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Caio Albuquerque, USP/Esalq
08/04/2013
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A produção de rosas em ambiente protegido sob fertirrigação é uma técnica bastante utilizada pelos produtores e vem se expandindo consideravelmente, principalmente no Estado de São Paulo. “Esta técnica antes era restrita à região Sudeste, mas hoje se encontra em todas as regiões do País”, comenta o engenheiro agrônomo Carlos José Gonçalves de Souza Lima. No programa de Pós-graduação em irrigação e Drenagem, na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ), Lima desenvolveu um estudo sobre o manejo da fertirrigação no cultivo de roseiras em ambiente protegido.
Segundo o pesquisador, o manejo adequado da irrigação associado à fertirrigação nitrogenada é um fator relevante nos parâmetros de produtividade e de qualidade das rosas. Orientado pelo professor Sergio Nascimento Duarte, do Departamento de Engenharia de Biossistemas (LEB), o objetivo do trabalho foi avaliar a produtividade e a qualidade das hastes florais na cultura da roseira, variedade Samourai Meikatana. Na prática, a pesquisa submeteu as roseiras a diferentes fatores de depleção de água no solo e doses de nitrogênio (N) aplicadas via fertirrigação sob cultivo em ambiente protegido. As roseiras foram fornecidas pela empresa Moerheim Roses & Trading BV que, na pessoa do Ton Witmer, liberou a patente para o cultivo.
Aplicação excessiva de água e fertilizantes ainda é uma prática comum por parte dos produtores
De acordo com o autor do trabalho, o experimento foi conduzido em 16 tratamentos na área experimental do LEB, com apoio do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia - Engenharia da Irrigação (INCT-EI) e o sistema de irrigação utilizado foi o gotejamento, adotando manejo de irrigação com tensiômetros providos de transdutores de pressão. “Ao longo do ciclo da cultura foi realizado o monitoramento da condutividade elétrica, potencial hidrogeniônico e a concentração de nitrato e potássio na solução coletada”, explica Lima. Foram avaliados a produtividade, os parâmetros qualitativos das hastes e botões, a temperatura e o potencial hídrico na folha, o consumo hídrico, a produtividade da água, o teor de nutrientes no tecido vegetal e a renda bruta. “O monitoramento da solução do solo permite inferir sobre a concentração de nutrientes e tomar decisões para evitar excesso ou deficiência ao longo das colheitas”, complementa.
A pesquisa também teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e, em seus resultados, demostrou que a dose de N que maximizou a produção comercial de hastes decresce à medida que prolongam as colheitas. “O estresse hídrico temporário (depleção) afetou negativamente os parâmetros quantitativos e qualitativos das hastes de rosas. A produção e a qualidade das hastes foram mais afetadas pelas doses de nitrogênio do que pelos níveis de depleção de água no solo”, reforça Lima. Ainda segundo o autor, a temperatura foliar e o potencial de água na folha foram afetados pelos níveis de depleção e não são influenciados pelas doses de nitrogênio e o consumo hídrico foi afetado por ambos os fatores estudados.
Em síntese, o autor do projeto pretende, com esses resultados, auxiliar os produtores no manejo da fertirrigação de roseiras em ambiente protegido. “O estudo demonstra que a implementação dessas técnicas nem sempre é realizada considerando a viabilidade técnica, econômica e sustentável do ponto de vista ambiental, e sim visando apenas lucros, ou seja, a aplicação excessiva de água e fertilizantes ainda é uma prática comum por parte dos produtores”, conclui.
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