A agricultura desempenha papel fundamental no desenvolvimento de uma economia de baixo carbono. O atual modelo agrícola predominante visa o aumento produtivo por meio da utilização intensiva de insumos químicos nocivos associados aos avanços tecnológicos, uma receita desastrosa para o planeta. O Brasil, um dos maiores líderes globais na produção agrícola, registrou em 2009 cifras alarmantes: mais de 14 bilhões de litros de agrotóxicos empregados em suas terras, colocando em sério risco os ecossistemas e a saúde humana. Enquanto a demanda mundial por alimentos e bioenergia atinge rapidamente novos níveis, a fertilidade dos solos agrícolas, em contrapartida, declina ano após ano.
Visando estimular no setor agrícola a adoção de práticas as quais contribuam com a redução da emissões de gases do efeito estufa no campo, o Plano ABC (Agricultura de Baixo Carbono) prevê para a safra 2011/2012 valor superior a R$3 bilhões em recursos disponíveis para financiar produtores e cooperativas em prol da adoção de tecnologias e práticas em bases sustentáveis. Os objetivos do programa vão ao encontro dos esforços do país para reduzir suas emissões de GEE entre 36,1% e 38,9% até 2020, em compromisso estipulado na COP-15. Apenas com ações de integração lavoura-pecuária-floresta o governo estima reduzir emissões em até 22 milhões de toneladas de CO2.
Por meio do BNDES e Banco do Brasil, o Programa ABC oferece linhas de crédito acessíveis a produtores e cooperativas (taxa anual de juros a 5,5%) de forma a apoiar uma ampla gama de empreendimentos os quais estejam associados à redução dos impactos do setor. Dentre as atividades contempladas pelo programa estão o apoio à recuperação de áreas degradadas, a implantação de sistemas de orgânicos de produção, o plantio de florestas comerciais, o tratamento de resíduos e dejetos animais dentre outras. Os prazos variam de 5 a 15 anos, a depender da natureza e finalidade dos projetos contemplados, além de carência de até 8 anos. O teto máximo para financiamento, por sua vez, é de até R$1 milhão por beneficiário.
A linha do ABC apresenta uma excelente oportunidade para proprietários rurais atualizarem suas praticas rurais e recuperar áreas de suas propriedades. Os ganhos ambientais são uma consequência importante, mas ainda mais relevante para os produtores é o fato de que existem tecnologias e boa práticas rurais capazes de aumentar consideravelmente a produtividade, reduzir custos e melhorar a qualidade dos solos. Com a taxa subsidiada do ABC, os juros são facilmente pagos pelos ganhos de produtividade e redução de custos.
O Brasil, como um dos maiores líderes no cenário agropecuário mundial, tem o potencial para liderar a transformação da agricultura mundial em direção a uma economia de baixo carbono, promovendo inovações transformadoras no campo e gerando valor na cadeia produtiva de forma a minimizar os impactos da atividade. Linhas de crédito como o ABC somadas ao conhecimento técnico e cientifico disponibilizado pela EMBRAPA e outras instituições trarão fortes mudanças ao setor agropecuário, gerando benefícios para os produtores e a sociedade.
A equipe da Sangha tem auxiliado diversos produtores a estruturar projetos para serem contemplados pelo ABC, assim como na adoção de metodologias e tecnologias capazes de gerar os maiores benefícios econômicos e ambientais. Acreditamos que a inovação é ingrediente fundamental para a competitividade na agropecuária, e que a incorporação da sustentabilidade nos processos no campo possui alto potencial para gerar resultados em termos de eficiência, produtividade e cuidados ao planeta.
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