O Manejo Integrado de Pragas (MIP) surgiu como uma resposta da comunidade científica ao uso incorreto de agrotóxicos. Durante a segunda Guerra Mundial foi descoberta uma grande quantidade de moléculas com ação inseticida, que acabaram por promover o desenvolvimento da indústria química, resultando no surgimento de inúmeros produtos químicos com diferentes finalidades. Durante esse período o controle era realizado com base no poder residual dos produtos, sem a preocupação de saber se a praga visada tinha atingido um nível populacional que pudesse causar prejuízo à cultura, ou até mesmo, sem a certeza de que a praga estava presente na lavoura, promovendo a chamada aplicação por calendário.
Em decorrência do uso indiscriminado desses produtos, muitas vezes pouco seletivos, ocorreram os problemas relacionados ao ressurgimento de pragas primárias, devido aos efeitos diretos nas populações de inimigos naturais, elevação ao status de praga primária a pragas até então de importância secundária, resistência aos inseticidas, resíduos nos alimentos e contaminação ambiental.
Segundo a definição de Kogan (1998) o MIP é o sistema de decisão para o uso de táticas de controle, isoladamente ou associadas harmoniosamente, numa estratégia de manejo baseada em análises de custo/benefício que levam em conta o interesse e/ou impacto nos produtores, sociedade e ambiente, ou seja, a praga permanece na lavoura, mas em uma condição de “não-praga”.
As principais etapas para a elaboração de um programa de manejo de pragas incluem o reconhecimento das pragas de maior importância levando-se em consideração a taxonomia, biologia, hábitos, hospedeiros e inimigos naturais. Devem também ser avaliados os inimigos naturais presentes em cada ecossistema, a dinâmica populacional das pragas e inimigos naturais e a determinação do nível de dano, através de métodos pré-estabelecidos e consolidados e principalmente, a amostragem. A amostragem seja convencional, seqüencial, biológica ou por sensoriamento remoto é um aspecto crucial para o desenvolvimento de programas de MIP, sendo fundamental, tanto nas etapas de avaliação do ecossistema como para o monitoramento visando à tomada de decisão sobre a necessidade ou não de controle. Pode se dizer que a amostragem é a base para o sucesso de um programa de MIP.
Em última análise o MIP reúne um conjunto de medidas que visam manter as populações de insetos praga abaixo do nível de dano econômico. A densidade populacional dos insetos praga deve ser mantida em nível que não cause perdas na produção maiores do que o custo de controle. Para isso devem ser utilizadas várias técnicas de manejo tais como: inseticidas, controle biológico, feromônios, transgenia, variedades resistentes, manipulação do ambiente, entre outros (Figura 1). Importante ressaltar que a combinação dos fatores relacionados é que farão o sucesso ou fracasso do MIP nas culturas, bem como o conceito do MIP, originalmente envolvendo apenas insetos-pragas, pode, e deve ser estendido para os demais organismos que causam danos à agricultura (plantas invasoras, doenças, roedores etc...).
Artigo publicado originalmente em 28/12/2011
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