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Kamila Pitombeira
18/06/2013
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O bambu serve como fonte de alimento para as populações, através do consumo de brotos e atua de forma eficiente no resgate de CO2, podendo contribuir para a redução do efeito estufa e oferta de serviços ambientais. Mas, além disso, ele pode servir como alternativa de produção viável para gerar renda suficiente para o sustento do agricultor familiar no Estado do Acre. Esse é um dos objetivos do Projeto Taboca do Acre, uma iniciativa do Serviço Brasileiro de Apoio às Pequenas e Médias Empresas (Sebrae), em parceria com a Embrapa Acre e a Fundação de Tecnologias do Acre (Funtac), que promete identificar e caracterizar as espécies de bambus de ocorrência no estado.
— O objetivo do projeto é gerar maior conhecimento sobre as tabocas, nossos bambus nativos. Na sua primeira fase, o principal alvo é a identificação das espécies — afirma Elias Miranda, pesquisador da Embrapa Acre.
Segundo ele, a economia do Estado foi, por muito tempo, baseada no extrativismo, principalmente da castanha e da borracha. Hoje, principalmente nas reservas extrativistas constituídas a partir da década de 90, o agricultor tem dificuldade de encontrar alternativas de produção viáveis para obter renda suficiente para o sustento da sua família.
— Temos que priorizar as espécies nativas. Em cerca de 40% das florestas do Acre, temos a presença desses bambus e, através do manejo sustentável dessas tabocas, é possível extrair de forma sustentável. No entanto, também podemos investir na questão da domesticação, pois é uma planta extremamente adaptável a diversos ambientes — completa o entrevistado.
Miranda diz ainda que o manejo do bambu na floresta nativa, complementado pelo seu plantio em áreas marginais, pode tornar o produto uma opção de desenvolvimento, principalmente para os pequenos produtores.
— Atualmente, temos apenas uma espécie descrita botanicamente: a Guadua macrostachya, taboca mais comum da região. No entanto, fora ela, existem 3 ou 4 espécies com potencial econômico que ainda estão sendo avaliadas — conta.
Como as pesquisas de domesticação ainda estão em fase inicial, o pesquisador diz que a ocorrência de pragas e doenças ainda não foi verificada. Sabe-se que existem alguns insetos causam problemas, mas, como o bambu da região está em equilíbrio dentro da floresta, esse problema ainda não é observado.
— Já os dados referentes à média de produtividade do bambu ainda estão sendo avaliados. No entanto, em algumas áreas mais densas, tem-se chegado a até 80 touceiras dentro de um hectare de floresta. Cada touceira tem variações entre 10 e 20 colmos maduros — diz.
O bambu nativo da região se encontra em equilíbrio. Portanto, Miranda afirma que quando a exploração é feita observando-se todos os critérios ecológicos e o comportamento da espécie, é possível extrair de forma sustentável, podendo até recuperar áreas degradadas, principalmente em locais onde o cultivo de outras espécies não é possível.
— Isso vem ao encontro de toda a questão ambiental, como o aumento do sequestro de carbono da atmosfera — conclui.
Para mais informações, basta entrar em contato com a Embrapa Acre através do número (68) 3212-3200.
Reportagem exclusiva originalmente publicada em 09/12/2011
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