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     27/11/2024            
 
 
    

Manhã do dia 10 de maio de 2011, dia em que estava prevista a votação das mudanças do código florestal, programa Bom dia Brasil, da Rede Globo. Miriam Leitão, com ar professoral, anuncia que os “produtores parecem ter escolhido o inimigo errado”, ao falar do tema do dia.

A jornalista tentava explicar que proteção ambiental não é inimiga da produção e nem do produtor. Está certa a jornalista, corretíssima a sua observação.

O que está errado é quem escolheu quem como inimigo. Não foi o produtor; muito pelo contrário, pois a produção rural vem praticando a sustentabilidade muito tempo antes de se falar no assunto como é falado hoje em dia.

Dizer que a “encrenca” parte do setor produtivo é um argumento falacioso, maldoso, deturpado, indigno.

ONGs, alguns partidos políticos, setores desinformados da sociedade e até mesmo religiosos elegeram o agro como o inimigo da proteção ambiental, um mal a ser combatido. Não dão tréguas e investem recursos enormes para ludibriar a opinião pública a acreditar numa verdade criada, fantasiosa e enganosa.

Uma navegada na internet possibilita a qualquer um, que esteja interessado, certificar-se do grau de acusações e do tanto que se tenta negativar a imagem daqueles profissionais que trabalham no campo.

A pecuária então sofre mais ainda. A ponto de um documentário, denominado “A Carne é Fraca” ter sido amplamente divulgado até pela mídia profissional.

O documentário é tão ruim, mal elaborado e tendencioso que seus produtores aumentaram em quase seis vezes o tamanho do rebanho bovino mundial. Mentira proposital ou ignorância absoluta? Sabe-se lá o que é pior.

A horda contra a pecuária é ainda engrossada por veganos ou vegetarianos que fazem de suas opções - legítimas e dignas de respeito - uma religião a ser difundida e até obrigada. Sim, alguns querem obrigar que outros adotem seus costumes, pois radicais já sugeriram a proibição do consumo de carne bovina em determinados dias da semana.

E quando suas opções posições radicais contra o consumo de carne são combatidas pelo setor, dizem-se vitimados por falta de respeito pelas suas opções. Ora, quem falta com o respeito pelas opções de quem?

Os argumentos usados para defender suas ideias são os mesmos; que a pecuária destrói o ambiente.

E não são apenas os grupos de interesses claros que defendem essa posição antagonizada entre ambiente e produção. Infelizmente grande parte da mídia, como a jornalista citada no texto, parece defender bandeiras e posições.

Interesse ou simples preguiça mental?

O fato é que nunca se pode esperar que boas soluções ou boas decisões sejam obtidas com base em informações ruins, deturpadas.

E os produtores nesse debate?

Setores envolvidos com o Agro queixam-se há anos de que a comunicação do meio rural com a sociedade é falha, insuficiente e precária. Com isso a imagem dos produtores acaba sendo aquela interpretada por grupos de interesse, preconceituosos ou preguiçosos mentais, leitores de orelhas de artigos.

Pergunta-se porque motivos o setor não se defende. E a resposta é simples. Não há defesa argumentativa pela simples razão de que os recursos todos, assim como o tempo, estão destinados ao trabalho, à execução do que a sociedade chama de sustentabilidade.

Em outras palavras, o produtor não se comunica porque está fazendo o que tantos outros apenas discursam. O Agro entendeu o que é sustentabilidade há muitos anos atrás, e vem colocando em prática, melhorando dia a dia.

Vamos relembrar alguns dados já publicados em  artigos recentes.

- A produtividade brasileira média por área cresceu 2,5 vezes nos últimos 40 anos, muito acima da média mundial. No caso do milho, especificamente, enquanto o mundo cresceu 17% em produtividade, o Brasil cresceu 73%, de acordo com o Departamento Norte-Americano de Agricultura (USDA). Fonte: <a href="http://www.bigma.com.br/artigos.asp?id=119"><font color="blue"><b> Em nome da produção brasileira </b></font></a>, texto de Lygia Pimentel.

- O plantio direto, em pouco menos de 35 anos, conquistou quase 32 milhões de hectares, e não para de crescer. Somando apenas os ganhos diretos, podemos concluir que o saldo do plantio direto, por hectare, é de 1.212,56kg de equivalente gás carbônico sequestrados por ano.

