Atualmente estima-se que o Brasil possua cerca de 6,5 milhões de ha florestas plantadas, cultivadas com eucalipto (75%) e pinus (25%), predominantemente na região Sul e poderá ampliar sua área para cerca de 15 a 16 milhões, em 10 anos, o que demandará investimentos da ordem de R$ 40 bilhões e gerará cerca de 200 mil empregos no meio rural, ressaltando que o setor florestal pode vir a ser uma atividade estratégica para o desenvolvimento do país.
Segundo informações do Anuário Estatístico 2012 da Associação Brasileira dos Produtores de Florestas Plantadas (ABRAF), em 2011 o Valor Bruto da Produção Florestal alcançou R$ 53,91 bilhões, atingindo 4,73 milhões entre empregos diretos e indiretos, gerando receitas de exportação da ordem de US$ 7,97 bilhões, com superavit de US$ 5,73 bilhões.
No Brasil, 36,1% de toda a madeira produzida são utilizados para a produção de celulose, ao passo que a produção de serrados, a siderurgia a carvão vegetal, os painéis de madeira industrializada e os compensados consomem, respectivamente, 15,2%, 10%, 7,4% e 3,7% do total de madeira. O restante (26,3%) é destinado à produção de lenha e outros produtos florestais.
As principais razões para a preferência do Eucalyptus como espécie florestal para implantação de florestas cultivadas são: o grande conhecimento técnico-científico e de manejo sobre a espécie; a sua ampla adaptação às diferentes regiões do país; a alta produtividade de biomassa num relativo curto espaço de tempo (5 a 7 anos); e a sua grande versatilidade de uso, com destaque para os segmentos de papel e celulose, siderurgia a carvão vegetal e painéis de madeira industrializada.
Linha de crédito estimula implantação de 4 milhões de hectares de florestas em cultivos consorciados, ou seja em sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF)
No período 2005-2011, o crescimento acumulado da área plantada com florestas foi de 27,9%, ou seja, 3,0% ao ano. Importante ressaltar que da área plantada se deu principalmente em estados situados nas novas fronteiras do setor, como o Maranhão, Tocantins, Piauí e o Mato Grosso do Sul. O principal fator que alavancou esse crescimento foi o estabelecimento de novos plantios frente à demanda futura dos projetos industriais do segmento de Papel e Celulose.
Outro fator positivo para o crescimento da área de florestas plantadas é o aumento da pressão da sociedade mundial para a redução do desmatamento das florestas nativas. É importante ressaltar que cada 1,0 ha de plantio florestal em área recuperada, oriunda de área degradada, contribui para a preservação de 0,94 ha de floresta nativa.
Na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, a Rio+20, realizada em junho, no Rio de Janeiro, o Brasil chamou a atenção da comunidade internacional para o fato de que nos últimos anos está conseguindo reduzir o desmatamento ilegal na Amazônia. Grande destaque também foi dado ao Plano do Governo Federal de Redução das Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), em 36% até o ano de 2020.
Para dar suporte às metas do Plano, no setor agrícola, o governo criou o Programa Agricultura de Baixa Emissão de Carbono, o Programa ABC, que visa incentivar a adoção de uma série de tecnologias e práticas que possibilitam aumentar a produção de alimentos, de energia e de madeira, de forma sustentável, sem a necessidade de expandir a área de produção, ou seja, que permitem intensificar a produção em áreas já cultivadas e recuperar áreas degradadas, em especial, de pastagens, incorporando-as ao sistema produtivo.
O segmento florestal foi contemplado com a criação de linha de crédito para implantação de 3 milhões de hectares de florestas em cultivos tradicionais e mais 4 milhões de hectares de florestas em cultivos consorciados ou seja em sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF).
No Distrito Federal as florestas plantadas ocupam pequena área, a qual não aparece individualmente nos levantamentos realizados pelo setor. O mercado florestal do DF sofre grande influencia do estado de Goiás, cuja produção anual de madeira é insuficiente para os diversos usos. Da produção florestal, 26,3% é destinada a produção de lenha, que é o principal produto florestal comercializado no DF. A lenha é destinada para as indústrias alimentícias, secadoras de grãos, padarias, pizzarias e olarias.
A falta de madeira para lenha em várias unidades alimentícias tem levado as empresas a criarem planos de fomento florestal como incentivo à produção florestal, o que tem se caracterizado como uma excelente alternativa de negócio, em especial aos pequenos produtores do DF e entorno.
Um segmento de mercado que tem se destacado no DF é o do eucalipto tratado, onde a madeira passa por um processo de tratamento com objetivo de aumentar a sua durabilidade, protegendo-a do ataque de fungos e insetos. Destacam-se: o uso de escoras tratadas para reutilização na construção civil; a utilização de moirões e estacas para a construção de cercas, pergolados, parques infantis, vigas e até mesmo residências.
A ampliação da área florestal implantada no sistema de ILPF, no DF e entorno, poderá viabilizar a instalação de uma empresa de tratamento de eucalipto para a produção de postes destinados à eletrificação, como os já utilizados pela Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG), no Programa Luz para Todos, onde cada árvore, aos 12 anos de idade, vale cerca de R$ 150,00 em pé. Considerando que no sistema ILPF as receitas das lavouras e da pecuária pagam os custos da implantação da floresta, que ao final do período de 12 anos, produz em média 200 árvores/ha viáveis para tratamento e confecção de postes, tem-se uma receita líquida de R$ 30.000,00/ha, uma verdadeira poupança verde, que certamente poderá atrair muitos interessados, em especial os pequenos produtores.
Quem desejar conhecer melhor o sistema ILPF poderá visitar a Unidade de Referência Tecnológica (URT) da Embrapa Cerrados, em Planaltina-DF (BR 020, km 18, fone: 61 3388-9898) e/ou a Unidade Demonstrativa de ILPF, implantada no Parque Tecnológico Ivaldo Cenci, na Coopa-DF (BR 251, km 5, fone: 61 3339-6516), implantada através de uma parceria entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a Embrapa, a Emater-DF, a Coopa-DF e a Campo.
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