É visível o aumento no consumo de peixe pela população brasileira. Isto é constatado pelo fato do produto ser encontrado com mais abundância e qualidade nos mercados (existem até mercados que destinam seções para “frutos do mar”). Além disto a carne de organismos aquáticos é de alta qualidade e o preço cada vez mais acessível. Contudo, a quantidade de peixes no oceano encontra-se em direção oposta ao do consumo. Isso se deve a sobrexplotação dos recursos pesqueiros marinhos, que torna cada vez mais escasso o estoque de pescado natural.
Assim, surge a piscicultura marinha, que nada mais é que o cultivo de peixes de água salgada, que visa atender a demanda comercial, além de amenizar a exploração de recursos dos estoques naturais. A piscicultura marinha ou a maricultura é uma atividade bastante recente, mas apresenta grande perspectiva de crescimento no Brasil, tendo em vista que já existem no país todos os processos de uma produção animal efetiva, tal como reprodução, desova, larvicultura e engorda. Há registros que esse tipo de atividade deu-se início na Indonésia no ano de 1400, porém só ficou popularmente conhecida a partir de 1960 devido aos avanços da produção no Japão.
Em países mais desenvolvidos é muito comum o cultivo de peixes de água salgada no próprio oceano (produção offshore) onde são utilizadas gaiolas imersas nas águas oceânicas, contendo peixes (ou outros organismos marinhos) para engorda, como a garoupa-verdadeira (Epinephelus marginatus). Porém essa técnica exige que o produtor tenha um poder aquisitivo bastante acentuado para os investimentos, o que torna esta atividade inviável ao produtor de pequeno porte. Contudo, pesquisas estão sendo realizadas para adaptações em viveiros escavados, para tornar possível o cultivo de espécies marinhas neste sistema (produção inshore).
Diversas espécies de peixes de água salgada já estão sendo cultivadas no Brasil, tal como as garoupas (Epinephelus spp.), os robalos (Centropomus spp.) e os vermelhos (Lutjanus spp.). Atualmente surgiu no país uma nova espécie que já é bastante cultivada em tanques redes em Taiwan, China e Vietnan, que é o beijupirá (Rachycentron canadum), e está sendo adaptado a cultivos em viveiros escavados no Brasil. O beijupirá ou cobia, que no nordeste é conhecido como cação-de-escamas, é um peixe teleósteo da ordem Perciformes e a única espécie da família Rachycentridae. Esta espécie tem uma carne saborosa, além de se adaptar facilmente aos métodos de cultivo, apresentando rápido crescimento, facilidade para desovar em cativeiro, disponibilidade de tecnologia de produção de alevinos e aceitar rações sendo, desta forma, uma nova promessa para a piscicultura brasileira.
Muitos estudos estão sendo feito para a o melhoramento dessa atividade no Brasil, onde a união de novas espécies com o novo método de cultivo vai resultar em maior abundância de proteína de boa qualidade nos mercados, além de favorecer a renovação dos recursos pesqueiros nos oceanos.
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