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Marcelo Pimentel
23/10/2012
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Produzir quase quatro vezes mais, melhorar a qualidade do produto final, elevar seu tempo de prateleira, diminuir o consumo de água, reduzir em até 40% os gastos com mão-de-obra e ainda aumentar a renda familiar dos produtores. São estes alguns dos benefícios que o emprego das técnicas de gotejamento e fertirrigação está trazendo para o agronegócio da cebola na região do semiárido na região do Vale do São Francisco, nos Estados de Bahia e Pernambuco.
A técnica já é conhecida de longa data na região e foi trazida por iniciativa de produtores e empresários locais. Porém, apenas nos últimos anos vem ganhando mais e mais adeptos. De acordo com o pesquisador Nivaldo Duarte Costa, da Embrapa Semiárido, cerca de 20% dos produtores de cebola da região já optam pelo sistema e a tendência é de uma expansão rápida.
Irrigação pontual economiza água, aumenta a produção e melhora a qualidade do produto final
“Sob o ponto de vista operacional, enquanto o sistema de irrigação convencional da cebola requer por todo o ciclo da planta, que é de 120 dias, ao menos dois funcionários durante o dia inteiro e com a enxada nas costas para molhar um hectare de lavoura. No gotejamento, às 7 horas da manhã o produtor liga a bomba que vai levar a água ao pé da planta pelo gotejador e vai fazer outra coisa. Duas ou três horas depois volta apenas para desligar a bomba e está pronto o serviço”, destaca o pesquisador.
Valorização
A produtividade média regional é de 22 toneladas por hectare. Nas áreas que utilizam o gotejamento, esse número sobre para 60 e pode chegar a 80 toneladas de cebola por hectare. O aumento da produção é acompanhado ainda pela melhoria na qualidade do produto e também por sua valorização no mercado.
Segundo Costa, no caso da irrigação convencional, os bulbos de cebola ficam excessivamente molhados em função do maior volume de água utilizado. O efeito direto é um produto de qualidade inferior e também tempo de prateleira menor. Por outro lado, bulbos irrigados pontualmente e na quantidade certa não sofrem tanto com o excesso de umidade, o que lhes assegura uma melhor qualidade e também uma conservação superior no pós-colheita, o que significa mais tempo de prateleira.
Trabalho da Embrapa definiu ajustes técnicos no adesamento para adequação do sistema de irrigação à região semiárida
Expansão
O custo de implantação do sistema de irrigação é muito variável uma vez que depende da distância entre a lavoura e a fonte de captação da água. Quanto maior a distância, maior o custo. De acordo com o pesquisador, o investimento gira em torno de R$ 8 mil a R$ 10 mil por hectare.
“Há linhas de crédito estimulando o investimento na tecnologia e o principal motivo é o fato de ser uma medida que reduz em até 40% do consumo de água e, portanto, interessa a todos. Então o crédito através de instituições como o Banco do Brasil e o Banco do Nordeste está bastante acessível e com taxas de juros bastante atraentes para o produtor”.
Na região do Vale do São Francisco, a área total plantada com cebola varia de 10 a 14 mil hectares por ano. A variação se dá de acordo com as leis de oferta e procura do mercado. Anos de preços bons estimulam o plantio. Dentre os produtores que ocupam essas áreas, cerca de 20% já utilizam o sistema de gotejamento e a tendência atual é de crescimento ano a ano, segundo Costa.
A fim de difundir a técnica na região, a Embrapa Semiárido, em parceria com a Companhia Hidroelétrica do São Francisco, Chesf, tem promovido ações divulgação junto aos produtores de até um hectare de cebola. Dias de campo também orientam sobre outras técnicas de manejo, sanidade e nutrição vegetal.
No site da Embrapa Semiárido é possível encontrar mais informações sobre o trabalho desenvolvido. www.cpatsa.embrapa.br
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