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Em dezembro do ano passado a ONG Friends of the Earth Europe publicou um “estudo” chamado “Da floresta para o garfo: como a pecuária, a soja e o açúcar estão destruindo as florestas do Brasil e afetando o clima”.

O documento teve apoio financeiro da Comissão Européia, embora no prefácio esteja explicitado que não reflete a opinião do financiador. Ainda bem, porque destaca que a expansão da agropecuária no Brasil coloca em xeque o futuro da floresta amazônica e chama a atenção para o fato de que, sendo a Europa o maior mercado do agronegócio brasileiro, ela é, em parte, responsável por esse problema.

O “estudo” é um conjunto de críticas ao agronegócio nacional, onde o Brasil é caracterizado como o 4º maior emissor de CO2 do mundo, e 75% desta emissão viriam da agropecuária e das mudanças de uso do solo. Diz que a expansão da pecuária, da soja e da cana – causariam impactos negativos de caráter social, com a exclusão dos pequenos e médios produtores familiares, o que colocaria em risco a produção de alimentos, aumentaria o desemprego e os preços da terra, encarecendo a implementação necessária da reforma agrária.

E arremata propondo:

- que a União Européia adote medidas urgentes para reduzir a importação de ração animal e carnes do Brasil, incluindo a reforma da política agrícola do bloco (mais protecionismo!!!).

- apoiar o direito de propriedade dos pequenos produtores e dos povos indígenas no Brasil.

- fortalecer as leis ambientais no nosso país.

- rejeitar o comércio de crédito de carbono das florestas, incluindo a regra de REDD (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação).

Como o “trabalho”, foi financiado e publicado com apoio de Comissão Européia, ganha credibilidade.

E, ao apontar para os “perigos” da expansão da soja, da cana e da pecuária no nosso país, a ONG claramente manifesta a necessidade de brecar isso. Ou seja, afastar o eficiente competidor do mercado. Um dado “assustador”: em 2020, a área da soja no Brasil poderá ser do tamanho da Nova Zelândia, ou 26,85 milhões de hectares. Apenas não informa que o Brasil tem 851 milhões de hectares, e isto seria apenas 3,5% do nosso território.

O estudo explora o desconhecimento da geografia. E ignora que o Plantio Direto, praticado entre nós desde a década de 70, melhora as características físico-químicas e biológicas da terra, reduz a incidência de erosão, e economiza óleo diesel, reduzindo as emissões de CO2, ocupando 26 milhões de hectares no Brasil! Ignora ainda os expressivos aumentos na produtividade da soja por hectare, reduzindo a demanda por novas áreas; desconhece a inoculação com Rhizobium que elimina a adubação nitrogenada nesta cultura; faz de conta que não sabe nada sobre a moratória da soja, através da qual os processadores desta oleaginosa não compram o produto oriundo de desmatamento desde 2006; e ignora os programas de governo chamados de ABC – Agricultura de Baixo Carbono, crescentemente exitosos...

Quanto à cana, há erros, como afirmar que os canaviais são fonte de emissão de CO2, esquecendo que a cana absorve CO2 em seu desenvolvimento, e que a partir de 2014 não haverá mais a queima desta gramínea para colheita: será feita com cana crua, mecanicamente. Não cita que as emissões de CO2 do etanol, considerando todo o ciclo da cana, são apenas 11% das emissões da gasolina; desconhece o zoneamento feito pela EMBRAPA o que exclui o Pantanal e a Floresta Amazônica da expansão da cana.

E, sobre a carne, é flagrante o medo da nossa explosiva competitividade, apesar de todos os problemas reais que temos como sanidade e pastagens degradadas.

Enfim, trata-se de mais uma agressão ao nosso agronegócio, metendo-se inclusive em questões políticas internas, sem a menor elegância.

É uma pena que gente inteligente e bem intencionada seja enganada por “trabalhos” desta natureza, tão parciais e comercialmente comprometidos.

 

 

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Luís Antônio
30/04/2011 - 13:29
Realmente como pode um estudo deste ser publicado em outros paÝses, degradando o trabalho o agroneg¾cio Brasileiro! + preciso que alguma coisa seja feita para estes mesmos orgÒos mstrando a verdade. Comunidade europÚia jß acabou com toda as resevas florestais, ainda mais querem agora dar as cartas no Brasil. Nosso Brasil!

Geovano Parcianello
01/05/2011 - 00:29
Penso que quando uma ONG publica um estudo sobre qualquer tema, primeiro ela deveria levar em consideraþÒo se o paÝs dela ou seus parceiros financiadores estÒo fazendo o dever de casa, para depois vir falar de nosso Brasil.

Fernando - Amigos da Terra BraSiL
06/05/2011 - 00:10
Realmete acreditamos que o que Ú bom para o agronegocio nÒo Ú bom para o Brasil, o plantio direto como tecnica sim pode ser positivo agora os locais de plantio, vimos a cana empurrar a soja para areas que s¾ Ú possivel com plantio direto, mas nÒo pela ecologia do manejo mas sim na expansÒo do deserto verde mecanizado e petroquimico que hoje planta em afloramento rochoso e nÒo respeita APP nem nascente muito menos a saude das populaþ§es que moram proximas destes latifundios antes nacionais hoje internacionais e com os antigos proprietarios integralizados e dependentes de insumos internacionais que fazem o brasil o maior consumidor de agrotoxicos do MUNDO enfim... seguimos a batalha e bom saber que o trabalho que tivemos teve efeito e abalou esta resposta fazendo "capo" do setor e do etanol responder. E este estudo nÒo foi somente feito pela FederaþÒo Internacional Amigos da Terra Internacional mas pela UniÒo Europeia, um dos maiores consumidores do agronegocio, se cuidem as denuncias estÒo chegando la...

Kleber Santos - Engenheiro Agrônomo
07/05/2011 - 15:34
De acordo com o articulista, o estudo em questÒo peca pela parcialidade ao nÒo revelar os reconhecidos avanþos agroambientais do agroneg¾cio brasileiro, nos diferentes segmentos produtivos. Serß que falta mais divulgaþÒo de nossos interlocutores internacionais? (AlÚm dos interesses divegrgentes no mercado agrÝcola...)

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