Extrapolando para toda a área de plantio direto, podemos estimar a economia na emissão de 37,9 milhões de toneladas de CO2. O montante é equivalente a 10,5% do total estimado de emissões de gás carbônico pelo Brasil. Fonte: <a href="http://www.bigma.com.br/artigos.asp?id=96"><font color="blue"><b> Plantio direto, exemplo de sustentabilidade </b></font></a>, texto de Maurício Palma Nogueira.

- O Brasil tem hoje um ativo ambiental muito grande comparado ao resto do mundo. Nossa matriz energética é 47,3% oriunda de fontes renováveis. O resto do mundo usa apenas 12,7% de energia de fontes renováveis. Fonte: <a href=" http://www.bigma.com.br/artigos.asp?id=92"><font color="blue"><b> A Carne brasileira e os desafios da sustentabilidade </b></font></a>, texto de Fernando Sampaio.

- A agricultura garante 28,5% dessa energia renovável e consome apenas 4,5% na matriz. Somos os campeões mundiais da agroenergia. Existe uma injustificável vitimização do País nesse tema na mídia, aqui e no exterior, inclusive em áreas governamentais. Fonte: <a href=" http://www.bigma.com.br/artigos.asp?id=68"><font color="blue"><b> Enganos e mentiras sobre as emissões de CO2 do Brasil </b></font></a>, texto de Evaristo de Miranda.

- Estudos recentes indicam que, no Brasil, onde temos pouco mais de uma cabeça por hectare, os bovinos emitem 60,5 kg de metano e 54 kg de CO2 por hectare/ano, ou 1,3 tonelada em equivalente CO2/hectare/ano. Por outro lado, há estimativas de que um hectare de pastagem sequestre 3,4 toneladas em equivalente CO2/hectare/ano. Portanto, é possível concluir que, no fim das contas, comparando as emissões de CO2 pelos bovinos e o que é retido pelas pastagens, o saldo é positivo. Fonte: <a href=" http://www.bigma.com.br/artigos.asp?id=41"><font color="blue"><b> A Carne não é fraca </b></font></a>, texto de Roberto Rodrigues.

- Tanto na pecuária como na agricultura, a ocupação da terra melhorou em proporções pouco acima de 1/10 durante o período. Ou seja, para cada unidade de área ocupada, a produção ou suporte aumentou 10 unidades. Fonte: <a href=" http://www.bigma.com.br/artigos.asp?id=75"><font color="blue"><b> A Sustentabilidade em pauta</b></font></a>, texto de Maurício Palma Nogueira.

- Da água usada na irrigação da pastagem, apenas próximo a 1% fica retida na estrutura da planta, enquanto os 99% restantes são transpirados e voltam para a atmosfera. Fonte: <a href=" http://www.bigma.com.br/artigos.asp?id=102"><font color="blue"><b> A intensificação animal a pasto x sustentabilidade</b></font></a>, texto de Adilson Aguiar.

 - A produção rural não gasta água; apenas usa. E no processo ainda filtra a água que foi utilizada devolvendo-a mais limpa ao ambiente. Fonte: <a href=" http://www.bigma.com.br/artigos.asp?id=39"><font color="blue"><b> O boi, a água e uma Oportunidade </b></font></a>, texto de Maurício Palma Nogueira.

- (com a produtividade da Índia) Assumindo o mesmo volume produzido atualmente no Brasil, as principais lavouras (grãos, frutas, vegetais, cana-de-açúcar e mandioca) ocupariam 108 milhões de hectares, em vez dos 61 milhões hoje ocupados. Na Índia, essas mesmas lavouras ocupam cerca de 120 milhões de hectares. Fonte: <a href=" http://www.bigma.com.br/noticias.asp?id=1996"><font color="blue"><b> O Agro em Brasíndia </b></font></a>, texto de André Meloni Nassar.

- O Brasil reduziu em 80% o desmatamento na Amazônia. Projetar a ideia de que a agricultura desmata o Brasil é uma falácia. O Brasil é o país com mais áreas protegidas do mundo: 2,4 milhões de quilômetros quadrados, 28% do seu território. Em segundo lugar vem a China, com 17% de seu território, e em terceiro lugar, a Rússia, com cerca de 8% do seu território. Precisamos de mais parques nacionais ou deveríamos cuidar melhor das áreas protegidas existentes? Fonte: <a href=" http://www.bigma.com.br/noticias.asp?id=2047"><font color="blue"><b> O Código Florestal na Hora do Voto </b></font></a>, texto de Rodrigo de Lara Mesquita.

