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Origem da data
No âmbito da Parceria Global de Solo, a FAO defendeu o reconhecimento da importância dos solos para alcançar a segurança alimentar mundial, bem como seu papel essencial como fornecedor de uma gama de serviços ecossistêmicos. Neste contexto, a FAO, com total apoio de seus países membros (conforme expresso durante o 144º Conselho de FAO realizado entre os dias 11-15 de junho de 2012), solicitou às Nações Unidas que reconhecesse o dia 5 de dezembro como o Dia Mundial do solo e que institucionalizasse a sua observância nos Estados membros.

O dia 05 de julho foi escolhido em virtude de uma resolução da Sociedade Internacional de Ciência do Solo (IUSS) ocorrida durante o XVII Congresso Mundial de Ciência do Solo em Bangkog (Tailândia) em agosto de 2002. Essa data representa o dia do aniversário de sua Majestade Real Bhumibol Adulyadej, o rei da Tailândia, que foi homenageado em função de seu empenho em promover a ciência do solo e sua conservação com vistas a uma gestão ambiental mais sustentável.

O solo
O solo, essa fina e delicada membrana viva que recobre a crosta terrestre, apresenta-se algumas vezes muito delgada, com apenas alguns centímetros e outras, profunda, podendo atingir alguns metros. Sua influência é crítica sobre os fenômenos que acontecem na superfície da crosta terrestre. O solo é o sistema que suporta a vida. Em interface com a atmosfera, a hidrosfera, a biosfera e a litosfera, o solo (a pedosfera) é responsável pelos principais processos biogeoquímicos que garantem a vida na Terra. 
 

Figura 1 - O solo em sua ambiência

Como se forma o solo
O SOLO se forma pela alteração de seu substrato geológico rochoso, a rocha-mãe, e pela decomposição da matéria orgânica morta acumulada através das folhas que caem das plantas vivas que ali se desenvolvem. A solubilização da rocha-mãe libera progressivamente para o sistema, sais minerais solúveis na solução do solo, que podem ser absorvidos pelas raízes e que vão fazer parte da planta. Os sais nitrogenados, no entanto, são provenientes do ar. A fertilidade mineral natural de um Solo é assim, função da natureza da rocha-mãe e de seu grau de decomposição.

O SOLO encontra-se no centro dos principais desafios do planeta da atualidade: a produção de alimentos, de fibras e de bioenergia, além dos serviços ambientais. Tem ainda, papel fundamental na mitigação de efeitos de mudanças climáticas, na manutenção e qualidade dos mananciais e na sustentação da biodiversidade. O solo de onde viemos é a nossa identidade, o nosso berço, o lugar onde nascemos! Diferentes lugares – diferentes solos. (Figura 2).


 
Figura 2 - A Importância do SOLO para o planeta

A RIO + 20, Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, trouxe em seu bojo um grande desafio para a humanidade, o de alimentar uma população crescente, que atingirá, segundo as estimativas da FAO, cerca de 9 bilhões de pessoas em 2050. E não basta alimentar, há que se produzir fibras e energia e serviços ambientais, de maneira econômica, social e ambientalmente sustentáveis. No equilíbrio desse tripé da sustentabilidade, deve residir nossas preocupações de conhecimento, pesquisa e inovação, para que a produção seja acompanhada da garantia de conservação ambiental, redução do desmatamento, manejo sustentável dos recursos naturais (água, solo, vegetação), redução das desigualdades regionais, sociais e econômicas. Trata-se de um desafio complexo, que não possui uma resposta única.

Para abordar essa complexidade torna-se necessário o conhecimento dos recursos naturais SOLO e ÁGUA, que estão na base do aparecimento e do desenvolvimento das civilizações, desde que o homem deixou a coleta e a caça e passou a se fixar e cultivar a terra e a domesticar os animais, dando origem à agricultura.

As primeiras grandes civilizações surgiram nos vales dos grandes rios, em todas as partes do planeta. O solo é assim, o berço da vida, juntamente com a água. O solo é a nossa célula-mãe, o motivo da nossa atenção profissional, de nossa dedicação diária. Todos os seres vivos dependem dele, de uma forma ou de outra.

