Com o início do ano, inicia-se também a série de leilões e exposições de animais em todo o território brasileiro. Junto com estas atividades vem, naturalmente, a perspectiva dos criadores por bons negócios.
Neste cenário é comum e, perfeitamente compreensível, que os criadores vislumbrem que seus animais sejam comercializados por altos preços. E isto, de certa forma se confirma nos leilões, com animais atingindo valores em torno de R$ 10.000,00. Esta situação é, sem sombra de dúvida, extremamente interessante para aqueles criadores que atuam no segmento de “animais de elite”, pois nestes rebanhos acontecem investimentos em genética e por consequência em nutrição e sanidade, já que estes são os três pontos básicos de todo e qualquer sistema de produção animal.
Por outro lado, as cadeias produtivas da caprinocultura e da ovinocultura ainda mostram-se desarticuladas, em razão de obstáculos existentes em todos os segmentos. A desorganização dos produtores de caprinos e ovinos, a falta de capacitação tecnológica e gerencial de alguns produtores, as condições inadequadas das instalações existentes na maioria das propriedades, o baixo padrão racial da maioria dos rebanhos e a descapitalização dos produtores, associado à reduzida oferta de forragem durante o período de estiagem e a predominância do sistema de produção extensivo são alguns dos fatores limitantes da oferta de animais padronizados para o abate.
Vale à pena relembrar os outros fatores limitantes que afetam a comercialização das carnes de caprinos e ovinos: o abate clandestino, que concorre deslealmente com frigoríficos industriais, a falta de padronização de carcaças, em razão do baixo padrão racial dos rebanhos, a irregularidade no fornecimento de carne e derivados ao mercado, a ausência de promoção comercial e os elevados preços praticados no mercado, impossibilitando a abertura de mercado e reduzindo a competitividade com as carnes concorrentes.
A indústria de carne de ovinos e caprinos tem como alvo, um mercado em plena expansão, que, até pouco tempo, se caracterizava como “mercado de subsistência”, no qual o produtor não conseguia ter excedentes para venda, em âmbito nacional, como “mercado de carnes exóticas”, uma vez que, não havendo oferta suficiente a preços adequados, não se conseguiu estabelecer o hábito de consumo, como conseguiram as carnes de frango, bovino e suíno, que passaram a fazer parte do cardápio diário da população brasileira em geral.
Entretanto, muito se discute sobre o produto carne, mas, e o leite de cabra? Qual o cenário para este produto? Precisamos pensar neste segmento, pois em vários casos, o criador de cabras pode alcançar uma renda líquida em torno de R$ 1.000,00/mês. Este valor pode ser considerado baixo quando se leva em consideração a renda obtida com outras atividades, mas se for levado em conta que boa parte destes produtores se enquadra como pequenos em regime de agricultura familiar, este pode ser considerado como uma boa renda.
A cadeia produtiva da caprinocultura e ovinocultura precisa avançar cada vez, tendo em vista que, estas atividades têm uma importância socioeconômica muito grande no Brasil. Todavia, existe muita coisa a ser feita e como o ano está apenas começando, torna-se necessária a realização de discussões sobre todos os elos desta cadeia, envolvendo todas as entidades ligadas ao setor.
Através destas discussões, ações continuarão a serem desenvolvidas e os benefícios serão alcançados, fortalecendo cada vez mais esta atividade.
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