Como é citado em muitos artigos e revistas da área, a piscicultura mundial tem apresentado um aumento significativo, onde o Brasil tem se destacado na produção de peixes de água doce. E, para tanto, surge à necessidade da obtenção de larvas de boa qualidade, que pode ser por meio do extrativismo ou por produtores especializados.
É considerada larva de um peixe o animal recém-eclodido, que se alimenta de sua reserva energética (vitelo). Nessa fase, a fisiologia do peixe passa por diversas etapas de desenvolvimento, tal como a abertura da boca e formação do trato digestório (para futuras alimentações exógenas) e a insuflação da vesícula gasosa (para a flutuabilidadee locomoção na água). A duração desse estágio depende basicamente das condições ambientais e da espécie.
O ato de retirar as larvas de peixes do ambiente natural é bastante antigo. E, por meio disto, foi possível aumentar a produção de pescadohá alguns séculos atrás. Atualmente essa atividade está bastante reduzida, uma vez que as técnicas deprodução desses organismos em ambientes artificiais e controlados vem sendo dominadas e aperfeiçoadas dia a dia. Contudo, ainda é possível visualizar esta atividade extrativista, principalmente em pisciculturas marinhas.
A produção de larvas em cativeiro surge para acompanhar o crescimento das pisciculturas, fornecendo peixes de boa qualidade e em grandes quantidades. Isto vem ocorrendo desde a inserção da primeira piscicultura na Alemanha em 1850. No Brasil, a produção de larvas de peixes é voltada tanto para os peixes nativos, tendo como exemplo o tambaqui e pacu, assim comoprodução de espécies exótica como atilápia-do-Nilo.
A produção de ovos para a larvicultura pode ser via reprodução artificial, que envolve o uso de hormônios (natural ou sintético), que é injetado nos peixes sexualmente maduros para estimular a ovulação e espermiação. Já areproduçãosemi-artificial, não requer o uso de administração de hormônios. Neste caso asmatrizes pré-selecionadassão criadas em um ambiente em que suas exigências fisiológicas e ambientais são satisfeitas, além da oferta de uma dieta balanceada para a espécie.
A maior dificuldade de sucesso na produção de larvas de peixes está relacionada com a dieta a ser ofertada, tendo em vista que nesta faseos peixes precisam de umalimento balanceado, rico em energia, para o seu rápido desenvolvimento. As rações para pós-larvas devem apresentar alto nível proteico(entre 40-50%) e de energia bruta entre3.600 a 4.200 kcal/kg, além de apresentarem textura menor que 0,5 mm e uma adequada flutuabilidade, evitando as excessivas perdas de nutrientes por lixiviação na água,principalmente os aminoácidos e as vitaminas hidrossolúveis.
A fase de pós-larva é considerada quando ocorre a transição alimentar, ou seja, no momento em que as larvas deixam de teruma alimentação endógena(reservas vitamínicas) e passam a ter uma alimentação exógena, principalmente do plâncton presente na água dos viveiros e ração balanceada. Entretanto essa fase da criação de peixes nem sempre é bem sucedida, pois as pós-larvas podem não aceitaradequadamente a dieta artificial, favorecendo o canibalismo e má formação das estruturas vitais, como o trato digestório, nadadeiras e pigmentação dos olhos.
O peixe é considerado juvenil quando apresenta suas estruturas morfológicas semelhantes a os adultos. Nessa fase há maior procura pelos produtores, tendo em vista que os peixes estão mais resistentes tanto para transporte, quanto para o manejo de produção.
É muito comum usarmos o termo alevinos para fase de transição pós-larva/juvenil.Porém, segundo GOMESet al. (2003), este termo é empregado erroneamente no Brasil. Segundo esses autores, os produtores de peixes tropicais brasileiros comparam o desenvolvimento inicial de seus peixes com a fase de desenvolvimento compreendida entre a eclosãodas larvas e o aparecimento das nadadeiras nos salmonídeos, chamado de “alevin”.
O manejo adequado das larvas/pós-larvas, assim como a manutenção da qualidade de água são fatores críticos e fundamentais para a boa formação e sobrevivência desses animais. Logo o sucesso da produção depende do conhecimento da biologia da espécie a ser produzida. Assim, diversos estudos na área de larvicultura estão sendo executados, a fim de aprimorar as técnicas de cultivo. Desta forma, a obtenção de larvas/pós-larvas pelos produtores de peixe de engorda deve ser feita em larviculturas bem conceituadas, minimizando possíveis falhas na produção e maximizando lucros na produção.
REFERÊNCIA
GOMES, L.C.; ARAUJO-LIMA, C.A.R.M. e ROUBACH, R. Alevino – um termo equivocado na piscicultura brasileira com consequências no setor produtivo. Cadernos de Ciência & Tecnologia, v.20 (2), p.353-359, 2003.
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