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Embrapa Agroenergia
21/06/2013
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A seca é o fator que mais provoca perdas na agricultura. Com a expectativa de elevação das temperaturas e agravamento dos períodos de estiagem, pesquisadores estão empenhados em antever cenários futuros e encontrar formas de aumentar a eficiência do uso da água na produção rural. O tema está em discussão no workshop que começou na quarta (19) e segue até esta sexta-feira (21), em Brasília/DF, reunindo cientistas da Embrapa e do The Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation – CSIRO, principal instituição de pesquisa da Austrália. O evento é promovido pela Embrapa Agroenergia e a Secretaria de Relações Internacionais da Empresa.
O chefe de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa Agroenergia, Guy de Capdeville, conta que a Embrapa já investe no uso eficiente da água há vários anos, com diversas culturas. No workshop, cientistas brasileiros e australianos estão apresentando as estratégias adotadas para melhorar essas caraterísticas em culturas como cana, café, soja, arroz e trigo. Ao final do evento, “vamos discutir quais grupos podem trabalhar melhor em colaboração”, diz Capdeville.
No território australiano, as plantações estão em pequenas faixas ao Sul, Nordeste, Leste e Oeste, onde se produz, principalmente, trigo, algodão, cana-de-açúcar e uva para produção de vinho. Na imensa área central composta por desertos e parques nacionais, é praticada a pecuária extensiva, com ainda menos cabeças de gado por hectare do que no Brasil. A maior parte da produção agrícola é exportada, sendo a Austrália o principal fornecedor de açúcar do leste asiático.
O pesquisador Mark Peoples, do CSIRO, conta que, tal como a brasileira, a agricultura australiana tem enfrentado alta dos custos agrícolas e instabilidade do mercado. Mas o maior desafio para o setor, ressalta, é o gerenciamento da água utilizada na produção. A Austrália passa por períodos de redução do volume de chuvas que pode durar alguns anos.
Rede de pesquisa
No Brasil, uma das iniciativas que buscam caminhos para a agricultura em cenários de redução de disponibilidade de água é a rede de pesquisa AgroHidro. Liderada pela Embrapa, ela reúne mais de 40 instituições e 80 cientistas. Coordenador dos trabalhos, o pesquisador da Embrapa Cerrados Lineu Neiva Rodrigues explica que o objetivo dos projetos da rede é avaliar os impactos das mudanças climáticas e do uso do solo na disponibilidade de água para a agricultura e em que medida eles podem afetar as comunidades rurais.
No âmbito da rede, os cientistas estudaram como a produção de buriti é alterada em situações de escassez hídrica. Com 20% a 30% menos água, a queda na renda dos produtores rurais pode chegar a 70%. “A água é o recurso mais básico para a agricultura”, lembra Rodrigues. Daí a importância dos investimentos para maximizar o aproveitamento dos volumes disponíveis para as atividades rurais. A rede AgroHidro já busca critérios para estabelecer uma certificação de uso eficiente de água e energia na agricultura irrigada, atendendo ao que prevê a Política Nacional de Irrigação, estabelecida em janeiro deste ano.
Mudanças climáticas
A rede AgroHidro integra o Portfolio de Pesquisa em Mudanças Climáticas da Embrapa, que busca entender o comportamento das culturas agrícolas em situações em que a oferta de luz e água, bem como as características dos solos e as temperaturas sejam alteradas. Tomando como base as estimativas do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), os pesquisadores utilizam sistemas de modelagem matemática para antever as condições de solo, temperatura e disponibilidade de água nas áreas de cultivo de diferentes produtos agrícolas.
Em uma das frentes de pesquisa, o objeto de estudo é o comportamento das plantas nesses cenários e as alterações de produtividade. Outro grupo dedica-se a analisar o impacto para as pragas e doenças. “Nós buscamos entender o quão vulnerável as culturas são às mudanças climáticas e a capacidade que elas têm de voltar ao estado de equilíbrio”, resume o presidente do comitê gestor do portfolio, Giampaolo Pellegrino, pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária.
Mark Peoples, do CSIRO, ressalta que o gerenciamento da água é uma preocupação comum de Brasil e Austrália e que as estratégias apresentadas durante o evento devem dar origem a trabalhos conjuntos entre as duas instituições. Resultados de pesquisas realizadas pelos dois centros podem ser compartilhados, a fim de que se possa compreender melhor o comportamento das culturas e dos biomas com as mudanças climáticas e a restrição da oferta de água. Espera-se que com o avanço na parceria, pesquisadores do CSIRO poderão passar períodos nos laboratórios da Embrapa ou como pesquisadores visitantes e vice-versa, em programas de pós-doutorado.
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