Na aqüicultura todo o tipo de criação está diretamente relacionado com a qualidade da água. As condições do meio é que irão limitar o desempenho das espécies, demarcando o sucesso ou insucesso da atividade exercida.
Na piscicultura nada é diferente. Como em qualquer outra criação animal, a eficiência, o desempenho, a sanidade estão na dependência, dentre outros fatores, da qualidade da água. Desta forma o êxito desta atividade zootécnica está também diretamente relacionada as instalações (tanques e viveiros) que por sua vez também influenciarão nos parâmetros qualitativos da água.
Para implantar uma criação de peixes em uma propriedade rural, o fator custo é muito importante. A construção dos viveiros consumirá uma grande soma de recursos do produtor. Desta forma a implantação deverá ser muito bem planejada, sendo precedida de um bom projeto técnico, elaborado por um profissional da área. O objetivo final é proporcionar aos peixes um ambiente com condições adequadas, buscando o máximo de conforto aos animais.
Desta forma vários detalhes de construção deverão ser observados. Todos são muito importantes e estão diretamente relacionados com a água onde serão criados os peixes em todas as fases ou categorias (alevinagem, engorda, reprodução).
A) Captação e Condução da Água
A água utilizada para piscicultura, após a captação (de riachos, rios, minas ou represas), deverá ser conduzida aos viveiros, de preferência, a “céu aberto” através de canaletas ou canais, que poderão ser revestidos ou não, dependendo do tipo de solo do local. Normalmente em solos argilosos ou argilo-arenosos não há necessidade de revestimentos. Contudo em solos arenosos, turfosos ou muito pedregosos (pedras soltas), há necessidade de revestimento dos canais de abastecimento, com o uso de vários tipos de materiais, como alvenaria, concreto, madeira, lona plástica, manilhas do tipo meia-cana e outros.
Caso a água seja captada em rios, riachos ou represas e que, nestes locais, possam haver peixes predadores ou indesejáveis a criação, será necessário a construção, junto ao canal de abastecimento, de filtros ou anteparos de proteção que impeçam que ovos, larvas, alevinos ou mesmo peixes maiores venham a ter acesso aos tanques de cultivo evitando, desta forma, a ocorrência de predação ou competição com os peixes ali estocados.
B) O Viveiro
Abastecimento- deverá se feito por tubulação, captando a água do canal de abastecimento e conduzindo-a até o viveiro. Este tubo deverá avançar pelo menos 1,0 metro para dentro do viveiro, evitando que a água caia sobre os taludes, provocando desta forma erosões. Também é importante que esta tubulação fique pelo menos 0,5 metros acima do nível máximo da água do viveiro, provocando queda e, consequentemente, aumentando o nível de oxigênio dissolvido.
As paredes- Os viveiros de criação de peixes normalmente são construídos diretamente na terrra, não havendo necessidade de revestimento interno, com exceção de construção em solos muito permeáveis ou pedregosos que permitem grandes perdas de água por infiltrações. As paredes devem ser construídas com inclinação de 45o para dar mais estabilidade à estrutura. Para piscicultura não há necessidade de taludes (paredes) muito altos, ficando a profundidade média do viveiro em torno de 1,5 metros. Em regiões que apresentam temperaturas mais baixas, com invernos rigorosos, recomenda-se profundidades maiores, entre 1,8 e 2,0 metros, para proporcionar aos peixes um refúgio durante as inversões térmicas.
O fundo- Normalmente é de terra, sem revestimento. Deve apresentar uma inclinação de 1,0 a 2,0%, em direção ao sistema de escoamento para, no caso de drenagem total, evitar resíduos de água (poças), dificultando a retirada total dos peixes, por ocasião de uma despesca total e consequentemente, o manejo dos viveiros.
O Escoamento- Existem vários sistemas de drenagem dos viveiros. O importante é que a retirada da água seja feita sempre pelo fundo e não pela superfície. As águas do fundo são mais pobres em oxigênio e mais ricas em detritos em decomposição e metabólitos. Portanto, esta água é a mais prejudicial aos peixes e que deve ser descartada. As águas de superfície (mais ricas em oxigênio e comunidades planctônicas) devem permanecer no viveiro por serem as mais úteis aos peixes.
No aspecto de praticidade de manejo, o escoamento deverá ser construído de tal forma que retire as águas do fundo, facilitando a drenagem do viveiro, que poderá ser realizado sem o uso de bombas e sim por gravidade.
Quanto a localização do sistema de escoamento, este deve ser construído sempre no lado oposto ao sistema de abastecimento. Desta forma a água que abastecerá o viveiro circulará ao longo deste até o escoamento, evitando “cantos mortos”, com água estagnada.
Os sistemas de escoamento poderão estar localizados dentro e fora do viveiro. Na medida do possível, recomenda-se a construção das caixas de escoamento fora da área do viveiro. Assim, evita-se que estas prejudiquem ou atrapalhem operações de despesca com redes de arrasto.
Dentre vários modelos de sistemas de escoamento, existem os “monges”, com suas variações; cotovelos móveis ou articulados e sistemas de comportas e registros. O importante, como já mencionado, é que as águas sejam retiradas do fundo dos viveiros.
Concluindo, é possível predizer que o sucesso do empreendimento em piscicultura depende, fundamentalmente, de boas e adequadas instalações. Se houverem viveiros construídos adequadamente, haverá dentro deles água em condições adequadas e, consequentemente, peixes saudáveis, que aliados a um bom manejo nutricional, apresentarão um excelente desempenho e êxito ao piscicultor.
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