O aumento da demanda por alimentos, fibra e energia faz com que a agricultura assuma um papel cada vez mais importante no cenário mundial. A necessidade de produzir cada vez mais, e de forma sustentável, é um grande desafio para técnicos e produtores. O uso eficiente dos recursos naturais como terra e água e dos insumos, principalmente fertilizantes e defensivos, tornou-se objetivo essencial para a agricultura.
Existem três formas para aumentar a produção: aumento da área cultivada, aumento da produtividade e maior intensidade de cultivo. O Brasil é um dos poucos países que podem contribuir efetivamente para isso, já que possui a maior extensão de terras agriculturáveis no mundo, produtividades médias que podem ser melhoradas para a maioria das culturas e clima favorável, que permite que se faça mais de uma safra por ano. No entanto, em qualquer dos casos, existe a necessidade de se utilizar doses elevadas de corretivos e fertilizantes, já que a maior parte dos solos brasileiros, principalmente os da região do cerrado, apresentam baixa disponibilidade de nutrientes para as plantas, além de condições adversas como acidez e altos teores de alumínio.
Uma das grandes preocupações para o país é a sua alta dependência na importação de fertilizantes minerais, que passará dos 65 % atuais para 85 % em 2025, tornando o país extremamente vulnerável às oscilações de preço do mercado internacional. O aumento do preço dos fertilizantes poderá pesar bastante nos custos de produção, sendo, portanto, de fundamental importância que seja usado com a máxima eficiência. O seu uso de forma correta promove o aumento da produtividade das culturas e do lucro do agricultor, além da preservação dos ecossistemas, já que a necessidade de terras para produzir será menor. Porém, aplicações incorretas desses insumos podem afetar negativamente não só a produtividade, como também causar danos ao meio ambiente, prejudicando principalmente a qualidade do ar e da água.
Para se ter uma boa eficiência na aplicação de corretivos e fertilizantes, alguns fatores devem ser levados em conta, como as necessidades nutricionais da cultura, a marcha de absorção de nutrientes, fertilidade atual do solo, histórico da área e produtividade desejada, sendo que as necessidades nutricionais e a marcha de absorção de nutrientes são conhecidas para a maioria das culturas. Portanto, a determinação da fertilidade atual do solo é de fundamental importância, tendo influência na qualidade de todo o processo produtivo.
A principal ferramenta utilizada para avaliar a fertilidade do solo é a análise química de solo. Apesar de algumas limitações metodológicas, como problemas na representatividade da amostra, na padronização de extratores químicos empregados e dos valores críticos de nutrientes estabelecidos para o solo e folha, é o método mais rápido, preciso, seguro e de menor custo, servindo de base para o uso racional de corretivos e fertilizantes.
A aplicação de subdoses de fertilizantes faz com que a planta não atinja todo o seu potencial de produção, e a aplicação em excesso pode, além de elevar os custos de forma desnecessária, poluir o meio ambiente. Apesar disso, alguns agricultores ainda fazem a recomendação para a aplicação de fertilizantes e corretivos baseada em experiências de anos anteriores, sem levar em conta a fertilidade atual do solo. Vejamos alguns exemplos dos erros que ocorrem, frequentemente, com essa prática: um agricultor considera que sua propriedade apresenta um valor de fósforo médio, fazendo então uma aplicação de 50 kg/ha de P2O5. A análise de solo revelou na área 1 da propriedade, valor de fósforo baixo, na 2, médio e na 3, alto, requerendo doses de 70, 50 e 30 kg/ha de P2O5 respectivamente. Comparando as doses indicadas pela análise química do solo com a dose média utilizada pelo agricultor, sem o uso da análise de solo, teríamos na área 1 uma aplicação de fósforo em quantidade menor que a necessária, reduzindo o potencial de produtividade. Por outro lado, teríamos na área 3, a aplicação de uma dose de fósforo maior que o necessário, sendo que apenas a área 2 recebeu a quantidade correta. Portanto, com a simples transferência da quantidade extra de fósforo da área 3 para a área 1, o agricultor aumentaria a produtividade com a mesma quantidade de fertilizante.
Outro exemplo prático é no uso de corretivo de acidez. Um agricultor aplicou 4,0 t/ha de calcário na última correção do solo. Sem fazer uma nova análise de solo, ele reaplica a mesma dose, sendo que a quantidade correta, mostrada na análise de solo é 2,0 t/ha. Esse excesso de calcário, além de aumentar desnecessariamente os custos, pode causar a diminuição na disponibilidade de alguns nutrientes no solo, reduzindo a produtividade e aumentando ainda mais os prejuízos do agricultor.
Esses dois exemplos mostram como a análise química do solo, uma ferramenta simples e acessível a todos é importante em uma agricultura competitiva e sustentável: ela auxilia o agricultor, aumentando a produtividade e reduzindo os custos e protege o meio ambiente, ajudando a preservar os recursos naturais. Lembrem-se: o cuidado dedicado a terra reverte-se em produtividade. Façam análise de solo!
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