O Brasil se destaca atualmente no cenário internacional como uma grande potência do agronegócio. Parte deste sucesso se deve às melhorias nas técnicas de semeadura, destacando-se principalmente a semeadura direta, como fator importante de sustentabilidade da produção brasileira.
Pela definição, semeadora é a máquina capaz de dosar e colocar no solo o órgão de propagação sexuada denominada semente. Quando, além de dosar a semente, a máquina também é capaz de dosar e colocar no solo o fertilizante será denominada semeadora-adubadora.
Desde a sua invenção na Europa, por Locatelli em 1936, esta máquina sofreu uma série de transformações, que resultaram em melhorias contínuas de desempenho nos diversos tipos sistema de preparo de solo. Estas melhorias técnicas são exploradas pelas empresas fabricantes de forma diferencial, existindo atualmente, no mercado nacional mais de 350 modelos fabricados pelas empresas sediadas, especialmente, nas regiões Sul e Sudeste do país. Esta variabilidade de modelos pode ser justificada pela necessidade de se oferecer ao agricultor brasileiro uma solução tecnológica adequada ao seu sistema produtivo devido, principalmente, a variações inerentes à espécie cultivada, tipo de semente, tipo de máquina utilizada e diversidade edafo-climática da região.
Um fato interessante e que tem adquirido importância nos últimos anos, é o oferecimento de sistemas mecanizados para todas as etapas de cultivo, por uma mesma empresa, com o intuito de racionalizar as ações de manutenção e controle das máquinas, podendo resultar em melhoria do rendimento operacional e facilitando aquisições de informação.
Toda máquina semeadora deve exercer funções básicas e possibilitar interferência em regulagens de maneira fácil e rápida, tais como:
- Abrir o sulco.
- Dosar a quantidade de fertilizante e semente.
- Posicionar o fertilizante e a semente no sulco.
- Cobrir a semente e o fertilizante.
- Comprimir lateralmente a semente.
Dois momentos são clímax na agricultura, a semeadura e a colheita, sendo que na primeira, falhas relacionadas com a implantação da lavoura geralmente não são compensadas pela planta. Portanto, fica justificada a razão para baixa velocidade de trabalho realizada durante esta operação. Quanto à espécie de planta utilizada, algumas são mais sensíveis a variações no estande de semeadura, tais como, o milho por exemplo. Mecanismos dosadores de semente do tipo pneumático contornam parte deste problema, sendo que, semeadoras dotadas com este tipo de dosador permitem semeadura a velocidade de até 12 Km h-1, sem alterar o padrão de semeadura e causando menores danos ao tegumento da semente. Parâmetros ligados a “plantabilidade”, também são importantes, pois quando as sementes não são dispostas à distancias homogêneas, pode ocorrer a competição intra-específica, ou seja a competição entre as plantas da própria cultura, portanto este fator é extremamente indesejado.
Nas novas fronteiras agrícolas brasileiras tem sido praticada a operação de semeadura somente com a semente. A adoção desta técnica está calcada na aplicação prévia de fertilizante ao solo, normalmente aplicados à lanço e, em muitos casos à taxa variada. A utilização desta técnica é justificada pelos agricultores pelo aumento do rendimento operacional das máquinas e pelo melhor aproveitamento da “janela” de semeadura. O menor tempo destinado ao abastecimento e a utilização de máquinas dotadas de grande número de unidades semeadoras (carrinhos semeadores), são fatores que também colaboram com a melhoria na eficiência da operação. Outro fator significativo, é que a máquina fica dispensada do peso do fertilizante, e principalmente, da não utilização do mecanismo abridor de sulco, o que gera maior esforço tratóreo. Neste caso o menor esforço é compensado pelo aumento do número de carrinhos da semeadora, resultando em máquinas com grande largura de trabalho, característica necessária para que se aumente o rendimento operacional.
A semeadura de precisão tem sido fator de sucesso para os agricultores mais exigentes e que estão na vanguarda em termos de semeadura. Para que tal fato ocorra pode-se utilizar monitores embarcados nas máquinas que controlam e acionam motores hidráulicos ligados aos mecanismos dosadores, sendo capaz de variar a quantidade de semente e de fertilizante em uma área e até mesmo fazer o controle de seção, evitando-se assim o lançamento de fertilizantes e sementes em áreas já semeadas, fato comum nas bordaduras. Algumas semeadoras são dotadas de caixas de fertilizantes separadas, portanto podem variar a quantidade e tipo de fertilizante aplicado, tais como, fertilizante fosfatado e potássico, podendo estes, ser aplicados à taxa fixa ou variada.
Monitores de semente podem ser acoplados e podem receber dados de posicionamento de uma antena GNSS, o que permite o direcionamento do trator e da semeadora, facilitando a manutenção do paralelismo, podendo neste caso dispensar o uso do marcador de linha. Principalmente em operações de semeadura noturna, neste caso, fica o tratorista destinado a acompanhar somente o desempenho da semeadora, paralisando a operação em caso de “embuchamento” da máquina. No monitor também são demonstrados dados de sensores de luz, que são acoplados no tubo de condução da semente até o solo, permitindo o controle da queda de semente em cada linha da máquina.
Para concluir, deve se deixar claro que estas melhorias no sistema de semeadura promovem efeitos de graus variáveis, conforme a necessidade do sistema produtivo de cada agricultor. Estas ferramentas podem permitir aumento de produtividade e diminuição do custo de produção, fatores fundamentais na manutenção da sustentabilidade da empresa agrícola.
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