Você deve estar pensando no absurdo desta informação. Ou, ainda, que no mínimo houve um erro de redação. Ou então, que isso não passa de uma piada de muito mau gosto. Infelizmente não. Quiséramos nós estar totalmente errados.
A China já definiu: o Brasil está fadado ao fracasso no tocante à produção agrícola de alho. Aqui no país, nossos produtores nadam contra a correnteza. Ou melhor... nadam, nadam, e morrem na praia. Não, nos portos.
Não adianta o produtor brasileiro respeitar as legislações vigentes, empregar mais de 80.000 trabalhadores e produzir alimentos com qualidade. Se me permitem dizer: ainda tem muita gente em nosso país que acredita sim, que o que vem de fora é melhor. Sabe aquele comportamento ultrapassado de valorizar o que é estrangeiro em detrimento do que é seu?
Você talvez não saiba, mas com certeza, em busca de uma alimentação saudável, consome alho chinês. Uma dica: faça uma busca rápida no Google e descubra as precárias condições de produção por lá.
Um tanto quanto contraditório: o Brasil celeiro do mundo - produtor de alimentos - não produziria alho? É claro que sim. Um dos alimentos mais consumidos em nossa culinária e com maior propriedade nutricional, inclusive a renomada Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA, já constatou:
- Para obter sabor similar a 1 dente do alho nacional são necessários 5 dentes do alho chinês;
- O alho nacional contém 40% a mais de alicina do que o chinês, seu principal ativo composto, responsável pela maioria das propriedades farmacológicas, com propriedades antioxidantes e antibióticas, além de combater bactérias, fungos e vírus.
Então, porque um cidadão BRASILEIRO não consome alho BRASILEIRO? Porque é imposto a esse BRASILEIRO que consuma o alho CHINÊS. Por diferentes motivos: esse alho é desembaraçado nos portos brasileiros a valor abaixo do praticado em solo nacional (o que impede a concorrência com o alho brasileiro), muitas vezes os importadores não recolhem todos os impostos necessários à transação, há ainda a triangulação da mercadoria, isso tudo gera automaticamente, que o mercado da esquina opte por um produto mais barato.
E também, porque nós, produtores brasileiros, temos tecnologia, clima e investimento adequados à produção nacional, mas não nos enxergam, e porque continuam insistindo que você, consumidor, brasileiro, gere emprego na China em detrimento dos empregos no seu país, consuma alimento que não tem qualidade garantida e que continue por muitos e muitos anos sem saber de onde está vindo o alho que você consome. Afinal, isso não seria uma questão de escolha, não é?
Enquanto representantes dos produtores de alho nacional cumprimos nossa obrigação. Lutamos pelos direitos e deveres de nossos produtores. Exigimos do Ministério da Agricultura, da Receita Federal do Brasil, do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais de Justiça, dos Parlamentares, medidas que visem à proteção e manutenção da cultura do alho no Brasil.
Mas por coincidência acompanhamos a cada colheita brasileira, justamente em plena comercialização, uma enxurrada de alho chinês sendo desembaraçado nos principais portos brasileiros. E ponto. As consequências da ausência do poder público ficam por aqui: nossos produtores são desestimulados a continuar suas atividades e contabilizamos a extinção de milhares de agricultores familiares.
E no fim dessa história os navios retomam seu curso a espera de uma próxima encomenda brasileira...
Ridículo, não?
Nós, produtores de alho nacional exigimos respeito.
Se você também exige respeito e se sente envergonhado com as políticas públicas adotadas pelo seu país, partilhe a verdadeira história da produção de alho mundial. Divulgue, noticie e comente o que realmente acontece por aqui.
Valorize o que se produz no Brasil. Consuma o alho roxo brasileiro.
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