O Projeto Nutrição de Espécies Aquícolas da Rede Aquabrasil / Embrapa, em parceria com instituições de ensino, pesquisa e iniciativa privada vem desenvolvendo estudos relacionados a fatores nutricionais, gerando informações para a formulação de novos conceitos de rações para tilápia (Oreochromis niloticus), cachara (Pseudoplatystoma reticulatum), tambaqui (Colossoma macropomum) e camarão-marinho (Litopenaeus vannamei), espécies de importância econômica na aqüicultura brasileira. Este projeto desenvolve pesquisas inovadoras na área de nutrição de organismos aquáticos para a obtenção de produtos aqüícolas de qualidade, com preços competitivos e ambientalmente seguros. Devido ao estado da arte diferenciado de cada uma das espécies foram determinados estudos que atendessem às principais lacunas tecnológicas nutricionais nas áreas em que cada espécie tivesse maior necessidade. Estudos sobre exigência protéica para alevinos de tambaqui (desenvolvidos por UFAL e INPA) e cachara (UFSC e CPATSA), estão gerando informações importantes para subsidiar a formulação de dietas espécie específicas para esta fase do desenvolvimento, visando obter melhor desempenho em ganho de peso e evitar o desperdício deste componente nas rações, o que gera um impacto positivo em temos econômicos, uma vez que a fonte protéica é um dos itens mais caros da ração. Em função do atual estado da arte para exigência protéica da tilápia, a ‘Modelagem matemática do desempenho e exigências de lisina e treonina para a tilápa do nilo da linhagem gift, em tanques-rede’ tem sido desenvolvida pela UEM, representando um avanço na determinação da exigência em aminoácidos para a espécie melhorada. Estas informações irão compor o banco de dados da Plataforma Nutriaqua, iniciativa da UFSC e ESALQ, com apoio do MPA, que visa reunir informações para o NRC de espécies nativas.
A procura por ingredientes alternativos aos quais pudessem ser relacionados atributos de qualidade ao desempenho zootécnico em ganho de peso, bem estar, qualidade da carne obtida, levou a avaliação de inúmeros co-produtos que poderiam ser utilizados em rações para tambaqui, dos quais se destacam a torta de dendê (Elaeis guianeensis) e a maniva (Manihot sp.), cujos resultados mostraram ganhos em termos zootécnicos e econômicos. Apesar de serem ingredientes com escala de produção, ainda carecem refinamento de pesquisas para adquirirem o padrão exigido pela indústria.
Estudos realizados no LABOMAR / UFC apontam para o efeito de fontes de ácidos graxos da dieta sobre o desempenho de camarões cultivados em águas hipersalinas, sugerindo o óleo de krill como suplemento nestas condições. Além disso, visando substituir integral ou parcialmente a farinha de peixe nas rações, esforços têm sido feitos na tentativa de encontrar alternativas principalmente nas fontes protéicas vegetais. Avaliações apontam o concentrado protéico de soja (CPS) como alternativa potencial. Segundo professor Alberto Nunes (LABOMAR), este produto tem despertado interesse no setor produtivo em função de sua disponibilidade no mercado nacional e preços competitivos.
Outra linha de ação do projeto avalia o uso de resíduos de pescado como ingredientes em rações para camarões e peixes, uma vez que grande parte destes resíduos é descartada no ambiente natural, sendo fonte de poluição. Neste sentido, foram geradas informações para mostrar a viabilidade da transformação destes resíduos em produtos com valor agregado. Foram avaliados no CPAMN, UFPE e UFRPE, hidrolisados de resíduos de camarão e de processamento de tilápia em rações para aquícolas; no CPAO, o uso de concentrado protéico de vísceras de peixes em rações para cachara. No CPATU foi estabelecido o protocolo para processamento de resíduos de tambaqui para elaboração de farinha de peixe, prevendo a avaliação deste produto em rações.
Considerando que 70% dos custos de produção são referentes à alimentação, na busca por estratégias para reduzir este percentual, foi avaliada a suplementação com probióticos em rações para tambaqui (CPATU) e tilápia (UFSC). O uso de probiótico comercial (Aquayeast®) em rações para tambaqui, não mostrou diferença em termos de ganho de peso e taxa de crescimento específico, mas promoveu melhoria na conversão alimentar; o inverso do que foi observado em tilápias, com uso de probióticos comercial (Aquayeast®) e isolado a partir da flora intestinal da própria espécie.
Todos estes estudos estão sendo desenvolvidos por 19 pesquisadores e 48 bolsistas (entre os quais: alunos de doutorado, mestrado e graduação), pertencentes a 06 Unidades da Embrapa e 10 Universidades que aceitaram o desafio audacioso proposto pela Rede AquaBrasil: Gerar um salto tecnológico na Aquicultura Nacional!
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