Em todo mundo, especialistas apontam que mais de cerca de 90% das empresas sejam familiares e, no agronegócio, essa tendência também pode ser comprovada sendo a maioria das empresas rurais consideradas negócios familiares.
No entanto, a gestão de uma empresa familiar é um desafio para todos os envolvidos, uma que vez que as relações familiares, geralmente mais emocionais, se misturam com os papéis profissionais que exigem maior racionalidade para a tomada de decisões.
Segundo dados do IBGE, a cada 100 empresas familiares, 30 chegam à segunda geração e apenas 5 alcançam a terceira geração. Por que isso acontece? A resposta esta justamente na incompatibilidade de valores e procedimentos praticados nesses diferentes ambientes.
Caso você atue em uma empresa familiar, negócio no qual o poder decisório é transferido de maneira hereditária a uma ou mais famílias, ou atue em empresas que seguem as mesmas características da gestão familiar em seu “modus operandi”, esteja atento a alguns pontos críticos que serão fundamentais para garantir o sucesso e a sobrevivência da sua organização:
Ausência de Planejamento Estratégico: é raro encontrarmos uma empresa rural com algum planejamento estratégico, sendo que a maioria ainda trabalha com as mesmas diretrizes de seus fundadores.
Conhecimento gerencial baixo: é quase inexistente o conhecimento e a aplicação dos conceitos gerenciais no campo, com definição e indicadores de metas. Na maioria das vezes, é o sentimento que predominas na tomada de decisões.
Centralização do comando: é comum observarmos que o comando do negócio ainda se mantêm na mãos do fundador ou que este seja um influenciar nas decisões, dependência que potencializa o risco desta empresa se manter ao longo do tempo.
Indicação de cargos sem análise das competências: os cargos estratégicos são preenchidos, na maiorias das vezes, por filhos e/ou parentes próximos sem os mesmo possuírem as competências necessárias para o desempenho de suas funções.
Mistura do ambiente familiar e do profissional: muitos dos desacordos familiares começa em casa, por motivações pessoais, e continuam na empresa, interferindo nos processos da organização.
Dificuldade de separação do emocial e o racional: a indefinição no estabelecimento dos cargos e funções dos familiares que estão atuando na empresa faz com que a hierarquia não fica muita bem definida e toda a equipe sofre com essa confusão. Além disso, existe uma tendência de proteção da equipe mais antiga, gerando um ambiente de baixa motivação aos demais.
Insatisfações com a renda: as distribuições de renda entre os familiares normalmente são grandes assuntos para discussão, gerando atritos entre os membros da família.
Inexistência de plano de sucessão: a dificuldade de entregar a direção dos negócios não favorece a preparação do sucessor. Na maioria das vezes, a família se vê obrigada a executar essa transição apenas quando o fundador não pode mais desempenhar sua funções, gerando prejuízos para a organização devido à falta de experiência e o desconhecimento do negócio.
Baixa inovação do negócio: a inovação fica comprometida pela dificuldade de superar velhos paradigmas, o que pode gerar inclusive um sentimento de impotência nos filhos que acabam se desligando da empresa.
Todos estes fatores contribuem para a perda de competitividade da empresa no ambiente de negócios. Na medida em que a empresa cresce, a gestão precisa se profissionalizar e evoluir para um novo patamar de forma a garantir a continuidade da organização.
Nesse sentido, é preciso que os fundadores se conscientizem destes desafiso e implementem um choque de gestão em seu ambiente de trabalho, com o objetivo de definir melhor suas estratégias, aumentar a rentabiliade e garantir a perpetuação da empresa.
Para isso, será preciso, entre outras coisas, definir claramente as funções dos familiares na gestão da propriedade, reestruturar o quadro organizacional com definições claras de autoridade e responsabilidade, capacitar herdeiros e sucessores e criar um conselho administrativo com a participação familiar.
A solução é, sem dúvida, a busca do amadurecimento gerencial de suas atividades e o Brasil precisará dessa maturidade das empresas familiares para nos tornamos mais competitivos no agronegócio mundial.
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