Dar atenção para a questão da sustentabilidade tornou-se hoje premissa para o produtor rural que deseja ingressar no mercado internacional. Trata-se de uma qualidade, a sustentabilidade, que garante competitividade ao empresário do agronegócio. Essa sustentabilidade, no entanto, vai além da preocupação com uma produção que garanta também o equilíbrio ambiental. O fazer sustentável tem no meio ambiente um de seus pilares, mas está também para além deste. Autores como Schutel (2010) apontam que a sustentabilidade estará no aspecto ambiental, econômico, político, cultural, social e humano. Quando se fala em produção agrícola sustentável fala-se, portanto, em um viés econômico e ambiental que auxilie a também manter o equilíbrio das relações humanas, políticas, sociais, culturais e econômicas de uma localidade.
No momento em que se tem um ambiente de produção sustentável o produto ali realizado passa a ter mais valia. Por trás da sustentabilidade, estará sempre o giro econômico, o ser humano, o negócio, a empresa e o meio ambiente . O princípio da preservação assegurado constitucionalmente é o mesmo ao que vale para a preservação do meio ambiente: assegurar que a sociedade atual tenha condições de existência em equilíbrio, mas que também as futuras gerações o tenham.
Uma das ferramentas à disposição do empresário para auferir a sustentabilidade de sua produção está na aplicação de medidas de certificação e rastreabilidade, na observação da legislação pertinente às regras para o comércio exterior e também na adoção da ISO (International Organization for Standardization) – entre elas, por exemplo, a ISO 22000, que auxilia o controle da gestão da segurança de alimentos ligada à cadeia produtiva, e ISO 14001, que aborda sistemas de Gestão Ambiental. Qualificando a produção e ingressando no mercado internacional já estando preparado em relação às normas, pode-se ter maior valor agregado.
Esta busca por adequar a produção aos padrões internacionais faz parte do necessário e constante aperfeiçoamento que se faz sempre presente na rotina do empreendedor atuante em um mercado globalizado. A sustentabilidade pressupõe desenvolvimento, ela não é manutenção do atual modo de ser, traz em si a idéia de um crescimento organizado. Compreende também um ciclo de desenvolvimento. Desenvolvimento que só é possível com o preparo do empreendedor do agronegócio para o enfrentamento do mercado internacional.
Temos, no Brasil, todos os princípios necessários ao crescimento do agronegócio: extensões de terra, empreendedores para gerenciar estas terras, condições climáticas favoráveis, pesquisa em ciência e tecnologia voltadas para o agro e uma situação econômica próspera e favorável. Também as perspectivas oficiais apontam para o aumento da produção no futuro.
Documentos como o relatório “Projeções do Agronegócio 2010/2011 a 2020/2021”, divulgado, em junho de 2011, pela Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, expõe a diversidade de produtos que estão previstos como os mais dinâmicos do agronegócio nacional nos próximos anos: algodão, soja, carne bovina, carne de frango, açúcar, papel e celulose. As estimativas realizadas até 2020/2021 são de que a área total plantada com lavouras deve passar de 62 milhões de hectares, em 2011, para 68 milhões, em 2021.
O documento diz ainda que o crescimento da produção agrícola no Brasil deve continuar acontecendo com base na produtividade. Se temos o produto em abundância para dar suporte ao desenvolvimento futuro das exportações, talvez seja preciso ampliar a conscientização do empresário sobre a utilidade do investimento em ciência e tecnologia como garantia da sustentabilidade de suas técnicas produtivas e em adequação às certificações, rastreabilidade, normas e regulamentos nacionais e internacionais e fomentar sua competência competitiva como atitude empreendedora, permitindo a ele um diálogo direto com o mercado internacional.
SCHUTEL, S. Ontopsicologia e Formação de Pessoas na Gestão Sustentável do Centro Internacional de Arte e Cultura Humanista Recanto Maestro. Dissertação de mestrado, Programa de Pós-Graduação em Administração, Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria: 2010. Disponível em: http://migre.me/5Bjum
Artigo originalmente publicado em 31/08/2011
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