safra brasileira corresponde a 7,3 milhões de toneladas para uma área colhida de 503.354 hectares, distribuídos entre 65.500 produtores, conforme dados de 2013.
Comercialização
O equipamento ainda não está disponível para comercialização. A Embrapa vai abrir edital para licenciar empresa(s) interessada(s) em fabricar o desperfilhador por roto-compressão. O equipamento está registrado no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) sob o número BR 10 2014 004382 9.
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