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Kamila Pitombeira
18/02/2013
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Podendo causar danos de até 80% na lavoura, as plantas daninhas exigem cuidados de prevenção que, muitas vezes, passam despercebidos pelos produtores. Um deles é o planejamento para todo o ciclo, evitando assim, a formação de plantas resistentes. Segundo Leandro Vargas, pesquisador da Embrapa Trigo, no sul do Brasil, uma das espécies que mais causa preocupação é o azevém, uma gramínea conhecida, pois muitos produtores usam como pastagem, que acaba se tornando uma planta daninha no trigo. Mas existe também a buva que, apesar de estar mais presente na cultura da soja, inicia sua germinação dentro da cultura do trigo, se tornando uma planta daninha do trigo também.
— Essas duas espécies causam danos relacionados à redução do rendimento, basicamente. A competição dessas espécies com a cultura do trigo acaba reduzindo a quantidade de grãos produzidos na área. Existem várias maneiras de controlar as plantas daninhas, não somente com o uso de herbicidas. O produtor pode usar, por exemplo, o método preventivo, ou seja, evitar áreas com altas infestações dessas plantas — afirma o pesquisador.
Além disso, de acordo com ele, deve-se prevenir a entrada de espécies na área deixando de usar adubos orgânicos que contenham sementes de espécies daninhas. Ele completa ainda dizendo que o controle químico deve ser a última ferramenta.
— Se mesmo assim ocorrerem plantas daninhas na área, o produtor deve lançar mão dos herbicidas, como último recurso. Nesse caso, ele deve consultar um engenheiro agrônomo que recomendará qual o melhor produto a ser utilizado para cada tipo de infestação — orienta.
Vargas explica que o manejo das plantas daninhas se inicia na época quando se retira a cultura antecessora e deve ser realizado de 20 a 30 dias antes de se começar a nova cultura. O produtor deve avaliar as espécies que existem na área e, se existir uma grande infestação, fazer uso de uma determinada técnica de manejo, como roçada ou herbicida, para controlar essas espécies.
— Além disso, deve-se introduzir uma cultura de cobertura, pois muitas áreas podem ficar um ou dois meses sem nenhum tipo de cobertura. Se, no momento da semeadura, o produtor não adotou nenhuma dessas práticas, o manejo que se recomenda é o uso do herbicida. O azevém, por exemplo, é uma gramínea, portanto, os herbicidas que recomendamos para controlá-lo são os graminicidas — informa.
Já se a planta daninha que está infestando a área for a buva, o produtor deve buscar um herbicida que controle essa planta daninha diferente do que controla o azevém, como diz o pesquisador. Ele afirma ainda que, em áreas onde existe o azevém e a buva resistentes, deve-se usar o herbicida próprio para cada um deles.
— Na maioria das vezes, podem existir outras espécies. Essas podem ser controladas pelo glifosato. Nesse caso então, são usados três herbicidas diferentes na mesma área para manejo pré-semeadura — completa.
Infestação
Segundo Vargas, o efeito das plantas daninhas sobre a cultura é bastante variável e depende das condições de clima, do tipo de solo, da fertilidade do solo e do número de plantas daninhas que existem na região. De forma geral, ele afirma que a infestação das plantas daninhas nessas áreas é bastante alta e pode causar dano superior a 80% do rendimento da cultura do trigo.
— Variando de uma infestação baixa até uma infestação alta, poderíamos dizer que uma área onde não se controla plantas daninhas poderia ter rendimento de 10% a 80%. Portanto, é importante que o produtor faça um controle pensando a longo prazo. Ele deve pensar nos produtos que está utilizando na cultura que está implantando e quais os produtos que vai utilizar na próxima cultura. Isso é importante para prevenir e combater as plantas daninhas resistentes a herbicidas. Portanto, o controle deve ser pensado para, pelo menos, um ciclo completo — explica.
Para mais informações, basta entrar em contato com a Embrapa Trigo através do número (54) 3316-5800.
Reportagem exclusiva originalmente publicada em 19/04/2012
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