Atualmente grande ênfase tem sido dada a sistemas agrícolas sustentáveis. No entanto, ao se deparar com as definições sobre termo sustentabilidade, qualquer técnico, sente-se imerso em um oceano de ambigüidades e subjetividade. Não há um consenso e dependendo da área muda-se no mínimo de interpretação. Saindo das questões éticas, políticas e sociais e se restringindo as ciências ambientais o termo sustentabilidade é baseado em um tripé: 1- Dependência da energia solar, 2-Biodiversidade e 3-Ciclagem química (Miller e Spoolman, 2012). Este tripé direciona toda a questão para o equilíbrio da natureza, ou seja, para um sistema natural ter sustentabilidade é essencial que o subsídio de energia proveniente do sol seja convertido pela biodiversidade de um bioma de tal forma que o capital natural deste bioma mantenha um ciclo de reciclagem de nutrientes continuo e em função do aporte de luz solar.
Neste contexto um ecossistema é uma unidade que inclui todos os organismos em uma dada área interagindo com o ambiente físico de modo que um fluxo de energia leve a estruturas bióticas definidas e à ciclagem de materiais entre componentes vivos e não vivos, é uma unidade funcional com entradas e saídas, fronteiras que podem ser naturais ou artificiais (Odum & Barret, 2011). A partir desta definição podemos migrar para a definição do que é um ecossistema agrícola, também chamado de AGROecossistema. As maiores características de um agroecossistema são baseadas também em um tripé: 1-Energia subsidiada pelo ser humano; 2- Diversidade de organismo reduzida e 3-Organismos sob seleção artificial.
Quando se compara o tripé da sustentabilidade com o de um agroecossistema percebem-se duas coisas principais. Primeiro um agroecossistema não pode existir sem aporte de energia maior do que o fornecido pelo sol, caso contrário não teria produção primária suficiente para fornecer excedentes necessários à sociedade. Pois qualquer organismo vivo que produza somente com o fornecido pela natureza (sol e outros recursos naturais: água, nutrientes, etc.) somente terá produtividade primária suficiente para sobreviver e procriar, não havendo necessidade, nem capacidade natural para produzir muito excedentes. A segunda é que o ser humano, inventor dos agroecossistemas, procura deliberadamente selecionar os melhores indivíduos para continuar o ciclo agrícola, no início da agricultura “domesticou” algumas plantas e animais, hoje chega ao ponto de modificá-los geneticamente.
Obviamente estas ações têm vantagens e desvantagens, mas o fato concreto é que segundo a ONU (2011) em outubro de 2011 a humanidade atingiu 7 bilhões de integrantes e em 2100 talvez vá atingir 14 bilhões. A grande pergunta que se faz é: a Terra aguentará? Ela, como biosfera suportará este número de habitantes no mais alto nível trófico da cadeia alimentar?? Os otimistas dizem que sim! Que haverá recursos tecnológicos que haverão mudanças sociais, talvez já estejamos morando em Marte...Os pessimistas afirmam que será o caos total e completo, que a Terra não suportará que os recursos se esgotarão e que entraremos em uma era de escuridão jamais sonhada pelos filmes de ficção mais terríveis.
Em uma postura mais realista pode-se afirmar que a própria definição de sustentabilidade nos dá a resposta. Para que a Terra “nos suporte” essencialmente temos que aumentar a taxa de conversão da energia solar, não só com organismos mais eficientes, mas também com o cuidado principal de respeitarmos a biodiversidade, promovendo tecnologias menos agressivas ao meio ambiente, principalmente priorizando a reciclagem dos recursos (todos os recursos). Pois uma coisa é certa: a primeira lei da termodinâmica ainda não foi quebrada, as segunda até dizem que sim, mas a primeira ainda não: Energia não pode ser criada nem destruída mas apenas convertida de uma forma para outra.
Referências:
HINRICHS, R. A.; KLEINBACH, M.; REIS, L. B. Energia e Meio ambiente. CENGAGE. 2010.
MILLER, G. T.; SPOOLMAN, S. E. Ecologia e Sustentabilidade. CENGAGE, 2012.
ODUM, E. P.; BARRET, G. W. Fundamentos de Ecologia. CENGAGE, 2011.
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