Nos dias de hoje pode-se definir as etapas energéticas da humanidade em três eras: Era Pré-fóssil; Era Fóssil e Eras de Transição (PINTO, 2013). Estas eras como os eventos e fenômenos da natureza não são estanques e com delimitações definidas, mas sim interagem entre si e se mesclam.
A Era Pré-fóssil inicia-se quando o homem dominou o fogo aproximadamente a 350 mil anos atrás (BRISSAUD, 1978), atingindo seu auge no uso de carvão vegetal (ao lado do carvão mineral fóssil) na primeira fase da Revolução Industrial (1750).
A Era Fóssil tem seu começo na segunda fase da Revolução Industrial (1890) e ainda é predominante no século XXI com o uso intensivo e extensivo do petróleo, gás natural e do carvão mineral.
A Era de Transição pode ser definida em várias épocas: a transição entre o fogo aceso por causas naturais (raios solares concentrados por um cristal de quartzo ou relâmpagos) e o fogo ateado por processos artificiais (atrito entre gravetos, faíscas de pedras), depois a Era da Transição entre a energia eminentemente de biomassa (madeira, palha) para a energia fóssil e atualmente a Era da Transição entre a energia fóssil e as energias renováveis.
A atual era de transição teve seu início com a crise do petróleo na década de 1970 e segundo Pinto (2013) a partir da virada do milênio nos anos 2000 ficou evidente a procura e até prioridade por parte das nações em substituir os combustíveis fósseis por fontes renováveis.
Neste panorama a agricultura tem papel de destaque, principalmente quando se pensa em biomassa, pois fato concreto é que o homem nunca deixou de usar a biomassa como fonte de energia, desde as fogueiras do Homo Erectus a 300 mil anos atrás até as modernas usinas contemporâneas de co-geração movidas a bagaço de cana.
Segundo Cortez et al. (2008) as principais fontes de biomassa atuais são: os vegetais não-lenhosos; vegetais lenhosos, resíduos orgânicos e biofluídos. Todas estas fontes direta ou indiretamente provêem das atividades agrícolas. Segundo Rosillo-Calle et al (2008) a biomassa é responsável por um terço da energia consumida nos países em desenvolvimento, variando de 90% em países como Uganda até 10% como no México, passando por 30% de toda a energia consumida pelo Brasil. No entanto a era da transição atual tende a privilegiar esta fonte de energia inclusive em países desenvolvidos tais com a Finlândia e Suécia em que 20% de sua energia provem da Biomassa, além de existirem estudos que pretendem alçar a biomassa como responsável por 30% de toda a demanda de energia da Europa em 2050 (Rosillo-Calle et al, 2008).
Portanto percebe-se claramente a grande oportunidade que se abre para a agricultura brasileira destacadamente avançada e eficiente na produção de biomassas energéticas. Uma oportunidade de ganho não só econômico e ambiental, mas também social, desde que as demandas e inovações tecnológicas levem em conta o aumento de renda não somente do grande produtor, mas do médio e pequeno também.
Bibliografia:
BRISSAUD, J. M. As civilizações pré-históricas. Editions Ferni, 1978.
CORTEZ, L. A. B.; LORA, E. E. S.; GOMES, E. O. Biomassa para energia. Editora da Unicamp, 2008.
PINTO, M. Fundamentos de energia eólica. LTC, 2013.
ROSILLO-CALLE, F.; BAJAY, S. V.; ROTHMAN, H. Uso da biomassa para produção de energia na indústria brasileira. Editora da Unicamp, 2008.
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