O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) anunciou o resultado da balança comercial total brasileira em setembro. E o que vimos foi o melhor setembro das exportações gerais mensais dos últimos três anos (US$ 23,3 bilhões, alta de 23,6% sobre 2010). No acumulado do ano (jan-set/11) as vendas externas atingiram o montante de US$ 190 bilhões, alta de 30,4% sobre igual período de 2010. E nos últimos 12 meses foram alcançados US$ 247 bilhões, alta de 32,2% com saldo anual de US$ 30,5 bilhões. Fantástico!
O que todo esse numeral tem de agronegócios?
Entre os destaques dos produtos considerados básicos, nas exportações do agro de janeiro a setembro/11, a soja em grãos atingiu US$ 14 bilhões, aumento de 35% sobre igual período de 2010. O café em grão alcançou US$ 5,6 bilhões, alta de 66%, carne de frango exportou US$ 5,2 bilhões, alta de21%.
Entre destaques nos semimanufaturados foram exportados no acumulado do ano (jan-set/11) de açúcar em bruto o total de US$ 8,2 bi, alta de 30%. Os embarques de celulose foram de US$ 3,7 bi, alta de 7%.
Se tomarmos apenas o mês de setembro, o agro contribuiu com R$ 7,8 bilhões nas exportações, o que representou incremento de 30,45% sobre setembro do ano passado. Já em volume decresceu 3,40%, ou seja, foram embarcadas agora 13,045 toneladas contra 13,504 toneladas do mesmo mês de 2010.
Em contraste com os bons ventos do comércio exterior das commodities brasileiras, as cotações dos preços em bolsa tiveram um setembro negro e nervoso.
Preços em queda
De maneira geral, as commodities tiveram perdas significativas em preços nas bolsas internacionais. O café, por exemplo, caiu 21% em Nova York, a soja teve queda de 18% e o milho caiu 19% em Chicago.
Como as exportações vão bem e os preços ruins? No genérico, as oscilações de preço têm a ver com um mercado globalizado. O volume de negócios em poder dos fundos de investimentos é fantástico. Esses fundos mudam de investimento assim como os ventos mudam de direção.
A nova onda da crise financeira mundial tem deixado o mercado como um todo (ações, títulos, moedas e commodities) muito especulado. EUA com rating rebaixado, bancos gregos e italianos também rebaixados, uma indústria de carros japonesa que anuncia resultados ruins, fazem com que a gangorra do mercado oscile mais rápido.
No Gráfico abaixo podemos perceber a tamanha volatilidade dos preços do café cotados em Nova York, por exemplo.
O saudosista que gosta de lembra quando a oferta e demanda influenciavam no mercado, pode mudar de idéia e absorver essa nova ordem mundial, que para quem atua no mercado vem desde 2005.
As exportações estão indo bem porque houve uma melhora de renda na média da população mundial. Esse acesso aos produtos básicos como carne bovina, por exemplo, fez com que aumentasse o consumo e a produção não acompanhou o crescimento da demanda.
Os estoques internacionais caíram e é por isso que o mundo tem carência de mais alimentos, daí a importância do Brasil na produção externa.
A previsão da Conab para a Safra 2011/2012 é de a área plantada no Brasil cresça entre 50,431 a 51,358 milhões de hectares. O aumento está relacionado ao milho 1ª safra, que deve ter um crescimento entre 4,2 e 7,2% e incremento para a soja entre 2 e 3,5%.
Por outro lado, as contínuas crises (2008 e 2011) têm forçado a revisão dos subsídios para a agricultura em países tradicionais como EUA. O parlamento europeu está estudando a redução gradativa de subsídios a seus agricultores. Mais um ponto para o Brasil que num futuro próximo será cada vez mais competitivo.
Acredito que a tendência para o mês de outubro é de recuperação dos preços cotados em bolsa, podendo tem algumas baixas no decorrer do caminho até o final do mês. As exportações vão continuar crescendo no geral com alguns percalços no particular.
As carnes tiveram resultados tímidos. Suínos, enquanto não resolver a questão (embargo parcial) com a Rússia, continuará tendo problemas. Exceto fevereiro, os outros meses foram negativos para a exportação de carne suína. Carne de frango teve queda de 7% e a carne bovina cresceu 21%. Os produtos da cesta de commodities vão continuar crescendo.
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