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O fim da estação seca se anuncia na maior parte do Brasil Central, área que abrange significativo percentual do rebanho bovino brasileiro localizado nos estados de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, entre outros.
Nesse período do ano, compreendido normalmente entre os meses de setembro e outubro, o rebanho bovino, já bastante sentido pela seca de 4 a 6 meses que acabou de atravessar, ainda terá que enfrentar mais uma fase de desafio fisiológico e nutricional causado por essa prolongada estiagem que pode ser bem crítico para os animais, dependendo das condições de manejo das pastagens e da suplementação dos rebanhos adotada pelos produtores rurais durante esse período e na fase de transição para o tempo das águas, época em que os reflexos dessa mudança são mais sentidos pelos bovinos. Isto porque pastos degradados não têm disponibilidade adequada de matéria seca. Além disso, a pouca quantidade de forragem eventualmente disponível não apresenta níveis de proteína, vitaminas e minerais capazes e suficientes para atender à demanda nutricional desses animais depauperados pelas sofríveis condições a que foram submetidos, o que, muito provavelmente refletirá no desempenho zootécnico e no estado de saúde desses bovinos.
Esse cenário pode se tornar ainda mais crítico caso haja negligência por parte do criador no que concerne à suplementação mineral e proteica durante toda aquela fase de baixa oferta de alimento.
No fim da seca, com a brotação do capim, o animal novamente enfrenta estresse nutricional, desta vez devido à súbita alteração do estágio vegetativo das pastagens que passam de secas e fibrosas para tenras e com baixos teores de fibra em pouco período de tempo, fazendo o animal perder peso mais uma vez.
Nesse momento de transição da qualidade das pastagens ocorrem desequilíbrios e carências de vários elementos minerais essenciais, aumentando o estresse nutricional, com consequências que incluem perdas de peso, diarreias e queda de desempenho zootécnico, reduzindo mais uma vez as margens de lucro da atividade pecuária.
A prática de manejo recomendada para o período de transição seca/águas consiste em suspender a suplementação mineral proteica adotada no período seco, isto é, não fornecer mais sal com ureia ou com outra fonte de nitrogênio, e iniciar o fornecimento de suplementos minerais de qualidade e corretamente balanceados, após um período de adaptação de pelo menos 15 dias.
Para as matrizes bovinas, o momento é o de iniciar a suplementação mineral com produtos que contenham elevados teores de minerais importantes para a reprodução, como os elementos fósforo, zinco, cobre, selênio e manganês, sendo a forma orgânica dos minerais a fonte de predileção por ser mais biodisponível.
Pesquisas realizadas com os minerais cobre e zinco na forma orgânica demonstraram efeitos significativos na reprodução de vacas, com melhoras dos dias entre o parto e a 1ª ovulação pós-parto, como demonstra a tabela 1.
Os resultados de pesquisa apresentados na tabela 1 evidenciam que a suplementação mineral de vacas feita a partir dos minerais orgânicos antecipa os dias ao primeiro serviço, com benefícios positivos aos índices reprodutivos da fazenda, sendo, portanto, altamente recomendável desde o início do período das aguas.
A tabela 2 demonstra diversas alterações negativas nos parâmetros reprodutivos de bovinos em função da deficiência, excesso ou desequilíbrios entre os elementos minerais. A tabela 2 demonstra que a correta suplementação mineral é de fato uma prática zootécnica importante em nosso meio, incluindo o fim da seca e início das águas, período em que seu uso se faz obrigatório para o bom desempenho reprodutivo do plantel.
Pesquisadores da EMBRAPA / CERRADOS- DF afirmaram que o uso de suplementos alimentares é fortemente recomendado para complementar as deficiências de minerais e de nutrientes da forragem ingerida pelo animal em pastejo e, consequentemente, possibilitar maiores ganhos em desempenho e produtividade zootécnica.
A tabela 3 demonstra que na fase de transição seca/aguas, período de maior nascimento de bezerros nas fazendas de gado de corte no Brasil Central, faz-se necessário que produtor rural adote a prática da suplementação mineral específica de bezerros lactantes.
A suplementação mineral de bezerros lactantes, conforme demonstra a tabela 3, aumentou o peso à desmama de bezerros Nelore em pastagens de braquiária em até 24 kg, representando 11,7% a mais de ganho de peso por ocasião da desmama.
A adoção da prática de suplementação de bezerros lactantes requer a construção de uma instalação rural denominada de creep feeding, que nada mais é do que uma área cercada de acesso exclusivo de bezerros, em que a vaca fica de fora (figura 1).
A suplementação dos bezerros lactantes é recomendável desde os primeiros dias de vida do animal, sendo capaz de proporcionar melhores condições de saúde para atravessar o período de transição compreendido entre o fim da estação seca e o início das águas.
Concluindo, as recomendações zootécnicas básicas para o fim da seca e início das águas compreendem correto manejo das pastagens, visando aumento da disponibilidade de forragem, suspensão do uso de sal mineral com altos teores de ureia e início da suplementação mineral de qualidade, tanto para as matrizes como para os bezerros lactantes, sendo minerais formulados com fontes orgânicas os de predileção.
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