- É essencial lembrar que o Brasil possui 63% de vegetação nativa que ainda não foi devidamente valorizada. Preservar por preservar não é sustentável, pois não contempla o viés social e econômico, inerente ao conceito de sustentabilidade. Fonte: <a href=" http://www.iconebrasil.org.br/pt/?actA=7&areaID=7&secaoID=23&artigoID=2234"><font color="blue"><b> Qual código florestal o Brasil quer? </b></font></a>, texto de Rodrigo C. A. Lima.

- Técnicos analisaram não apenas as emissões oriundas da atividade, mas calcularam também a absorção de carbono que ocorre no crescimento das pastagens. O "balanço" ambiental assim calculado indica que quase metade das emissões de GEE (106, ante 221 Mt CO2 eq/ano) se compensa pelo sequestro de carbono acumulado nas gramíneas. Fonte: <a href=" http://www.bigma.com.br/noticias.asp?id=2036"><font color="blue"><b> O arroto do boi </b></font></a>, texto de Xico Graziano.

- A taxa de lotação passou de 0,97 cabeça por hectare para 1,2 cabeça por hectare, um incremento de 23,7%. Portanto, a evolução da produtividade nos permitiu aumentar o rebanho e a produção de carne, utilizando menos área. A taxa de desfrute, que mede o volume de animais abatidos em relação ao rebanho total, saiu de 18,4% em 2000 para 20,1% em 2010, uma alta de 9,2%. Esse incremento é obtido com a redução da idade do abate dos animais. Fonte: <a href=" http://www.scotconsultoria.com.br/pecuariasustentavel.asp?idN=9299"><font color="blue"><b> Caminho da Sustentabilidade </b></font></a>, texto de Alcides Torres, Gustavo Aguiar e Douglas Oliveira.

- Para cada quilo de equivalente carbono emitido na forma de óxido nitroso, serão sequestrados 6,2 kg de carbono em matéria vegetal que será convertida em húmus. Fonte: <a href=" http://www.bigma.com.br/artigos.asp?id=20"><font color="blue"><b> Mais uma na conta da Agricultura</b></font></a>, texto de Maurício Palma Nogueira.

- A economia brasileira encontra-se em processo de digestão da mudança de preços relativos havida internacionalmente e internalizada via transações comerciais e financeiras. No caso dos alimentos, desde 2000 o aumento real em dólares foi de quase 50%; no Brasil, o ajuste real foi de apenas 17% ao atacado e de 15% ao consumidor. Fonte: <a href=" http://www.bigma.com.br/noticias.asp?id=2046"><font color="blue"><b> Commodities determinam como controlar núcleo da inflação</b></font></a>, texto de Geraldo Barros.

Vale lembrar que o conceito de sustentabilidade, amplamente relacionado ao debate em torno do código florestal, envolve três pilares que são os ambientais, sociais e econômicos.

O breve levantamento realizado neste artigo, baseado apenas na memória, pode ser amplamente estendido o que permite encontrar uma infinidade de números que comprovem os ganhos sociais e ambientais com o agro brasileiro ao longo dos anos. Basta procurar, sem preconceitos.

Esse é o nível da argumentação dos profissionais do agro: embasadas cientificamente, fundamentadas em dados. Muitas vezes os artigos são carregados de emoção, o que é normal; mas sempre comprometidos com a verdade, com o fundamento técnico e científico. 
 
Do outro lado temos a comunicação falaciosa e sensacionalista como a propaganda veiculada pelo Greenpeace na página A11 do jornal o Estado de São Paulo do dia 10/05/2011.

Os dizeres do Greenpeace? “ Dilma, desliga essa motosserra – A motosserra ronca alto no Congresso. Lá está para ser votado um projeto de lei que pretende enterrar 78 anos de proteção às florestas brasileiras e vai aumentar o desmatamento. A ciência já avisou: o Brasil pode ampliar a nossa produção de alimentos sem desmatar mais nenhum hectare. Presidente Dilma, desliga a motosserra do Congresso.”

Dados mentirosos num recado visivelmente contrário à base democrática. Mesmo que seja metafórico, o Greenpeace intima, claramente, que a presidente enquadre o Congresso.

Fossemos um país sério e a propaganda desta ONG seria punida por difundir mentiras e ludibriar o consumidor. O cidadão, quando se informa, é consumidor de quem divulga as informações.

Se uma indústria não pode mentir num rótulo, uma entidade que diz defender o meio ambiente não deveria mentir em suas informações. O conceito é o mesmo; o produto é diferente.

Por fim, não dá para deixar de fazer a pergunta: Quem escolheu os inimigos errados? Com base em que tipo de informações os congressistas brasileiros votariam as alterações do código florestal?

 

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