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Clima  
Mudanças climáticas desafiam cientistas a aperfeiçoar modelos de produção agrícola
AgMip é um projeto que reúne mais de 600 membros de diversos países preocupados em aperfeiçoar os modelos agrícolas
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Embrapa Informática Agropecuária
10/10/2013

Como as mudanças climáticas vão impactar os sistemas de produção agrícola e quais os benefícios das adaptações? Essas são algumas das questões que estão desafiando os cientistas do AgMip, projeto internacional de Intercomparação e Aprimoramento de Modelos Agrícolas que busca incorporar os estudos de clima a modelos econômicos e de produção, visando apresentar soluções científicas para as principais regiões agrícolas do mundo, tanto de países desenvolvidos como em desenvolvimento.

O AgMip é um projeto que reúne mais de 600 membros de diversos países preocupados em aperfeiçoar os modelos agrícolas, usando dados regionais e globais de alta qualidade e as melhores práticas científicas para aplicações em avaliações integradas, considerando a heterogeneidade regional e a maior complexidade dos sistemas de produção. Além disso, objetiva desenvolver ferramentas para identificar e avaliar políticas e tecnologias de adaptação promissoras e priorizar estratégias, considerando séries históricas de clima e futuros cenários climáticos.

Para estabelecer um programa de avaliação regional integrada especialmente voltado a países da América Latina, cerca de 50 especialistas nacionais e internacionais participaram de um workshop na Embrapa Informática Agropecuária (Campinas, SP), de 24 a 26 de setembro. Durante o encontro, eles discutiram modelos de avaliações nas produções agrícolas, vulnerabilidade econômica, segurança alimentar sob projeções de cenários climáticos futuros e o desenvolvimento de métodos e técnicas para avaliar e identificar tecnologias e políticas de adaptação.

“O AgMip já possui muitos estudos e referências dos Estados Unidos e da África e queremos impulsionar essas atividades na América Latina”, disse o coordenador regional do projeto Roberto Valdivia, pesquisador da Universidade do Estado do Oregon (EUA). Ele explicou que o AgMIP está desenvolvendo uma nova metodologia para analisar quais serão os impactos futuros de mudança de clima na agricultura, de maneira coordenada e padronizada. Segundo Valdivia, realizar essas pesquisas na América Latina é muito importante porque a região conta com capacidade técnica e metodologia que vão ser de grande ajuda para o desenvolvimento científico.

Atualmente mais de trinta atividades do AgMip estão em andamento, de acordo com Alexander Ruane, cientista do Goddard Institue for Space Studies da Agência Espacial Americana (GISS/Nasa). Para entender qual é a sensibilidade dos atuais sistemas de produção agrícola às mudanças climáticas é preciso incorporar os estudos sobre as tendências de produtividade aos modelos econômicos globais. Também é importante simular cenários de produtividade para o cultivo de grãos e a pecuária em condições com ou sem mudanças climáticas para que se possa prever quais serão os impactos na produção futura, segundo o especialista.

Estudos pilotos de intercomparação de modelos de produção e avaliações regionais integradas estão sendo desenvolvidas pelas equipes internacionais do AgMip para a América do Norte, América Latina e Caribe, Europa, África Subsaariana, África do Sul, Ásia e Austrália. Os cientistas estão analisando 27 modelos de trigo, 18 de milho, 14 de arroz, além de pilotos de cana-de-açúcar. Para isso, é necessário construir modelos para simular e avaliar diferentes cenários e modelos econômicos que, integrados, ajudem a responder àquelas questões.

Representantes do Brasil, Argentina, Colômbia, Peru, Uruguai, Estados Unidos e Itália presentes ao evento discutiram como compartilhar experiências e informações técnicas que possam contribuir para a integração científica visando produzir conhecimento e gerar modelos, dados e recursos que beneficiem a comunidade mundial. “É preciso reconhecer que devemos avaliar não país por país, mas em conjunto, para obter um projeto consistente em toda a América do Sul”, contou Ruane. “Quando as equipes trabalham juntas, há mais oportunidades de produzir um grande impacto na comunidade científica e política. Além disso, partilhando com o outro, somos capazes de desenvolver ferramentas para melhorar todas as equipes para obter resultados científicos sólidos”, ressaltou.

O pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária Eduardo Assad lembra que as mudanças do clima impactam a agricultura independente de fronteira. Então, esse trabalho de juntar as análises do Brasil e dos demais países é muito importante para traçar uma estratégia continental na América do Sul, pois todos têm muita experiência, bons resultados e conhecimentos específicos, que serão socializados. “Nós vamos ter trocas de experiência com grupos que estão mais avançados. Por exemplo, a Argentina está bem avançada em análises de fenômenos extremos. A Colômbia ofereceu modelos para estudos com o café. Nós também vamos oferecer um pouco da nossa expertise com modelos de cana-de-açúcar. Será uma sinergia muito forte entre esses países”, afirmou Assad.

Os próximos passos serão formalizar as parcerias entre as várias instituições internacionais envolvidas e desenvolver trabalhos conjuntos para responder a cada uma das questões científicas do projeto. Os coordenadores do evento vão estabelecer um comitê geral para organizar as tarefas e coordenar a interação entre os países da América do Sul. Em outubro de 2013 haverá um encontro anual do AgMip nos Estados Unidos. Também estão previstos workshops regionais na Ásia, África e Europa nos próximos meses, quando deverão ser apresentados os planos de trabalho e resultados preliminares.

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