Kamila Pitombeira 29/04/2011

Considerado o patinho feio da triticultura, o trigo sequeiro produz menos que o trigo irrigado. Por outro lado, pode ser capaz de suprir a importação de, aproximadamente, 5 milhões de toneladas do cereal no país. É o que afirma Walter Quadros, pesquisador da Embrapa Cerrados. Ele diz ainda que o trigo sequeiro, apesar de produzir pouco, conta com uma área de plantio disponível bem maior, de aproximadamente 3 milhões de hectares.

— Inicialmente, o Brasil é um grande produtor de trigo. Dos 10 milhões de toneladas que consumimos, 5 milhões têm que ser importados. O trigo do Cerrado poderia suprir esses 5 milhões sem a necessidade de importação — explica o pesquisador.

Segundo ele, existem duas épocas de plantio de trigo no Cerrado. A primeira seria o inverno, quando se planta o trigo irrigado, de produtividade bastante alta que gira em torno de sete toneladas por hectare. Por outro lado, ele deve ser plantado em uma área muito pequena, já que necessita de irrigação.

— A outra opção seria  o trigo sequeiro, produzido em safrinha e plantado de janeiro a final de fevereiro. Esse trigo produz três vezes menos que o trigo irrigado, alcançando em torno de 2 toneladas por hectare. Mas estamos falando de uma área total de 2 ou 3 milhões de hectares. Enquanto que no trigo irrigado estamos falando em milhares de hectares, no trigo sequeiro estamos falando em milhões de hectares. Isso faz muita diferença, apesar da menor produtividade — garante Walter.

Pelo fato da menor produtividade, o produtor do trigo sequeiro costuma evitar gastar muito para produzir e, segundo Quadros, o principal problema desse trigo é a doença chamada brusone. Nesse caso, existem fungicidas que podem prevenir o aparecimento desse fungo e esse investimento deve ser feito.

— Existem também outras manchas foliares, mas o controle é mais fácil e elas diminuem menos a produtividade. Portanto, com relação às doenças, deve-se prestar bastante atenção à brusone e fazer aplicações fúngicas no início do espigamento. Já na questão de pragas, existem algumas lagartas que preferem áreas mais secas, portanto, atacam mais o trigo sequeiro. Nesses casos, o controle também deve ser feito — orienta.

Em relação ao manejo, Walter afirma que o produtor não pode plantar muito tarde. Ele diz que, se o agricultor plantar depois de fevereiro, entrando no mês de março, pode faltar água durante o enchimento de grãos, já que no Cerrado, a partir de abril e maio, as chuvas começam a ficar escassas e, a partir do final de maio, praticamente não há mais chuvas.

Para mais informações sobre o trigo sequeiro, basta entrar em contato com a Embrapa Cerrados através do número (61) 3388-9945.