Nas últimas décadas, o melhoramento genético tem gerado sementes de alto valor agregado, com grande potencial produtivo e tecnologias que facilitam o manejo como BT e resistência ao herbicida glifosato. Este insumo biológico está sujeito a uma série de fatores que afetam a sua qualidade e microrganismos, como nematóides, bactérias, vírus e fungos estão entre os de maior preocupação.
A associação desses fatores pode gerar vários tipos de danos em sementes, como redução do poder germinativo e nível de vigor (perda de stand), plantas emergentes podem se tornar mais susceptíveis a estresses em geral, além de poder gerar uma consequência que afetará o sistema produtivo ao longo dos anos: o estabelecimento do patógeno na natureza através da transmissão pela semente e este, em condições favoráveis, estabelecer novas epidemias em plantas estabelecidas.
Essa introdução será um foco de inóculo e seu acúmulo pode exigir a prática re-semeadura.. Outra consequência é o aumento da necessidade de combate a doenças introduzidas nas áreas de plantio. No nível de produção de sementes, os principais efeitos são: formação de sementes anormais, redução no peso de sementes (produções menores) e, no caso de patógenos presentes nestas sementes quando comercializadas, a disseminação a longas distâncias, permitindo a perpetuação da doença em outras regiões.
Em relação ao beneficiamento, há a possibilidade de contaminação de máquinas durante o processamento. No caso de sementes armazenadas há a possibilidade da disseminação no tempo, perpetuando doenças entre gerações, situação na qual a sobrevivência do patógeno na semente pode durar vários anos, como no caso da Sclerotinia sclerotiorum, responsável pela doença conhecida como Mofo Branco, com relatos de sete anos de longevidade na semente.
Dentre os patógenos transmitidos por sementes, os fungos são o maior grupo, seguido de bactérias, vírus e nematóides.
O patógeno pode estar presente em mistura com a semente em alguma fração impura do lote, pode estar aderido à superfície da semente ou no interior da mesma, seja em camadas mais externas da semente ou até mesmo associadas ao embrião. As chances de transmissão são muito maiores quando a estrutura do patógeno se encontra localizada no interior da semente.
Para evitar ou combater este problema, algumas ferramentas podem ser adotadas. O uso de sementes de qualidade é fundamental. Sua produção tem início no manejo produtivo envolvendo a fase de campo, pós-colheita, armazenamento até a comercialização. Sementes certificadas são a garantia que estes processos foram realizados, o dá ao produtor a certeza de um lote de sementes de qualidade.
Outra tecnologia importante para garantir o potencial genético e proteger a semente no campo a fim de garantir plantas sadias na fase inicial de estabelecimento da lavoura é o tratamento dessa semente, com a incorporação de técnicas físicas, químicas e/ou biológicas. Dentre estas técnicas o tratamento químico está se tornando cada vez mais popular devido ao seu baixo custo em relação ao benefício atribuído. No caso da soja, por exemplo, na década de 90 apenas 5% da área era semeada com sementes tratadas. Atualmente 100% da área cultivada é semeada com sementes tratadas.
O tratamento químico de sementes, para o controle de doenças é feito através de produtos fitossanitários e os mais comumente utilizados são os fungicidas, que possuem ação tóxica sobre fungos, sendo que alguns podem possuir ação sobre bactérias. Algumas moléculas com efeito nematicida também estão disponíveis. Um cuidado a ser adotado é quanto ao uso apenas de produtos registrados, uma vez que foram regulamentados para este fim e atendem uma série de requisitos para o uso.
Outro cuidado é com a escolha do fungicida, que deve possuir a maior abrangência maior possível. A estratégia da escolha de um produto sistêmico combinado com um produto de contato é uma das estratégias mais eficazes. Convém ressaltar que o sucesso da lavoura depende de vários fatores e alguns deles não são controláveis. Mas, outros sim e a escolha correta de um dos insumos mais importantes - a semente - é o primeiro passo para uma safra rentável.
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