Os alimentos não nascem nas prateleiras dos supermercados, nem a água nas torneiras de nossas casas.

Os solos variam na paisagem, em curtas distâncias e essa variação não é aleatória. Eles não apenas aparecem diferentes, como eles se comportam diferentemente em termos de uso e manejo. Esta variabilidade dos solos é o reflexo de sua interação com os outros componentes do planeta terra (figura 1).

A história nos ensina que solos pobres sustentam países pobres. E que os países pobres podem tornar seus solos pobres ainda mais pobres, pela falta de conhecimento e recursos para manejá-los.

Seria isso um paradoxo no caso do Brasil? Como podemos ter solos, em geral pobres (solos da faixa intertropical) e um tão forte setor agrícola? O Brasil é o 2º maior exportador de alimentos do mundo e o 1º de bicombustíveis, servindo hoje como exemplo para o mundo, que possui uma demanda crescente por alimentos e energia limpa e verde.

A resposta a esse aparente paradoxo é a pesquisa, a tecnologia e a visão estratégica de nossos governantes.

Foi com pesquisa e tecnologia que o Brasil promoveu a revolução verde nos anos 70, expandiu a fronteira agrícola do país, com a domesticação dos solos, transformando em celeiro o cerrado brasileiro, hoje, orgulho do agronegócio brasileiro!

O conhecimento e a tecnologia chegaram também para os agricultores familiares, através do sistema nacional de pesquisa agropecuária, envolvendo a Embrapa, as OEPAs (Organizações Estaduais de Pesquisa Agropecuária) e demais instituições parceiras.

Mas, o uso e manejo inadequados do SOLO ameaça o desenvolvimento sustentável, especialmente no que diz respeito à segurança alimentar do planeta e à sustentabilidade da nossa espécie na face da terra.

De acordo com levantamentos da FAO, a quantidade de terra arável por pessoa tem diminuído pela metade e destas, a maioria está sofrendo degradação. A cada ano, tem-se uma perda de mais de 20 bilhões de toneladas de solos por causa da erosão. Isto significa mais do que três toneladas de solo por pessoa/ano. Além disso, tem-se outros danos, como a contaminação, a impermeabilização, a compactação e a degradação do solo.

Assim, urge que a sociedade tome conhecimento da importância do Solo e de que a nossa sustentabilidade está em jogo, caso não se tome decisões e ações que favoreçam a sustentabilidade e a resiliência dos solos nos sistemas produtivos de hoje, evitando sua degradação e perda, bem como seu papel vital na mitigação das mudanças climáticas, como reservatório de carbono, de água, nutrientes e outros serviços ambientais.

Assim, o dia 5 de dezembro serve para nos lembrar a importância vital do SOLO para a vida na Terra. E que seja sempre, o SOLO nosso de cada dia!

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Francisco de Brito Melo- Pesquisador da área de solos da Embrapa Meio Norte
05/12/2012 - 15:54
Gostaria de parabenizar minha colega Maria de Lourdes Mendonça pelo belíssimo artigo sobre o solo e me solidarizar,com a oportuna preocupação colocada sobre a galopante taxa de degradação desse recurso tão precioso tanto para as gerações atuais quanto para as futuras, que não podem ser responsabilizadas por esse passivo ambiental. O solo é tão importante para humanidade que além das várias utilizações listadas pela autora, será o local do repouso eterno dos corpos humanos.

Manoel Messias Saraiva Barreto - Pesquisador de solos da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos-FUNCEME, Fortaleza-Ceará
19/12/2012 - 12:37
Muito pertinente o artigo sobre solos da pesquisadora Maria de Lourdes. Somos uma equipe(peque) de pedólogos e trabalhamos com levantamentos e classificação e também com solos degradados sujeitos à desertificação, que foi exposto, muito bem, aqui neste artigo.
Parabéns pesquisadora por ter explicitado o valor do conhecimento de nossos solos dando a importância devida.
Um abraço
Messias
(messias@funceme.br)

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