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O uso de medicamentos homeopáticos em lavouras e criações, sobretudo naquelas conduzidas no modelo orgânico de produção, é o tema do livro “Homeopatia – princípios e aplicações na agroecologia”, publicado pelo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar). A obra foi coordenada pela especialista em fitopatologia (doença de plantas) Solange Carneiro, e tem ainda como autores os médicos Marcus Zulian Teixeira e Rosana Maria Ceribelli Nechar; as farmacêuticas Audrey Alesandra Lonni e Maria do Rocio Rodrigues; e o médico-veterinário Laerte Filippsen.
Dirigido a pesquisadores, professores e estudantes de pós-graduação, o livro é um esforço para entregar ao público acadêmico uma atualização do que vem se fazendo neste campo do conhecimento, conforme Solange Carneiro. “Não é um manual de medicamentos homeopáticos” avisa.
A proposta, explica a autora, é estimular o intercâmbio de informações entre os que se dedicam a estudos na área com o objetivo de fortalecer o emprego, em bases científicas, da homeopatia na agropecuária. O livro apresenta um amplo levantamento da literatura produzida sobre o tema e disseca mais de 100 artigos publicados em periódicos nos últimos anos.
Homeopatia – Criada no século 18, pelo médico alemão Christian Hahnemann, a homeopatia foi reconhecida como especialidade médica no Brasil desde 1980. Nas últimas décadas, o interesse pela aplicação na agropecuária vem aumentando com o crescimento, na sociedade, da preocupação ambiental e com o consumo de alimentos saudáveis. “O tratamento homeopático é aceito nos sistemas orgânicos de produção e desperta cada vez mais a atenção de pesquisadores, técnicos e agricultores”, constata Solange Carneiro.
A pesquisadora relata que o mecanismo de atuação da homeopatia é tema de estudos em diversos centros de pesquisa europeus. No Brasil, além do Iapar e algumas outras instituições no Paraná, há pesquisadores desenvolvendo estudos sobre sua aplicação na agropecuária em Minas Gerais, São Paulo e Santa Catarina.
O tratamento homeopático se apoia na cura pelo princípio da semelhança. “Todo medicamento capaz de despertar determinados sintomas nos indivíduos sadios pode ser utilizado para curar sintomas semelhantes em indivíduos doentes”, explica Solange Carneiro. Tais substâncias podem ser de origem mineral, vegetal, animal e até de secreções patológicas – neste caso, chamadas de “nosódios”.
Mas não é qualquer substância que pode ser considerada um medicamento homeopático, alerta o médico Marcus Teixeira. Para adquirir este status, é antes necessário que seus efeitos tenham sido descritos após testes realizados sob “protocolos de experimentação patogenética específicos”, ele explica. Significa administrar tais substâncias em organismos sadios e, mediante rigoroso controle experimental, verificar as reações e sintomas que provocam no indivíduo.
Sabendo-se as reações que uma substância homeopática provoca em um organismo são, é possível então aplicá-la (em doses altamente diluídas) no indivíduo enfermo que apresenta sintomas parecidos. Com uso desse princípio, pareando semelhantes, a ideia é estimular o próprio organismo doente a reagir e buscar sua cura, formando novos arranjos fisiológicos no combate à doença de que é vítima.
Agricultura – A descrição das substâncias e sintomas em cada indivíduo é denominada pelos especialistas de “matéria médica homeopática específica”. E, de acordo com Solange Carneiro, é o primeiro grande desafio para uso da homeopatia na agricultura.
Conforme a pesquisadora, os técnicos e produtores têm feito o tratamento de lavouras tomando como base a sintomatologia descrita para humanos. “Considerando as diferenças fisiológicas, o ideal é desenvolver um tratamento homeopático específico para plantas”, ela explica.
Um dos projetos conduzidos por Solange Carneiro no Iapar é dedicado ao trabalho de construir a matéria médica homeopática de plantas. Segundo ela, é uma iniciativa pioneira no Brasil, que vem apresentando resultados promissores.
Solange Carneiro também explica que o segundo desafio, tão grande quanto o primeiro, é definir escalas de aplicação das substâncias homeopáticas e verificar se as diferentes espécies vegetais possuem exigências distintas para seu tratamento. “Acredito que o ponto alto do livro seja a discussão conceitual e prática sobre medicamentos homeopáticos”, afirma.
Pecuária – o médico-veterinário e pesquisador do Iapar Laerte Filippsen explica que tratamentos homeopáticos são utilizados em animais há mais de 200 anos, por iniciativa do próprio Hahnemann, considerado o pai da homeopatia – em 1796, ele tratou e curou seu próprio cavalo, que padecia de uma doença ocular.
De acordo com Filippsen, a homeopatia é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária desde 1993, e, nos últimos anos, vem crescendo o interesse pelo uso no tratamento de animais. “É uma abordagem que vem se consolidando como uma terapêutica promissora e eficaz”, afirma.
Mas o pesquisador lembra que as experimentações ainda são “insipientes” na medicina veterinária, e, tal como no tratamento de plantas, é necessário avançar na produção de matérias médicas homeopáticas específicas para utilização em animais. Na obra, Filippsen arrola uma revisão bibliográfica com resultados experimentais obtidos nos últimos 22 anos de pesquisas sobre tratamento homeopático em animais.
O livro “Homeopatia – princípios e aplicações na agroecologia” custa R$ 45 e pode ser adquirido no endereço www.iapar.br. (Edmilson Gonçales Liberal)
Serviço
Livro: Homeopatia – princípios e aplicações na agroecologia
Autores: Audrey Alesandra Lonni; Laerte Fillipsen; Marcus Zulian Teixeira; Maria do Rocio Rodrigues; Rosana Maria Ceribelli Nechar e Solange Carneiro (coordenadora da obra).
Preço: R$ 45
Páginas: 234
Aquisição: pelo site www.iapar.br ou telefone 43 3376-2373.
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